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Doublethink & Double Standard, Inc.

A double standard arises when two or more people, groups, organizations, circumstances, or events are treated differently even though they should be treated the same way. [Wikipedia]

Acervo. É o que se vai acumulando aqui no Apartado 53. Nunca a trouxe-mouxe, porém.

Desta vez são quatro os conteúdos, numa sequência que absolutamente nada tem de casual:

  1. A nova alteração da lei da nacionalidade, com a habitual manobra de despistagem (os descendentes de judeus sefarditas), vem tornar legal toda a sorte de contorcionismos pretensamente jurídicos já em curso, na prática, tendo por finalidade objectiva conceder a cidadania portuguesa — logo, europeia — a “migrantes” brasileiros.
  2. O novo modelo para reagrupamento familiar, também à mistura com a não menos habitual manobra de diversão (os “indostânicos” e outras uma minorias irrisórias), tornando ainda mais expedito e fácil (online) todo o processo de importação em massa de familiares dos referidos “migrantes” brasileiros.
  3. Uma estranhíssima excepção à regra. Por entre a catadupa de “medidas” e expedientes para “facilitar” a ponte aérea, a importação em massa, aparece o caso absolutamente único e sem precedentes de um cidadão italiano que reside em Portugal há mais de 40 anos e a quem é negado cartão de cidadão nacional: apesar de por cá ter casado e mesmo tendo tido uma filha portuguesa, ainda assim as “autoridades” tugas recusam conceder-lhe a nacionalidade portuguesa.
  4. Um português, estabelecido na Inglaterra há mais de 20 anos (portanto, emigrou para lá quando o Reino Unido ainda fazia parte da União Europeia), está agora sob a ameaça de deportação liminar (sem direito a defesa) pelas autoridades britânicas. Perfeitamente integrado — paga impostos, constituiu família, tem emprego regular –, ainda assim, sob o pretexto de ter-se atrasado para uma entrevista, ao que parece a este nosso compatriota nada mais restará do que ser chutado para Portugal. Sem mais.

Portugal, o 28.º Estado brasileiro, servindo como “porta dos fundos” para a Europa, acolhe vagas sucessivas de “excedentários” e fugitivos (da violência, da pobreza) provindos do Brasil. Com um ou outro caso pontual de recusa, no entanto, conservando sempre o absurdo do contraste entre a regra e a excepção.

E tudo isto em absoluta contra-corrente daquilo que se vai passando nos demais países europeus.

Nova alteração da lei de nacionalidade portuguesa e suas implicações

“Consultor Jurídico”, 3 de Março de 2024

No último 24 de Fevereiro, três dias depois de receber a decisão favorável do Tribunal Constitucional, o presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, comunicou no site oficial da Presidência [1] a promulgação do diploma da Assembleia da República, que procede à 10ª alteração à Lei nº 37/81, de 3 de Outubro, que aprova a Lei da Nacionalidade.

Essa alteração vem fazer modificações substanciais para o pedido de nacionalidade. Além de novas normas procedimentais adoptadas, há três alterações que merecem destaque.

Inicialmente, houve uma alteração substancial quanto ao pedido de nacionalidade feito por descendentes de judeus sefarditas portugueses.

Anteriormente, bastava demonstrar a tradição de pertença a uma comunidade sefardita de origem portuguesa com requisitos objectivos. Agora, com a alteração, é necessária a residência legal em território português do requerente pelo período de ao menos três anos, seguidos ou interpolados. [2]

Além disso, a alteração incluiu uma nova norma no que concerne a certificação da demonstração de tradição de pertença a uma comunidade sefardita de origem portuguesa, sendo esta agora sujeita a homologação final por uma comissão de avaliação nomeada pelo membro do governo responsável pela área da justiça. Antes da alteração, essa homologação não era um requisito para o pedido.

A segunda alteração que merece ser elencada diz respeito aos efeitos do estabelecimento da filiação. Anteriormente, só a filiação estabelecida durante a menoridade produzia efeitos relativamente à nacionalidade.

Com a alteração do artigo 14º da Lei de Nacionalidade, a filiação estabelecida durante a menoridade passou a ser a regra, mas com excepções para reconhecimento da filiação na maioridade.

A nacionalidade originária agora pode ser atribuída quando a nacionalidade é reconhecida na maioridade, desde que esse estabelecimento da filiação ocorra em processo judicial ou quando seja objecto de reconhecimento em acção judicial, sendo necessário o trânsito em julgado da sentença, bem como o pedido de atribuição de nacionalidade em casos dessa natureza seja feito nos três anos seguintes ao trânsito em julgado da decisão, sendo, portanto, um limite temporal também estabelecido por essa nova alteração.

A terceira alteração que merece ainda mais destaque diz respeito ao método de contagem do tempo de residência legal para aquisição de nacionalidade por naturalização. Como já era bem visto no artigo 6º, nº 1, alínea b), da Lei da Nacionalidade, é necessário que o estrangeiro resida legalmente em Portugal há pelo menos cinco anos.

O período de cinco anos de residência legal permanece o mesmo
Entretanto, a alteração foi feita de maneira a beneficiar os estrangeiros que ingressaram em Portugal nos últimos cinco ou seis anos e se depararam com a morosidade do antigo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), que, em decorrência de sua reestruturação (agora como novo órgão, a Aima) e o aumento de pedidos para residência legal em Portugal pelo procedimento da manifestação de interesse, muitas dessas manifestações duravam de um a dois anos para serem apreciadas e eventualmente deferidas.

Esse tempo, entretanto, não era contabilizado para efeitos de nacionalidade. Agora, com essa alteração do método de contagem do tempo de residência legal, esse período “desde o momento em que foi requerida a autorização de residência temporária”, ou seja, por meio da manifestação de interesse, passa a ser contabilizado para o requisito de residência legal em Portugal há pelo menos cinco anos.

A alteração foi submetida à publicação e entra em vigor no primeiro dia do mês seguinte em que for publicada.

[1] https://www.presidencia.pt/atualidade/toda-a-atualidade/2024/02/presidente-da-republica-promulga-dois-decretos-da-assembleia-da-republica-198070/

[2] Os pedidos para aquisição nacionalidade por descendência de judeus sefarditas portugueses feitos de 1º de Setembro de 2023 até a entrada em vigor da lei possuem um regime específico ora previsto no artigo 6º da alteração em questão.

[Transcrição integral. Destaques e “links” (a verde) meus.
Cacografia brasileira corrigida automaticamente.]

Novo modelo para reagrupamento familiar de imigrantes estreia-se com 500 atendimentos (sobretudo da comunidade brasileira)

CNN-P, BrasiLusa, 2024-02-10

A comunidade brasileira é a que mais procura este serviço, tendo sido remetidos online cerca de 2.000 pedidos

Cerca de 500 pessoas estão a ser atendidas este sábado, em todo o país, no âmbito de um novo modelo de reagrupamento familiar para imigrantes que está a ser testado pela Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA).

As inscrições para tratar de questões burocráticas relacionadas com a documentação do agregado familiar são feitas online, através de um portal de serviços, mas há também equipas em todo o país a prestar apoio às famílias e identificar que crianças que possam não estar inseridas em ambiente escolar, explicou aos jornalistas o presidente da AIMA, Luís Goes.

A maior procura surgiu da comunidade brasileira. “São pessoas que estão em Portugal com autorização de residência e que têm filhos menores”, afirmou o responsável, indicando que foram remetidos online cerca de 2.000 pedidos.

Mesmo que o pretexto seja a criança, a AIMA está a tratar processos em bloco, admitindo também pedidos para tratar de processos que envolvam outros elementos da família, como avós que estejam a cargo, acrescentou.

“Estamos a testar o modelo, os pedidos entram online, são pagos e, quando está tudo bem, são chamados e o atendimento é mais rápido”, indicou.

Este sábado, realizam-se os primeiros atendimentos presenciais de pessoas que recorreram ao portal.

Joana e Adriano vieram do Brasil para Setúbal para trabalharem na indústria alimentar e na restauração há mais de um ano. Tiveram de pagar a alguém para ligar para os serviços para poderem tratar dos processos dos filhos mais velhos. Hoje usaram o atendimento agendado através do portal para incluir o filho mais novo, com oito anos.

“Foi complicado, porque não atendiam o telefone. Só conseguimos vaga em Bragança, era o único lugar onde havia vaga e tivemos de viajar para lá. Agora com o portal foi muito rápido ”, contou Joana à agência Lusa.

A ministra Adjunta, Ana Catarina Mendes, que hoje visitou o serviço classificou como “horripilante” o procedimento burocrático a que os imigrantes estavam sujeitos.

“Ao fim de cem dias da AIMA, há hoje novos procedimentos de acolhimento destas pessoas que aqui chegam”, disse aos jornalistas, sublinhando: “Hoje temos um mundo cada vez mais global (…) a burocracia era um processo absolutamente horripilante para as pessoas que aqui chegavam e que ficavam anos sem conseguirem tratar dos seus processos”.
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Becharadas

“Click” na imagem

Muito pouco ou nada há a dizer sobre isto, mais esta fantochada: Evanildo Bechara, o pai do #AO90 (Malaca Casteleiro foi a mãe que o pariu), recebe aos noventa e tal anos a única prebenda (ou mordomia, ou sinecura, ou o raio) que ainda lhe faltava.

Este neo-imperialista destrambelhado, apesar da sua provecta mas nada respeitável idade, parece fazer absoluta questão de continuar a exibir com extraordinária cagança o destroço patético a que ele e outros dementes como ele chamam “língua universau.

Bechara – Grande Prêmio Pen Clube 2023

Ricardo Cravo Albin

correiodamanha.com.br, 26.01.24

O ano literário no começo de janeiro se abriu com a consagradora homenagem ao maior estudioso de nossa língua portuguesa, o gramático Evanildo Bechara.

Na sede histórica (lotada) do Pen Clube Internacional do Brasil, Bechara, 95 anos, recebeu o Grande Prêmio Pen Clube de 2023, cerimônia a que se somaram por intensa correspondência as mais altas representações da vida do país.

O acadêmico sempre lotou plateias na Europa e no Brasil, mas vem se afastando gradativamente de suas funções, tanto como conferencista muito requisitado por vários países, quanto da presidência da Comissão de Lexicologia e Lexicografia da ABL que produz o vocabulário ortográfico e o dicionário da língua portuguesa. Agora mesmo, está chegando às livrarias o seu clássico “Lições de Português pela Análise Sintática”, lançado originalmente em 1954.

O filólogo mergulha fundo em um dos assuntos de minha preocupação e sabida Implicância, os estrangeirismos. “-mas Ricardo, eles não são um problema. Veja você, eu no Volp ajudo a decidir quais as novas palavras importadas ou não, que merecem um lugar no dicionário”. “-Língua, meu caro, é o uso. Ela só se concretiza no falar continuado das pessoas”, declarou Bechara com suavidade, mas firmeza. Em 2009, Bechara certamente viveu um grande momento, quando foi lançada a 5ª edição do Volp. E ele o fez em tempo recorde: em apenas três meses adaptou o Dicionário às normas do novo Acordo Ortográfico promulgado em setembro do ano anterior.

Bechara foi saudado no Salão Nobre do Pen Clube por Merval Pereira, que desde o começo deu integral apoio da ABL para o Grande Prêmio ser a ele outorgado. Seu colega, também filólogo da ABL Ricardo Cavaliere, foi escolhido para ser o orador oficial. Ainda presente à mesa de honra, a vencedora do Grande Prêmio anterior, Mary delPriore, que lhe entregou a famosa estatueta “Pena de Ouro”. Como Presidente da mesa, encerrei a sessão transmitindo à enorme plateia o que Bechara me confidenciara aos ouvidos: acabara de revisar e reeditar todos seus livros pela Nova Fronteira. O público aplaudiu de pé. O homenageado ainda permaneceu à mesa por uma hora, a distribuir dezenas de autógrafos: 95 anos de idade que sequer aparentavam 45. Grande e querido Mestre Bechara!

Obs.1 – Livros

Pesquisa indica que brasileiros diminuíram em quase 0,80% a aquisição de livros. Ora, para um país que tradicionalmente lê pouco em relação aos outros países mais desenvolvidos do mundo, isso assusta e constrange. Não de hoje…

[Transcrição parcial. Destaques e “links” meus. “Poste” produzido em “espertofone”. A transcrição não foi corrigida automaticamente porque o original foi publicado no Brasil e, portanto, em língua brasileira.]

Bechariar, verbo transitivo

“Fotografia” da entrada sobre Bechara na Wikipedia (a original, em Inglês, que a “Wikipédjia lusôfuna” não interessa a ninguém).

O Brasil acaba de rever o “vocabulário ortográfico” da “língua”; segundo afiançam os próprios, a começar pelo sumo pontífice da santa madre igreja da língua universáu, D. Bechara I, esta nova edição do seu VOLP “reflete” a “atualização”… da Língua Portuguesa. Assim, de chofre. Como um escarro.
Ou seja, em jeito de conclusão (dos tipos que adoram acertar com um trapo encharcado na cara dos portugueses), esta é a nova “terminologia” do “português” que o Brasil autoriza. Daí a “exigência”, como condição sine qua non, que os oito Estados da CPLB (Comunidade de Estados de Língua Brasileira) publiquem o seu próprio Vocabulário Ortográfico da Língua Brasileira (VOLB). Sem problemas de dinheiro ou outras minudências, claro: Bechara Y sus muchachos, os “cara” da ABL, terão imenso gosto em enviar como de costume as facturas para Lisboa. O Brasil manda, Portugal paga.
[
Nova edição do “Vocabulário Ortográfico” da língua brasileira]

«Isso é choro de quem já perdeu a oportunidade de defender uma ortografia e, principalmente, é coisa injusta para as gerações futuras e para os jovens portugueses que vão começar a escrever com uma consoante que eles não ouvem, mas que tem que ser escrita por uma deliberação desastrosa.»
Como qualificar uma coisa destas? Pode um fulaninho como Evanildo Bechara insultar assim todos os portugueses — e são a maioria — que se opõem ao “acordo ortográfico” de 1990? Com que direito se refere à ortografia portuguesa como sendo uma “decisão desastrosa” que resultou de um simples “artifício ortográfico”?
Portugueses contra o AO90? «Isso é choro de quem já perdeu»]

A afirmação do Supremo Tribunal Federal brasileiro é lapidar e mais uma vez se confirma: «apenas a União pode alterar as regras da Língua Portuguesa». Referindo-se “União”, como é evidente, à designação que institucionalmente naquele país se utiliza para referir a República Federativa do Brasil. No que respeita à expressão “língua portuguesa”, na mesma frase, é igualmente evidente que se trata de apropriação abusiva da designação para fins de promoção política da língua brasileira.
[Brasileiro foi língua líder em exame de acesso a universidades dos EUA em 2023]

A influência de Evanildo Bechara

Professor é imprescindível nas atividades da Academia Brasileira de Letras

Arnaldo Niskier
Doutor em educação, é professor, jornalista, membro da Academia Brasileira de Letras (ABL) e presidente do Centro de Integração Empresa-Escola do Rio de Janeiro (Ciee-RJ)

“Folha de S. Paulo” (Brasil), 09.01.24

Aos 95 anos de idade e com uma vitalidade extraordinária, o professor Evanildo Bechara é uma figura imprescindível nas atividades da Academia Brasileira de Letras. Preside a sua Comissão de Lexicografia e Lexicologia, responsável pela edição de documentos essenciais, como o “Dicionário da Língua Portuguesa” e oVocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa“.

Além disso, responde com muita propriedade às dúvidas de especialistas como Shahira Mahmud e Feiga Fiszon sobre a inserção de novas palavras no léxico, pois a língua é dinâmica e pede essas providências.

Numa entrevista a Bolívar Torres, Bechara afirmou que está terminando de revisar e reeditar todos os seus inúmeros livros pela Nova Fronteira, apesar das atuais dificuldades de visão. Enquanto isso, enviou para as livrarias o seu clássico “Lições de Português pela Análise Sintática” e uma edição comemorativa de “Primeiros Ensaios sobre Língua Portuguesa”, sua estreia em publicações de cunho científico.

Ele afirmou que a sua influência sobre esses estudos agora se exerce por intermédio dos seus alunos. Foi durante muitos anos professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, onde convivemos, e da Universidade Federal Fluminense. “Minha contribuição se deu sobretudo na sistematização, pois havia muita informação separada, e isso não era bom.” (mais…)

Ecclesia passará a “Elesia”?

enviadas à Agência ECCLESIA.

A estátua de Cristo Redentor, existente no Rio de Janeiro, no Brasil, inspirou, em 1934, durante uma visita àquela cidade, o Cardeal-Patriarca de Lisboa de então, Dom Manuel Gonçalves Cerejeira, a construir um monumento similar em Lisboa. [Wikipedia]

Se descontarmos a oratória litúrgica e ignorando a retórica “pastoral” do documento, esta espécie de programa de acção da organização “Ecclesia” contém orientações políticas relevantes para os católicos portugueses, com tudo o que isso implica no tecido social do país, como base, e, sobretudo, pelos reflexos que as ditas orientações inevitavelmente provocarão nas estruturas políticas do Estado português, do qual, aliás, a Igreja Católica é parte integrante e activa, quando não decisiva, desde pelo menos 1143.

Pois bem, quase novecentos anos depois do Tratado de Zamora e da bula Manifestis Probatum (1179), é manifesto que as coisas não mudaram grande coisa naquilo que à política vaticana concerne ou, pelo menos, ao que verdadeiramente interessa a um dos seus ramos mais influentes.

As verdadeiras intenções subjacentes ao documento agora transcrito ficam desde logo claramente expressas na repetição obsessiva de algumas palavras-chave: “diversidade”, “migrantes” (ou “migração”) e “inculturação” (ou “inculturada”). Palavras-chave estas que se articulam com certas expressões pontuais para formar um todo.

Se sequenciarmos “migrantes” e “inculturação” com “diáspora da língua portuguesa” (leia-se, “da língua brasileira”, que a IC tuga se apressou a “adotar”), ficamos de imediato com uma ideia clara daquilo que pretendem as sotainas — em particular o galho dos seguidores de Josemaría Escrivá.

Se a tal concatenação lógica anexarmos a “diáspora” (de sentido único, evidentemente) e o esconjuro de “racismo e xenofobia” — o omnipresente espantalho que, à esquerda, à direita e ao centro, convém sempre agitar –, então já teremos o quadro completo: a IC tuga, isto é, as editoras, escolas e colégios, investimentos e toda a sorte de negócios em que são parte interessada, em parceria ou exclusivamente, toda a filial tuga da organização romana está não apenas muito satisfeita pela “adoção” da “língua universau” como manifesta interesse no mercado do “gigante” e, em especial, nas esmolas que da Igreja brasileira (e de Roma) poderão escorrer para umas quantas paróquias da “terrinha”.

Ou quantas benesses pontifícias, em vestes e paramentos, em espécie ou em contado, poderá valer o fervor brasileirista, a devoção ao Cristo Redentor do Rio de Janeiro, a fé na cotação do Real.

Migrações: A diversidade cultural «não é ameaça» à unidade da Igreja

 

Missionários da diáspora da língua portuguesa estiveram reunidos, em Roma, para reflectirem sobre «diversidade de rostos da igreja».

Roma, Itália, 31 Out 2023 (Ecclesia) – A diversidade cultural “não é ameaça” à unidade da Igreja, concluíram os missionários da diáspora da língua portuguesa que estiveram reunidos, de 23 a 27 deste mês, em Roma (Itália) para reflectir sobre «diversidade de rostos da igreja».

“A diversidade cultural, fruto da aceleração da globalização, que está sempre mais presente nas paróquias, movimentos e comunidades migrantes não é, de maneira nenhuma, ameaça à unidade da Igreja: família de rosto pluriforme”, lê-se nas conclusões enviadas à Agência ECCLESIA.
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A língua do Brasil é a brasileira

Language is a structured system of communication that consists of grammar and vocabulary. It is the primary means by which humans convey meaning, both in spoken and written forms, and may also be conveyed through sign languages. The vast majority of human languages have developed writing systems that allow for the recording and preservation of the sounds or signs of language. Human language is characterized by its cultural and historical diversity, with significant variations observed between cultures and across time.[1] Human languages possess the properties of productivity and displacement, which enable the creation of an infinite number of sentences, and the ability to refer to objects, events, and ideas that are not immediately present in the discourse. The use of human language relies on social convention and is acquired through learning. [Wikipedia]

 

Diz a autora do “post”: «That was exactly what happened to the Portuguese.»Pois foi exactamente o que aconteceu com os portugueses.»)

Bem, não exactamente. Não existe “língua americana”, mas existe — de facto, se bem que (ainda) não oficialmente — língua brasileira. A Língua inglesa é a nacional, adoptada federalmente e instituída nos 50 estados da República Federativa dos Estados Unidos da América do Norte (USA). Salvas as devidas e naturais diferenças de sotaque e mesmo de algum vocabulário específico entre os estados mais a Norte em relação aos do Sul e daqueles mais próximos da costa atlântica, a Leste, face aos da costa do Pacífico, a Oeste, a Gramática da Língua falada e escrita nos USA é a do Inglês canónico — aliás, comum a todas as ex-colónias da Coroa britânica

Isto não sucede, de todo, com a língua brasileira; por motivos políticos e consoante as respectivas incidências históricas (processo de independência, influências linguístico-culturais externas e internas, fluxos migratórios, convulsões geoestratégicas, organização social etc.), a Língua da antiga potência colonial sofreu um processo de erosão, primeiro, de re-construção (não confundir com reconstrução), a seguir, e de pura e simples destruição, por fim, da matriz linguística original. Hoje em dia, a língua brasileira é simultaneamente tão parecida e tão diferente do Português como o são o Galego, o Crioulo de Cabo Verde (por exemplo) ou até o Papiamento, o Patuá ou qualquer dos outros crioulos de base portuguesa espalhados pelo mundo.

Não existem, por conseguinte, a não ser nos discursos de brasileiristas e na conversa fiada de “linguistas” e “especialistas” a soldo (e em saldo), outras “variantes” do Português — Língua oficial — além das de Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe; ou seja, nos PALOP. Os casos de Timor-Leste, de Macau e mesmo da antiga “Índia portuguesa” não entram na categoria de “variantes”, dadas as suas exiguidade e particularidade.

O factor comum, logo, unificador, logo, identitário, é o mesmo que regula os vastíssimos e imensamente diversificados espaços da Commonwealth e, também mas não de igual forma, da Francophonie: a Gramática é comum, o vernáculo é estável (se não o fosse, não seria vernáculo), a ortografia — suportando apenas variações pontuais e de pormenor — a mesma. Nada disto sucede com a língua brasileira, o que, pela própria noção conceptual, exclui liminarmente e por definição sequer a possibilidade de aquilo ser uma “variante” da Língua Portuguesa.

Por mais cambalhotas “linguísticas”, por mais malabarismos neo-imperialistas e por mais vigarices que marionetas a soldo (“linguistas”, “académicos”) tentem impingir a papalvos, a verdade é que já nem Jorge Amado ou Chico Buarque, nem Machado de Assis ou José Mauro de Vasconcelos, nem Olavo Bilac ou Jô Soares conseguirão reverter ou ao menos parar o processo — aliás tão natural como a própria marcha da História — de… rompimento linguístico: será mera questão de tempo até que a Língua Brasileira seja oficialmente reconhecida como “língua de trabalho” da ONU e finalmente assumida pelos poderes políticos instituídos no Brasil e em Portugal como sendo aquilo que na realidade o Português e o Brasileiro já são: línguas diferentes. Uma, filha do Latim, europeia e adoptada por alguns países africanos; a outra, trineta (ou pentaneta) da tal filha do Latim, esgarçada pelos próprios brasileiros com a ajuda de italianos, libaneses, japoneses e até dos brasileiros que já lá estavam antes de existir o país Brasil e sequer a ideia de “país” — índios de inúmeras tribos.

How do you explain the inexplicable?

Cátia Cassiano

“In The Eyes Of A Translator”, 28 August 2023

How do you explain the inexplicable? As an entrepreneur, I have a duty of care to my clients. I must provide them with great service, transparency, and all the relevant information they need to make their own decisions. This would be a straightforward task if you work in the legal industry or if you sell a product. You both speak the same language and you both know the desired outcome. What about language service providers? For us, it may be a little more complicated because we are dealing with different languages and cultures and one side might not have any knowledge or contact with the language or culture. So, what do you do?

Making a connection

As linguists, our duty is to make a connection between those two languages and cultures. In other words, that document our client gave us to be translated needs to be converted into something the readers of the other language perceive as native and written for them. This is why we need translators after all!

The broken link

What if there is a broken link in the process? You must solve it and restore that link as soon as you possibly can. This usually happens when there are variants in the languages you are working with. We need to explain to our clients why being aware of these variants is essential to the success of their projects. Because if they don’t have any contact with the language they might not understand that a text in the wrong variant may damage their reputation in that country and that might be a problem for them.

Cultural assassination

This all seems doable. You can explain the diversity of the cultures that speak that language and why the variants might be so different from the main language from which they originated. But, what if the government of that country is the one trying to erase that culture and language, how can you explain it? How do you explain to your clients that the government of the country they are doing business with is trying to assassinate the culture and language of that country? Impossible isn’t it?

This is what is currently happening in Portugal, and that is the situation I and all my colleagues who work with the Portuguese Language have to face. The elected Government signed an agreement without public consultation, forcing the Portuguese to write according to the Brazilian variant of the language. No linguist was consulted, the constituents were not consulted, and no one was consulted. The result was something abhorrent and confusing.

They claimed they wanted to unify the language but all they did was create more division. People don’t know how to write, there are errors everywhere and it is an absolute disgrace. Citizens have been fighting for this for a long time, but the same corrupt politicians who signed this absurd are the ones ignoring the people who put them there!

So how can you explain to your clients why it is essential to respect the language and culture of the country they are doing business with if the government of that country is the first one to do the opposite? I try, I even try to explain what is happening here, but it is so absurd that even that is difficult. Let me try … just think about it … what would you say if you read or someone told you that Rishi Sunak signed an agreement with all other English-speaking countries so the United Kingdom and all other countries start speaking the American variant of English? What would you say about this? What would Kind Carles say about this? That was exactly what happened to the Portuguese. Absurd isn’t it?

[Transcrição integral, com ligeiras alterações apenas no aspecto gráfico.
Acrescentei “links”.]

[tradução]

Como explicar o inexplicável?

Cátia Cassiano
“In The Eyes Of A Translator”, 28 August 2023

Como é que se explica o inexplicável? Como empresária, tenho o dever de cuidar dos interesses dos meus clientes. Tenho de lhes prestar um bom serviço, com transparência e providenciando toda a informação relevante de que necessitam para tomarem as suas próprias decisões. Esta é uma tarefa simples para quem trabalha no sector jurídico ou se vendermos um produto; ambos falam a mesma língua e ambos sabem qual o resultado pretendido. E os prestadores de serviços linguísticos? Para nós pode ser um pouco mais complicado, porque estamos a lidar com línguas e culturas diferentes e uma das partes pode não ter qualquer conhecimento ou contacto com a língua ou cultura da outra. Então, o que é que se faz?

Estabelecer uma ligação

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