«O dia em que terão o direito de me esbofetear» [A.J. Ribeiro, PINN]

Acordo Ortográfico | PINN

By A.J.Ribeiro

Supostamente passa a ser obrigatório, a partir de hoje*, escrever de acordo com as regras do Acordo Ortográfico.

O Acordo Ortográfico foi mais uma das muitas sacanices que se fizeram a Portugal nos últimos 20 anos. Serviu apenas para meia dúzia de gentalha ganhar dinheiro à custa da língua e da cultura do seu País, sacrificando-a em prol de interesses comezinhos e rascas.

A aprovação do Acordo só se deu porque a maioria dos políticos na Assembleia da República é gente sem conhecimentos nem princípios, gente menor, criaturas brutas e ignorantes que, provavelmente, passaram a escrever bem com as regras do Acordo porque muito provavelmente também escreviam com erros antes da aprovação do Acordo.

De resto, o Acordo Ortográfico é apenas um símbolo: o símbolo do baixo a que desceu a nossa política e quem nos governa. O baixo que é ter-se um reformado na Presidência da República que fala em “cidadões“. O baixo que é ter-se uma Presidente da Assembleia da República que fala em “inconseguir“. O baixo que é ter um País pejado de jotinhas, putos ignorantes que nunca estudaram nem trabalharam na vida e que ganham ordenados bem recheados, acusando depois a Função Pública de ser incompetente e ganhar demais. O baixo que é ter-se um líder da oposição sem ideias nem projectos e um Primeiro-Ministro que acha que é um crime acabar com os sacrifícios.

Este País entrou no campo do mete-nojo. Toda a estrutura do Estado está controlada por uma comandita de corruptos e incompetentes, servos acéfalos de interesses económicos, que têm vendido o País a tostões, destruindo uma estrutura produtiva a troco de elogios hipócritas que vêm de fora, daqueles que, depois, apontam o dedo ao País com acusações de que não trabalhamos nem produzimos.

O Acordo Ortográfico é apenas mais um símbolo da decadência a que este País desceu.

E contra isso há que lutar. Há que lutar por quase 900 anos de História. Há que lutar pelo orgulho de se ser português, de se pertencer a um povo que em tempos foi grande, a um povo que levou a própria civilização europeia mais longe.

É nossa obrigação não respeitar as regras do Acordo Ortográfico. É nossa obrigação, diariamente, escrever em Português.

A publicação do meu romance “Flavea” foi feito, por exigência minha, de acordo com as regras de língua portuguesa anteriores ao acordo ortográfico. A publicação do meu próximo romance será feita de acordo com as mesmas regras. E dos que vierem a seguir.

O dia em que escrever segundo as regras do Acordo Ortográfico será o dia em que terão o direito de me esbofetear.

Transcrição (e imagem) de: Acordo Ortográfico | PINN, 23.07.15

*Este artigo foi publicado originalmente no “blog” do autor em 13.05.15.

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