Dia: 11 de Outubro, 2015

Uma história (muito) mal contada [XX]

No passado dia 7 de Dezembro uma delegação representativa do grupo de cidadãos que promovem a ILC contra o AO90 foi recebida por dois deputados do Grupo Parlamentar do PCP na Assembleia da República, na sequência de encontros marcados com os diferentes grupos políticos com o fim de os informar a respeito da nossa luta e procurar apoios entre eles.

Esta reunião em particular alongou-se por várias horas e houve evidente interesse no assunto por parte dos deputados João Oliveira e Miguel Tiago.

Rocío Ramos

A ILC visita o Parlamento – ILC contra o Acordo Ortográfico

As causas da Causa

A maior parte do nosso trabalho sempre foi feito “pela calada”, em sentido literal, especialmente quanto a  contactos e reuniões de carácter estritamente político-partidário. Nada de “fazer ondas”! Trabalhámos, trabalhamos, trabalhemos sem qualquer alarido desnecessário, tão discretamente quanto possível, pois a essa espécie de “low profile” obrigam as regras implícitas do jogo político.

Chegados a Dezembro de 2012, já muita coisa se tinha passado neste âmbito: além das reuniões com dois deputados do PSD, tínhamos sido recebidos em audiência na CECC1, no dia 12 de Julho de 2012. E prosseguiu o seu curso, é claro, o nosso programa de audiências com deputados de várias áreas partidárias, a fim de os sensibilizar para a nossa iniciativa cívica em particular e para a oposição ao “acordo ortográfico” em geral. Muitos pedidos de reunião nos foram recusados, até então, e outros tantos viriam a ser  pura e simplesmente ignorados depois disso, é verdade, mas pelo menos duas das “bancadas” parlamentares conseguimos nós “furar”. Mas não somente. Até ao final daquele ano de 2012, para citar apenas alguns exemplos mais significativos, tivemos reuniões no jornal “Público” e na AEIST1, houve as palestras na FRAH1, em Espanha, e na Feira do Livro de Coimbra.

Portanto, estivemos lá, divulgámos a Causa, despertámos consciências, mobilizámos pessoas para a luta, promovemos a resistência activa e, sobretudo, conseguimos manter viva a polémica junto da opinião pública, com alguma repercussão nos órgãos de comunicação social. Em suma, até porque a “questão ortográfica” estava antes da ILC mais do que morta e enterrada, conseguimos liquidar a “política do facto consumado”.

Não se tratou de uma liquidação sumária, porém. Pelo contrário. Foi um longo e extremamente paciente trabalho de “minagem” da consumação, uma permanente e sistemática desmontagem do “facto”, em resultado de uma abordagem política de coerente e firme subversão do statu quo “desortográfico”. Quer dizer: tendo por objectivo último a revogação da entrada em vigor do AO90, o primeiro objectivo teria necessariamente de ser… não deixar a Causa morrer. “Só” isto.

A ILC-AO sempre foi muito mais do que uma simples iniciativa legislativa de cidadãos. A finalidade inicial tinha sido que alguma entidade de implantação nacional assumisse, patrocinasse e encabeçasse a ILC; como isso não sucedeu, pois então avançámos nós mesmos com a iniciativa,  mas sempre tendo presente que poucas ou nenhumas hipóteses teríamos, enquanto  simples “grupo de cidadãos”, se não conseguíssemos um número esmagador de subscrições. Portanto, teríamos de, usando a ILC como arma de arremesso (ou como  espada de Damocles  sobre a cabeça da Hydra acordista), procurar outras soluções com acrescidas hipóteses de sucesso.

Na verdade, o “problema” já tinha antes estado aparentemente “resolvido”, e até por mais do que uma vez, mas foi de facto naquele (belo) dia 7 de Dezembro de 2012 que a “questão ortográfica” alcançou finalmente um patamar sólido e exequível para a tão desejada solução: uma “bancada” parlamentar iria propor a constituição de um Grupo de Trabalho sobre o AO90.

Como já tinha sucedido com a palestra em Zamora, que é a sua cidade natal, também a ideia deste encontro com os deputados do PCP foi de Rocío Ramos, que é militante da espanhola Izquierda Unida. Nada de mais natural, portanto, que, sendo ela comunista e, ao mesmo tempo, sendo também a mais veterana activista da ILC-AO, tivesse sugerido a ideia e feito questão de estar presente nesse encontro no Parlamento português. RV1 estabeleceu os primeiros contactos com os deputados e HC1 preparou um “dossier” com documentação.

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