Língua portuguesa
Como o senhor embaixador do Brasil – que publicou um texto no PÚBLICO [9/2/2016] na língua do seu país – sabe muito bem, D. Pedro declarou a independência do Brasil, em rotura com as cortes de Portugal, num local da cidade de São Paulo onde uma humilde construção de adobe assinala o facto. A partir daí e da civilizada acção dos portugueses e brasileiros contemporâneos desse evento histórico, o Brasil passou a governar-se a si próprio e Portugal fez o mesmo. A língua, pilar da pátria, nas palavras de Fernando Pessoa, é o primeiro emblema dessa pluralidade, sem animosidades mas também sem subserviência.
Os brasileiros entenderam ir adaptando a sua escrita ao ambiente cultural, multifacetado, típico do seu país. Problema seu, em que os portugueses não devem interferir. O latim deu origem a línguas diversas e daí não veio mal a Roma. Querer que hoje as coisas se passem de forma diferente é lutar contra o inevitável.
Antides Santo, Leiria
[“Cartas à Directora” – PÚBLICO, 14.02.16.
Imagem de topo de “Hagop Garagem“]