Dia: 4 de Janeiro, 2016

Uma história (muito) mal contada [XXVIII]

PTPT4a

Cortinas, persianas, sanefas, estores, adufas, gelosias, venezianas

1 de Janeiro de 2014

Mais de cinco meses depois de publicado o relatório do GT AO90, o que por fim agora surge, como resultado e consequência das dezenas de audições e audiências daquele “grupo de trabalho” parlamentar, são três projectos de resolução (RAR) que mutuamente se anulam, em termos de previsibilidade das respectivas votações. Temos por conseguinte resultados que, repita-se, em qualquer dos casos serão os opostos aos interesses da Causa anti-acordista em geral e, por inerência, aos da ILC AO que essa Causa corporiza e representa. Ao fim e ao cabo, não será certamente assim que se conseguirá atalhar o passo ao monstro ortográfico. Bem pelo contrário, aliás, visto que a tese da “revisão“, a vingar, representará (representaria) a consumação de uma espécie de “solução final” (Endlösung) para a liquidação sumária da ortografia da Língua Portuguesa.

Já se perdeu demasiado tempo com ilusões, promessas e hipóteses que se revelaram totalmente infundadas, sendo que o tempo, como sabemos, além de não voltar para trás é cada vez mais premente, cada vez mais urge fazer-se algo de concreto e de efectivo quanto a esta questão, pelo que, analisadas todas as alternativas, que afinal não existem, tendo em vista os cenários referidos, cumpre decidir: o que fazer agora? Recomeçar, retomar a luta ou pura e simplesmente desistir?

Começava assim, sob o signo da dúvida, o ano de 2014. Não será fácil seleccionar os acontecimentos mais significativos daqueles 12 meses frenéticos, mas podemos tentar ao menos reavivar memórias citando apenas alguns, à laia de balanço.

Na segunda quinzena de Janeiro realizaram-se no Estado indiano de Goa os “3rd Lusofonia Games”, assim mesmo, em Inglês, uma imitação rasca dos Jogos da Commonwealth e uma ainda mais foleira macaqueação dos Jogos da Francofonia. Naquela fraude pseudo-desportiva participaram “atletas” dos 8 países da “Lusofonia” e também uns quantos excursionistas da Guiné Equatorial, essa esplendorosa “democracia” africana de língua oficial espanhola recém-admitida no antro de negociatas a que se convencionou chamar “CPLP*“.

A 7 de Fevereiro, depois de já em Março de 2012 termos divulgado um documento então absolutamente inédito, fizemos o ponto da situação sobre  o “caso” do Juiz Rui Teixeira e o “caso” do Juiz Rui Estrela de Oliveira, dois magistrados que recusaram a aplicação do AO90. Por fim, e apesar das (falaciosas) garantias governamentais de que “ninguém será abatido, preso ou punido” por não aplicar o “acordo”, ambos os juízes foram de facto forçados a amochar e um deles acabou efectivamente punido: instaurado processo disciplinar ao Juiz Rui Teixeira por recusar o AO90.

No dia 28 de Fevereiro, ocorre finalmente em S. Bento a “discussão” da “petição pela “desvinculação de Portugal ao[sic] acordo ortográfico”. Disto demos conta através de um “post” com o título  “pois assim se fazem as cousas…”
Esta parlamentar “discussão” da dita petição tinha sido adiada em 18 de Dezembro de 2013, in extremis, no próprio dia (e em cima da hora marcada) sem qualquer aviso e sem a mínima  explicação. Da dita “discussão”, ou seja, daquela petição, resultaram duas mãos cheias: uma de nada e outra de coisa nenhuma. Destes “resultados” demos também conhecimento (ao) público, a 2 de Março: “Da vergonha, relatório e contas”.

No dia 7 de Abril decidimos, por esmagadora maioria (isto é, todos os principais activistas da Iniciativa votaram a favor e um, eu, contra), responder à “sacramental” e mui “interessante” pergunta “quantas assinaturas temos”. Com uma conta de subtrair e tudo, “temos” estas: 14.112.
A data escolhida para a divulgação do número exacto não foi casual: à meia noite desse dia completavam-se exactamente 4 anos desde o início da recolha de subscrições para a nossa ILC.

27 de Abril de 2014: falecimento de Vasco Graça Moura.
A ILC-AO fez-se representar por dois elementos na cerimónia fúnebre realizada a 29 de Abril, na Basílica da Estrela, em Lisboa. Evidentemente, divulgámos ao longo dos dias e até meses seguintes, no “site” da Iniciativa, as inúmeras repercussões do trágico acontecimento e as manifestações de apreço e admiração para com tão ilustre figura pública, o mais mediático dos opositores ao desastre ortográfico.

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