Escritor António Fonseca desaconselha adesão ao AO90 [jornal “O País” (Angola)]

 

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Escritor António Fonseca desaconselha adesão ao acordo ortográfico

Fevereiro 22, 2016

Alberto Bambi

Admite que uma eventual adesão poderia causar algum impacto negativo na cultura, história, administração e ensino.

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Em entrevista exclusiva aO PAÍS, o escritor justificou-se com o facto de os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) não terem sido contactados no momento desta projecção linguística, que resultou na alteração de alguns vocábulos, como é o caso da supressão da letra c nas palavras de sequência consonântica. Segundo a fonte, “por aquilo que eu saiba, de um modo particular, o acordo foi feito inicialmente sem a presença e anuência dos países africanos, para depois ser imposta a nós, o que demonstra uma falta de respeito”, desabafou António Fonseca.

O também jornalista acrescentou que, depois de Angola ter acesso ao referido acordo, elaborou a seguir um estudo que revelava os inúmeros erros e as deficiências contidas no projecto. Prudente nas suas afirmações, António Fonseca esclareceu que não foi por razões políticas que o país não aderiu ao referido acordo ortográfico, mas por conter erros técnicos e culturais “bastante visíveis”. Referiu que a alteração da escrita de algumas palavras feria o sentido de identidade cultural, enquanto a sua estrutura remetia a um conflito de sentido semântico. Exemplificou o caso das palavras “facto” e “fato”.

Sobre o ferimento do sentido da identidade cultural, realçou ainda que algumas palavras acarretavam elementos matriciais que configuravam nas realidades, sendo fruto da história do povo angolano, quer da ocupação, quer dos poderes autóctones, que convergiam na angolanidade, com um peso carregado de matrizes e variantes.

[Source: Escritor António Fonseca desaconselha adesão ao acordo ortográfico | O País]

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1 Comment

  1. É. Pagar em kwanzas quando o português só cauciona cuanzas também é falta de respeito. Porque não Lwanda? Afoguem bem a angolanidade no rio kwanza porque é herança do colonialismo e governem-se com os poderes autóctones que sempre é mais castiço. Feliz regresso ao paleolítico.

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