As notícias sobre a nossa morte são manifestamente exageradas
Já em 2008 o deputado Rui Tavares assegurava que «daqui a cinco anos ninguém se vai lembrar das razões de tanta resistência.»
Os acordistas são verdadeiros especialistas na arte de dar palpites em geral, como sabemos, mas não são lá grande espingarda quando se trata desta adivinhação em particular. É que não acertam uma, está visto.
Acordo Ortográfico: Aplicado em os países da CPLP dentro de dois anos
O linguista português Malaca Casteleiro acredita que no prazo máximo de dois anos, todos os países de língua oficial portuguesa já terão aplicado o acordo ortográfico. “Estou convicto que no prazo máximo de dois anos o Acordo estará implementado em todos os países”, garantiu à Lusa o professor universitário e membro da Academia das Ciências de Lisboa (ACL).
Se 2012 tinha sido o ano da viragem, 2013 foi o da esperança, primeiro, da expectativa, depois, e da desilusão, por fim. Ou seja, foi o ano do GTAO*, principalmente, mas foi também o ano em que apareceu, “out of the blue“, uma coisa com a designação de “petição pela desvinculação de Portugal ao [sic] acordo ortográfico” e foi o ano que terminou com os desastrosos resultados conhecidos. Desastre este para o qual a dita petição terá contribuído decisivamente, dado o tempo e o modo, conforme as razões anteriormente aduzidas e aquelas outras que ainda faltará quiçá esmiuçar.
O grupo de trabalho parlamentar funcionou conforme previsto, pelo menos até metade do seu percurso agendado. Após sermos ouvidos pelos deputados do grupo, naquela que foi a primeira de uma longa série, seguiram-se várias outras audiências (por regra, solicitadas por anti-acordistas) e audições (de acordistas convidados pelo GT). Portanto, do acervo que fomos constituindo no “site” da ILC-AO, com gravações e respectivas transcrições, interessarão muito mais as (6) audiências do que as (12) audições; destas últimas, no entanto, há que destacar, pelo contraste que representam estes protagonistas, em especial dois depoimentos: o de Vasco Teixeira, Director da Porto Editora, e o do Presidente da Academia das Ciências de Lisboa, Artur Anselmo.
Das audiências, que foram, por algébrico acaso, metade das audições, publicámos diversas transcrições do que naquele grupo de trabalho foi dito.
Curiosamente, ou não, aliás à semelhança do que já tinha sucedido com a nossa própria audiência, detectámos e assinalámos vários casos de nítidas discrepâncias — e não poucas contradições flagrantes — entre as declarações dos intervenientes (nomeadamente as dos deputados Miguel Tiago e Michael Seufert) e aquilo que depois apareceu vertido nos respectivos relatórios.
Transcrevemos ainda, além de tudo isto, diversos dos documentos enviados por inúmeras pessoas e organizações com a finalidade de constituir acervo de análise no âmbito dos trabalhos do GTAO*. Se alguém no Parlamento sequer leu algum ou alguns desses documentos, bem, isso será difícil apurar ao certo; em substância, o relatório final refere sistematicamente, para não dizer obsessivamente ou até mesmo exclusivamente, a já referida petição que ali foi entregue, vá-se lá saber por que bulas, em Abril de 2013.
O que resultou, é claro, de um fenómeno singelo (e esquisito): a partir do momento em que aquela petição aterrou naquele grupo de trabalho, a dita tomou conta do grupo e do seu trabalho, por assim dizer, o assunto ficou a marinar e a expectativa substituiu a iniciativa.
Nós mesmos, que tínhamos previsto e antecipado o óbvio, isto é, que a petição significaria na prática o esvaziamento do GTAO, vimo-nos perante um dilema: apoiar aquilo ou não?