Dia: 8 de Agosto, 2015

Uma história (muito) mal contada [V]

 

Derrotar o AO90 a todo o custo mas não a qualquer preço

Foi sob este lema, ainda em finais de 2008, que “nasceu” a (ideia de uma) ILC. Significando, evidentemente, que mesmo na Causa mais justa, como era e como será sempre a nossa, não vale tudo. Não vale vender a alma ao diabo, não vale trocar o essencial pelo acessório, não vale condescender nos princípios, não vale ceder um milímetro no fundamental, não vale tolerar traições, infiltrações ou vendilhões.

Houve antes do lançamento alguns contactos, houve conversas, houve sondagens (no sentido não petrolífero do termo) e houve até um “site” — o primeiro exclusivamente dedicado ao tema – que pretendia, ingenuamente mas com toda a boa vontade, congregar vontades, reunir esforços, criar em suma uma “frente comum” na luta contra o AO90: tinha inúmeros conteúdos documentais, tinha ferramentas diversas, tinha até um “fórum de discussão”. Tudo aquilo foi disponibilizado em tempo “record”, a partir de Setembro de 2008, e manteve-se activo — sem grande sucesso, aliás, porque estava “amarrado” à Petição/Manifesto e ao seu “número 2” — até ao lançamento “oficial” da (ideia da) ILC-AO, em Novembro de 2009; o que apenas sucedeu, evidentemente, depois de a dita petição estar, como era previsível e foi expressamente previsto, arquivada, arrumada, posta a um canto sem ter produzido o mais ínfimo resultado concreto.

Quando inicialmente lancei a “hipótese ILC” no Twitter (só um ano mais tarde o projecto foi lançado “oficialmente”, via Facebook), a primeira adesão, entusiástica e sem qualquer reserva, foi de uma espanhola: Rocío Ramos, de Zamora, Leão, Espanha. De imediato secundada, esta primeira activista espanhola, por uma brasileira: Manuela Carneiro, da cidade de Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil. Esta brasileira é, por sinal, portuguesa, de Braga, tem aliás dupla nacionalidade, e aquela “nossa” espanhola é, não por mero acaso, a mais portuguesa de todas as espanholas — adora Portugal, estuda Português, pela-se por tudo o que esteja a jusante do seu Douro natal.

Uns meses depois de ter atirado o barro à parede no Twitter (ainda em 2008), não apenas publiquei um “post” no Facebook sobre o assunto como, a bem dizer “à experiência”, criei ali uma página, usando a aplicação  Causes*, que na altura era bem diferente e incomparavelmente melhor do que a porcaria que é hoje em dia*. Publicada essa página, enviei convites aos meus contactos — sempre convencidíssimo de que ninguém iria ligar nenhuma àquilo. Pois bem, grande surpresa, dois minutos depois de ter enviado os convites recebo a primeira adesão: Paulo Pinto Mascarenhas, jornalista. Lembro-me perfeitamente de lhe ter escrito logo a seguir, agradecendo mas também manifestando a minha estupefacção (as adesões sucediam-se enquanto escrevia ao dito jornalista, a “campainha” virtual não parava de apitar) pelo facto de afinal, contra todas as expectativas, a receptividade à ideia estar a ser entusiástica!

Em 10 de Março de 2009 já havia 1.200 apoiantes daquela página em Facebook Causes*, que tinha um título bastante simples mas sugestivo: “Não Queremos o Acordo Ortográfico“. E a tendência era nitidamente de crescimento rápido e exponencial, tendo chegado a atingir, durante dias a fio, uma média de adesões superior a 150. De tal forma que um ano depois já tinha ultrapassado o (surpreendente) total de 47.000 “membros”.

Extraordinário, não é?

Não, não é.

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