(Des)acordo ortográfico: académicos dizem que é tempo de parar para pensar
Escrito por Lourdes Fortes
Rádio Morabeza/Expresso das Ilhas
O Acordo Ortográfico de 1990 continua a ser um ponto de discórdia entre académicos. Nos países que têm o português como língua oficial, a implementação das novas normas avança a diferentes velocidades.
Um acordo político, movido por interesses económico: é assim que o documento é definido à Morabeza.
Manuel Brito-Semedo defende que Cabo Verde deveria suspender o processo de implementação e envolver a sociedade na discussão sobre o tema.
O professor universitário fundamenta a sua posição com aquilo que classifica de falta de clarificação.
“É fazer o processo como deve ser e eu não estou a dizer ministra da Educação ou o ministro da Cultura, mas sim o Governo. Tem que haver uma decisão e indicação clara de quem trata disto e de como deve ser tratado”, analisa.
Brito-Semedo lembra que não foram criadas as condições necessárias para a efectivação das novas regras. Para o investigador e professor universitário, a concretização do acordo é motivada, em parte, por questões económicas.
“E nesta altura, se se recuar, este interesse económico cai por terra. É por isso que as pessoas teimam em avançar com o processo. É uma fuga para frente”, acredita.
Na mesma linha segue a linguista Dora Pires, para quem o novo acordo “é político e vai eliminar a história da Língua Portuguesa”. A professora quer que o assunto seja repensado, especialmente em Cabo Verde.“
É algo que se devia pensar, por tudo aquilo que os países estão a atravessar. Devíamos repensar toda esta situação”, explica.
Dora Pires defende, por isso, a realização de um estudo, antes de se prosseguir.O novo Acordo Ortográfico continua a ser implementado em ritmos bastante diferentes nos vários países que compõem a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Portugal lidera o processo, seguido pelo Brasil. Em Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, o acordo também já está em vigor mas, na prática, a sua utilização é díspar. Angola e Moçambique estão alguns passos atrás e ainda não ratificaram o uso das novas regras. A Guiné-Bissau ratificou o documento, mas a implementação não avançou. Em Timor Leste, o assunto não é discutido.
Dia da Língua
Assinala-se neste 5 de Maio o Dia da Língua Portuguesa e da Cultura na CPLP Em 2016, as celebrações do Dia da Língua Portuguesa e da Cultura na CPLP. As comemorações dividem-se por cinco dezenas de países.
No Mindelo, o Centro Cultural Português (CCP) apresenta, às 18h30, o filme “Nossa Língua”. À projecção, em pré-estreia Mundial, segue-se um debate.
Na Praia, a efeméride é assinalada, também no CCP, com a inauguração de uma exposição sobre “O Potencial Económico da Língua Portuguesa”. Haverá declamação de poesia, dança e música, com artistas de diferentes países de língua portuguesa. quinta, 05 maio 2016 16:06
[Transcrição de: (Des)acordo ortográfico: académicos dizem que é tempo de parar para pensar – Expresso das Ilhas – Cabo Verde (destaques e sublinhados meus)]