Dia: 4 de Abril, 2016

cAOs na Presidência

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Pois claro, o cAOs está instalado, chegou até mesmo ao site do recém-empossado Presidente da República e, como era previsível, já não afecta “só” a escrita — vai contaminando também a própria oralidade. A oralidade na vida quotidiana, pois com certeza: tanto nos noticiários como em plena rua ou nos transportes públicos, podemos actualmente verificar, com horror, que alguns portugueses vão reproduzindo na fala o linguajar estropiado pelo AO90.

Este fenómeno era não apenas previsível como se torna facilmente comprovável se recorrermos a meios técnicos. Já em Julho de 2012, há quase quatro anos, João Ricardo Rosa publicou no site da ILCAO um trabalho original em que, muito avisada e competentemente, demonstrava (e antecipava) o que iria suceder: «Consoantes “mudas” e pronúncia».

Pois aí temos agora, daquela espécie de premonição tecnicamente comprovada, um caso flagrante: o sintetizador de voz de presidencia.pt está a ser “corrigido” à força (e à pressa), palavra por palavra, para (tentar) disfarçar os efeitos desastrosos do AO90 nos programas de TTS (Text To Speech) em português.

Mas algumas coisas escaparam ao “pente fino”. Os afadigadíssimos técnicos lá do sítio  já “corrigiram” a dicção de “afetivo”, por exemplo, mas esqueceram-se de palavras mais raramente utilizadas, como “prospetiva”: o sintetizador reproduz aquilo com “E” átono, [pɾuʃ.pɨ.tˈi.vɐ] e não [pɾuʃ.pɛ.tˈi.vɐ] de “prospectiva”. Na gravaçao, escutar cerca dos 3 minutos e 8 segundos.

 

Mas o presidencial cAOs não se fica pela versão áudio na reprodução (falhada) por sintetizador de voz. Também na versão em texto do mesmo discurso ocorrem diferentes (e algo cómicos) tipos de interpretações “alternativas” do AO90. Mudei as cores consoante se trate de palavras ou expressões que foram estropiadas pelo “acordo” mas que aparecem bem escritas e são correctamente pronunciadas pelo sintetizador, aquelas outras que foram “efetivamente” estropiadas mas cuja reprodução pelo sintetizador foi corrigida à pressão e, por fim, as que foram estropiadas pelo AO90… e pelo (pobre) sintetizador. Neste discurso há apenas um caso, a já referida prospetiva, mas em outros discursos do Presidente existem várias e não menos hilariantes amostras do triste estado a que isto chegou

Realizo hoje aqui, cinco dias depois da tomada de posse, a minha primeira visita de carácter internacional. Faço-o à sede da CPLP em Lisboa porque quero afirmar a relevância privilegiada que atribuo à CPLP.

Esta é a minha primeira visita de carácter internacional. Na verdade, não é. Porque eu não posso senão sentir-me em casa na sede de uma organização fundada sobre os laços afetivos que unem os países à volta desta mesa. Eu próprio sou um filho da CPLP – são conhecidos os fortíssimos laços pessoais que me unem a Moçambique, onde cresci, e ao Brasil, onde vivem o meu filho e os meus netos. E a Angola onde vive outra parte da minha família. E na verdade a todos os países da CPLP, onde tenho antigos alunos e muitos amigos.

Começo por saudar a Presidência pro tempore de Timor-Leste pelo dinamismo e eficiência com que tem desempenhado as suas responsabilidades. Não posso deixar de enaltecer o particular simbolismo da Presidência timorense por se tratar da primeira presidência de um país membro situado nos antípodas, revelador do carácter verdadeiramente global da nossa Organização.

Saúdo também o Secretário Executivo, o Embaixador Murade Murargy, meu antigo aluno, com quem tive ao longo do tempo oportunidade de trocar muitas palavras e muitas ideias. São reconhecidos o seu empenho e dedicação à CPLP nos últimos quatro anos.

Saúdo os Embaixadores presentes enquanto Representantes dos nossos povos irmãos, unidos por uma língua comum.

Cumprimento por fim os Embaixadores dos Observadores Associados também aqui presentes, pela dimensão acrescida que trazem à nossa Comunidade.

Neste ano, que marca os 20 anos da CPLP – eu recordo com saudade ter assistido ao seu nascimento no desempenho de funções políticas diversas naquela ocasião – a nossa Organização vive um momento particularmente interessante na sua existência. Ao longo destas duas décadas, a CPLP vem-se afirmando no Mundo através da sua crescente presença nos fora internacionais e pela sua dimensão linguística e cultural. Mas, igualmente, pela sua dinâmica organizacional associada aos múltiplos programas, projetos e protocolos de cooperação setoriais que tem desenvolvido desde 1996.

É hoje uma Organização virada para o futuro, prospetiva, uma Organização que encerra um elevadíssimo potencial, revelado em múltiplas vertentes: económica, energética, dos Oceanos – todos somos países costeiros – do ambiente, das energias renováveis, do turismo, entre outras.

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Provas de exame em Português correcto

Os juízes e magistrados do Ministério Público podem utilizar a ortografia correcta nos seus exames, desde que o declarem expressamente segundo a formulação indicada pelo Centro de Estudos Judiciários: «CONSIDERO QUE O ACORDO ORTOGRÁFICO APROVADO PELA RESOLUÇÃO DA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA N.º 26/91, NÃO ESTÁ EM VIGOR COM CARÁCTER DE OBRIGATORIEDADE».

Se isto vale para os exames realizados pelo CEJ, então por que motivo não poderá qualquer outro examinando declarar o mesmo nas suas provas em qualquer outro estabelecimento de Ensino e assim não sofrer penalizações?

E se isto vale no Centro de Estudos Judiciários, então como se compreende que tenham sido castigados dois juízes por se recusarem a utilizar o AO90?

 


tvi24_logoAberto curso para 126 auditores de justiça

Curso permitirá formar 28 juízes para tribunais judiciais, 56 magistrados do Ministério Público e 42 juízes para tribunais administrativos e fiscais

TVI24, 1 de Fevereiro de 2016


Candidatos a juízes e magistrados prestaram hoje provas

Mais de mil candidatos a juízes de tribunais judiciais e a magistrados do Ministério Público realizaram hoje exames em Lisboa, Porto e Coimbra. São conhecidas as queixas sobre a falta de procuradores tanto na investigação criminal como nos julgamentos.

Sic Notícias, 2 de Abril de 2016

SICN020416
SICNexamesjuizes


CEJ-nAO

8. AS/OS CANDIDATAS/OS QUE NA REALIZAÇÃO DAS PROVAS NÃO PRETENDAM UTILIZAR A GRAFIA DO “ACORDO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA” (APROVADO PELA RESOLUÇÃO DA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA N.º 26/91 E RATIFICADO PELO DECRETO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA N.º 43/91, AMBOS DE 23 DE AGOSTO), DEVERÃO DECLARÁ-LO EXPRESSAMENTE NO QUADRO “OBSERVAÇÕES” DA FOLHA DE ROSTO QUE LHES SERÁ ENTREGUE, ESCREVENDO “CONSIDERO QUE O ACORDO ORTOGRÁFICO APROVADO PELA RESOLUÇÃO DA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA N.º 26/91, NÃO ESTÁ EM VIGOR COM CARÁCTER DE OBRIGATORIEDADE”, SENDO A PROVA CORRIGIDA NESSE PRESSUPOSTO
9. NA AUSÊNCIA DA DECLARAÇÃO REFERIDA EM 8., SERÁ CONSIDERADO QUE A/O CANDIDATA/O OPTOU PELA GRAFIA ACTUAL

CEJ – Centro de Estudos Judiciários (“Informações Úteis – Provas Escritas”)