Dia: 28 de Fevereiro, 2016

Turismo linguístico: “lusofonia” de casino

Faltará, quiçá, apenas apurar o que tem tudo isto a ver com o “acordo ortográfico”, directa ou indirectamente. Na minha opinião, olhando para os dois primeiros nomes da “Comissão Científica Permanente da AICL“, não há nisto tudo absolutamente nada de indirecto.

Como já vimos, estes “lusofónicos” e pevidelaureantes eventos são altamente patrocinados por beneméritos do calibre de um Bechara e de um Malaca, logo à cabeça.

figura de Graça Maciel CostaAinda assim, à cautela, desconfiei de tal fartura de dois, tão rotundos e proeminentes patronos, e portanto pus-me a verificar se porventura não teriam eles apenas emprestado suas graças para abrilhantar os eventos, isto é, se os próprios se meteriam pessoalmente em tais assados. Pois não há que enganar, os homens estão lá mesmo, parece-me até que vão a todas (as jantaradas e patuscadas), quer dizer, estão nas mesas dos jantares dando ao dente e estão também na mesa de cada um  dos colóquios. Se bem que nestas últimas mesas dêem pouco à língua , acho até que d’habitude não abrem a boca, estão ali apenas para, com o peso institucional de suas não muito etéreas pessoas, conferir prestígio — e algum lastro de aparente seriedade — aos ofícios coloquiais.

Como se pode constatar no vídeo fotográfico que se segue, ambos os beneméritos aparecem, por junto ou por atacado, em várias das comezainas e em diversas das coloquiações.

Ficámos já cientes de que estes “colóquios” não passam de uma forma de promover o AO90. Nada subtil, a forma, pelo contrário, sendo esta relação de causa e efeito apresentada até com inusitado descaramento: com o engodo de umas férias “bem” passadas, os “colóquios da lusofonia” são mera propaganda acordista. Ponto.

Mas, se dúvidas subsistirem, oiça-se o que diz Bechara numa entrevista à TDM, no âmbito do 15.º Colóquio (2011): fala profusamente do “bloco linguístico a que chamamos lusofonia”, atira com a balela da “unificação” e assim por diante, lá vai ele desfiando ao longo de meia hora o chorrilho de patranhas do costume.

Se quisermos ter uma ideia, quanto mais não seja por estimativa (ou até por palpite), do interesse que estes eventos “internacionais” suscitam nos oito países “lusófonos”, podemos, por exemplo, espreitar o número de visualizações da dita entrevista: 2! (Duas!)
AICL_TDM_BecharaDonde se conclui que houve, neste mundo, ao longo de dois anos, duas pessoas que visualizaram a peça: o autor da dita e… eu! Há coisas fantásticas, não há? E isto passa-se numa “playlist” monotemática, só sobre os “colóquios” (e eventos com eles relacionados), que reúne um número impressionante de gravações: 193!

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