“O acordo é p’ra unificar a língua portuguesa com a espanhola”

Eureka!

Ora cá está, finalmente, uma explicação razoável para o AO90:  destina-se a unificar a língua portuguesa e a língua espanhola, pronto, ficamos com o Portuñol (ou com o Espanholês, a designação exacta da coisa ainda não foi apurada), e siga, assunto arrumado, não se fala mais nisso.

Diz lá então como é, jovem:
«O intuito do acordo era tentar unificar a língua portuguesa com a língua espanhola, né? A princípio, a ideia é que seja uma construção p’ra unificação e melhor unidade entre as línguas portuguesa e espanhola. Como isso vai modificar efectivamente na minha vida, eu acho que é só mais uma das regrinhas que a gente tem que aprender p’ra escrever correctamente.»

Quem assim fala, nesta entrevista de rua realizada por uma TV universitária brasileira, é um jovem estudante (brasileiro, por supuesto), mas há outros entrevistados na peça, salvo seja, cada qual competindo ardorosamente pela maior calinada nesta académica demanda: oi, cara, o que raio é o acordo ortográfico, hem?

Se aquele juvenil exemplar arruma tão brilhantemente a questão chutando para escanteio, já um outro dos jovens entrevistados consegue mesmo articular alguma coisinha de jeito (digamos assim, imbuídos de caridade cristã):
«O acordo ortográfico, na verdade, ele é uma ‘”forçação de barra'” porque as línguas…  primeiro que eu acho que nós não falamos português brasileiro, eu acho que nós falamos a língua brasileira. Nosso idioma, ele tem uma diferença enorme do português de Portugal e é até uma agressão à nossa identidade você querer unificar a escrita de dois idiomas que são completamente diferentes.»

Em suma, julgareis vós certamente que estarei eu aqui fantasiando, inventando, caçoando até. Mas não, de todo, não estou.

Ide, ide ouvir todos. Isto é o “corpus” universitário brasileiro derramando sabedoria p’ra cima da gente.

 

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