Dia: 25 de Janeiro, 2016

‘Os poderes do Maranhão’

Há ainda quem ponha em causa o carácter estrita e exclusivamente político do “acordo ortográfico”. Devido a este estranho fenómeno de renitente cepticismo em relação a tão espectacularmente flagrante evidência, continuamos a tropeçar amiúde em textos sobre as “incongruências” técnicas e as “inconsistências” ortográficas do dito “acordo”; pura perda de tempo (e feitio), conforme não me tenho cansado de repetir há já longos anos.

Com a devida vénia ao autor, reproduzo seguidamente um artigo, incluindo duas fotografias, que não apenas condensa em pouco tempo (e espaço) os factos históricos exactos,  como demonstra — sem hesitações, opiniões ou outras complicações — que o AO90 é política, todo política e nada mais do que política. Ou, para usar a “carinhosa” designação popular que adoptei, pulhítica.

 

RibamarCorrea_Maranhao

Especial: O dia em que Sarney liderou seis presidentes e transformou São Luís em centro mundial da lusofonia

presidentes-lusófonos_Maranhao_1Sarney (ao centro) na recepciona os seus colegas dos países de íngua portuguesa: Lopo Nascimento (representante de Angola), “Nino” Vieira (Guiné-Bissau), Mário Soares (Portugal), Aristides Pereira (Cabo Verde), Joaquim Chissano (Moçambique) e Manoel Costa Pinto (São Tomé e Príncipe)

O dia 31 de dezembro de 2015 entrou para a História dos sete países lusófonos como a data em que o acordo para a unificação Língua Portuguesa, com a eliminação das diferenças ortográficas, entrou em vigor para valer, abrindo assim caminhos para uma aproximação cultural entre os povos que falam o idioma luso, criando, portanto, meios para um processo de integração politica e econômica. Considerada a mais importante iniciativa desde que as guerras por meio das quais Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe se libertaram das amarras coloniais portuguesas e também desde que Portugal derrubou em 1974, com a histórica Revolução dos Cravos, a ditadura salazarista, o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa nasceu, de fato, no dia 2 de novembro de 1989, data em que, sob a liderança de José Sarney, então presidente do Brasil, São Luís se transformou, durante 48 horas, no coração da comunidade de Língua Portuguesa em todo mundo, na qual o português era falado por 180 milhões de pessoas. A Capital do Maranhão sediou o Encontro de Chefes de Estado e de Governo dos Países de Língua Portuguesa: José Sarney (Brasil), Mário Soares (Portugal), Joaquim Chissano (Moçambique), Aristides Pereira (Cabo Verde), João Bernardo “Nino” Vieira (Guiné-Bissau), Manoel Costa Pinto (São Tomé e Príncipe) e o ministro da Cultura de Angola, Lopo Nascimento, que representou o presidente José Eduardo Santos. Desse encontro nasceu Instituto Internacional de Língua Portuguesa, entidade que a partir de então organizou todos os esforços que resultaram na construção do Acordo Ortográfico de Língua Portuguesa, editado em 2009 e que, após seis anos de adaptação, ganhou forma definitiva há exatos 16 dias.

presidentes-lusófonosMaranhao_2Presidentes reunidos no Palácio dos Leões durante o encontro que fez história

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