«Grande desordem ortográfica» [Manuel Alegre]

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa (E), momentos antes de entregar o Prémio de Consagração de Carreira ao poeta e ficcionista Manuel Alegre (D), durante a cerimónia no âmbito do Dia Mundial do Autor português organizada pela Sociedade Portuguesa de Autores em Lisboa, 20 de maio de 2016. MÁRIO CRUZ/LUSA

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa (E), momentos antes de entregar o Prémio de Consagração de Carreira ao poeta e ficcionista Manuel Alegre (D), durante a cerimónia no âmbito do Dia Mundial do Autor português organizada pela Sociedade Portuguesa de Autores em Lisboa, 20 de maio de 2016. MÁRIO CRUZ/LUSA

Temos como PR um homem de cultura, consciente de que um país não é só números — Alegre

O histórico dirigente socialista Manuel Alegre afirmou que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, é “um homem de cultura, consciente de que um país não é só números nem só finanças”.

Lisboa, 20 Maio (Lusa) — O histórico dirigente socialista Manuel Alegre afirmou hoje que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, é “um homem de cultura, consciente de que um país não é só números nem só finanças”.

Na cerimónia da Sociedade Portuguesa de Autores (SPA), que celebrou hoje o Dia do Autor, e na qual recebeu das mãos de Marcelo Rebelo de Sousa o prémio de consagração de carreira, Manuel Alegre considerou que a presença do Presidente da República “significa o reconhecimento do papel desempenhado pela SPA na defesa de direitos cada vez mais ameaçados num mundo cada vez mais complexo”.

“A presença do Presidente confirma que temos à frente da República um homem de cultura, consciente de que um país não é só números nem só finanças e que sem desenvolvimento cultural não haverá nunca um desenvolvimento económico que faça de Portugal um país mais justo e mais competitivo”, enfatizou.

Começando por dizer que os “prémios não se agradecem”, Manuel Alegre disse-se “grato”, também ao Presidente da República, cuja presença “é um incentivo para todos os autores” e “um conforto e um estímulo” para si próprio.

A globalização não tem apenas uma lógica de economia única, tem também uma lógica de cultura e língua única, ou pelo menos dominante. Nessa perspectiva, a defesa e divulgação da nossa língua é uma prioridade nacional, mas não se conseguirá com a imposição de uma ortografia única, susceptível de dar origem a uma grande desordem ortográfica como salientou, entre outros, o professor Vitor Aguiar e Silva”, disse, numa referência ao acordo ortográfico.

O ex-candidato presidencial citou ainda Almeida Garrett — “temos de voltar à raiz, temos de ser nós mesmos” — palavras que diz serem “terrivelmente actuais neste momento em que poderes não legitimados que condicionam as decisões democráticas nacionais e restringem, como dizia Camões, a lusitana antiga liberdade”.

Na última vez que tinham estado na mesma cerimónia, no 25 de Abril, quando Manuel Alegre recebeu o prémio Vida Literária, o histórico socialista elogiou o discurso que o Presidente da República tinha proferido nas comemorações da Revolução dos Cravos, classificando-o de ‘abrilista’, porque retomou o espírito do 25 de Abril.

“Sempre tivemos boas relações pessoais e de amizade, não votei nele, como é natural. Da próxima vez já não sei, se isto continuar assim, se calhar voto. Os portugueses precisavam de afecto, de confiança e de esperança. Além dos cortes das pensões, e de tudo o resto, as pessoas tinham perdido a esperança, e ele está a restituir isso às pessoas. E isso é muito importante”, frisou nesse dia Manuel Alegre aos jornalistas.

JF (JGS) // JPS

Lusa/fim

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