Dia: 2 de Abril, 2016

Porto Editora apresenta queixa-crime contra Paulo de Morais – PÚBLICO

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«O Acordo Ortográfico é um absoluto falhanço. Como os outros países não aderiram, não há sequer acordo. Há, por outro lado, um conjunto de alterações ortográficas desconexas. Imperceptíveis e más, pois tentam impor uma nova forma de escrever aos cidadãos. Não se deve impor a língua aos povos. Pelo contrário: é a legislação que deve registar as alterações que o tempo e a realidade imponham.»
Paulo de Morais – June 25, 2015

logo_sharePorto Editora apresenta queixa em tribunal contra Paulo de Morais

O ex-candidato à Presidência da República declara que vai continuar a denunciar “cartelização” do mercado de livros escolares

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A Porto Editora fez uma queixa-crime contra o ex-candidato à Presidência da República, Paulo de Morais, alegando “prejuízo ao bom nome e reputação da empresa” ao associar a editora a corrupção e cartelização do mercado de manuais escolares. Por seu lado, o ex-vice-presidente da autarquia do Porto já reagiu, declarando que considera “inadmissível” o sistema de “cartelização de venda de livros escolares” em Portugal e que irá continuar a denunciar esta situação “enquanto não for efectivamente resolvida”.

Num comunicado onde anuncia que apresentou queixa, o porta-voz da Porto Editora, Paulo Gonçalves, afirma que “em causa estão as recorrentes declarações do ex-candidato à Presidência da República associando a editora a esquemas de corrupção envolvendo políticos e de cartelização do mercado de manuais escolares”.

A queixa-crime foi apresentada já este mês no Departamento Central de Investigação e Acção Penal, enquanto uma acção cível foi entregue no tribunal da comarca do Porto. “A indemnização que vier a ser decidida pela justiça irá reverter, na totalidade, para instituições de solidariedade social que actuem no apoio a alunos de contextos desfavorecidos, promovendo a inclusão e o sucesso escolar”, acrescentou Paulo Gonçalves.

Durante a campanha eleitoral, Paulo de Morais defendeu que os manuais no ensino básico deviam ser gratuitos, algo que não acontece desde já porque, disse o então candidato, “o mercado de livros escolares no ensino básico está dominado por três editoras”, que “têm ao seu serviço um conjunto de políticos que, no Ministério da Educação e na Assembleia da República, pela via, mais uma vez, da corrupção, ficam de cócoras perante este tipo de editoras”.

Recorde-se que no início deste mês, o ministério anunciou que no próximo ano lectivo os alunos do 1.º ano terão os livros gratuitos, uma medida que custará três milhões de euros.

Ex-candidato quer bancos de trocas de livros

“Sobre a matéria em apreço que deu origem à queixa, eu não altero minimamente o que tenho dito, que é que as grandes editoras de manuais escolares em Portugal são verdadeiras sanguessugas das economias familiares, têm um sistema de cartelização de vendas de livros, os livros são caríssimos, as famílias vêem-se e desejam-se para os conseguir pagar”, afirmou Paulo de Morais.

O ex-candidato presidencial afirmou que “o que acontece é que as editoras em Portugal conseguem uma situação de privilégio absoluto com a conivência de governos, com a conivência de parlamentos, de forma que têm o mercado completamente cartelizado. Não só dominam o mercado do livro escolar, como as políticas dos livros escolares”.

“E isto é uma situação que, no meu ponto de vista, é inadmissível e continuarei a denunciá-la enquanto ela não for efectivamente resolvida”, frisou.

Paulo de Morais defende que “as escolas têm de ter bancos de trocas de livros para que as crianças, no fim de cada ano, deixem os livros do ano anterior e recolham os do ano seguinte, à semelhança do que acontece em todos os países da Europa ocidental, à excepção de Portugal.

“Porque há três editoras – Porto Editora, Leya e Santillana – que dominam completamente a política do livro escolar, a política de fixação dos preços do livro escolar, e isto é completamente inadmissível. Portanto, continuarei a denunciar esta situação”, disse.

Em seu entender, esta queixa que agora foi apresentada, à semelhança de outras de que tem sido alvo nos últimos anos, “mais do que uma litigância que acaba por ser inútil porque as pessoas que fazem as queixas sabem que vão perder as causas”, é uma forma de “tentar cercear” a sua “liberdade de expressão”.

“Que fique claro que isso não vai acontecer porque os factos que eu vou referindo nas minhas intervenções públicas são factos objectivos, estão documentados, e a minha opinião sobre esses factos é um direito que também está constitucionalmente consagrado, que é o direito de liberdade de expressão. Não deixarei de o fazer e que fique também claro que não é pelo cansaço que me vencem”, conclui.

 

Transcrição de Porto Editora apresenta queixa em tribunal contra Paulo de Morais – PÚBLICO.

Destaques meus.

«Como utilizar e odiar o Novo Acordo Ortográfico» [Joana Costa, “ESCS Magazine”]

 ESCS_magazine
«Este artigo foi escrito ao abrigo do Novo Acordo Ortográfico. Mas a partir deste artigo a Joana Costa passa a escrever ao abrigo do Antigo Acordo Ortográfico.»

ESCS_logoComo utilizar e odiar o Novo Acordo Ortográfico

March 29, 2016 by

 

Primeiro passo – Aprenda durante a sua vida escolar inteira como se deve escrever. Saiba o lugar dos c’s e dos p’s que não se leem e coloque adequadamente os acentos e sinais ortográficos nas palavras a que pertencem.

Sinta-se bem por saber escrever corretamente, respeitando a complexidade e a beleza da Língua Portuguesa, e por conseguir ler com fluência sem temer a confusão entre um pára e um para.

Segundo passo – Veja irremediavelmente um Novo Acordo Ortográfico ser implementado. Sofra ao aperceber-se de que o seu programa Word, os livros que acabou de comprar, os programas televisivos a que assiste e os documentos oficiais que assina foram dominados pela nova forma ortográfica.

Perca a segurança na leitura e deixe de perceber à primeira o significado de alguns enunciados. Fique sempre na dúvida sobre se o famoso cântico do glorioso significa que ninguém pára o clube encarnado ou se quer dizer que não há adeptos para assistir ao jogo dos vermelhos e brancos. Em adição, confunda para o resto da sua vida a contração pelo com o pêlo do seu animal de estimação.

Terceiro passo – Irrite-se um pouco com a nova ortografia e com a sua crescente influência.

Ignore os avisos de uso obrigatório. Tente resistir à ditadura do Novo Acordo Ortográfico continuando a optar por escrever utilizando o Antigo Acordo.

Quarto passo – Irrite-se um pouco mais com a nova forma escrita ao perceber que os seus documentos Word estão repletos de sublinhados a vermelho.

Aguente os vermelhos nos seus ficheiros e tenha paciência e força de vontade para revê-los cuidadosamente de modo a descobrir o que é de facto um erro ou uma gralha e o que está assinalado apenas por pertencer à antiga grafia.

Quinto passo – Ceda à pressão da obrigatoriedade do Novo Acordo Ortográfico nalgumas áreas da sua vida. Continue, no entanto, a resistir-lhe no que diz respeito aos setores mais privados, insistindo em redigir os seus documentos recorrendo ao Antigo Acordo.

Sexto passo – Deixe de ter paciência para lutar contra o corretor do seu computador, que passou a corrigir-lhe automaticamente algumas palavras da antiga grafia para a nova grafia. Ceda totalmente à pressão da obrigatoriedade do Novo Acordo.

Finja que esqueceu tudo aquilo que aprendeu ser correto ao longo de vários anos. Deixe de colocar nas palavras os c’s e os p’s que não se leem e também alguns acentos. Faça de conta que não lhe incomoda a confusão entre o para e o pára e entre o pelo e o pêlo.

Odeie-se a si próprio por ceder à nova ortografia e odeie totalmente o Novo Acordo por estar a obrigá-lo a fazê-lo.

Este artigo foi escrito ao abrigo do Novo Acordo Ortográfico. Mas a partir deste artigo a Joana Costa passa a escrever ao abrigo do Antigo Acordo Ortográfico.

Reprodução integral de Como utilizar e odiar o Novo Acordo Ortográfico | ESCS MAGAZINE