Malaca versus Marcelo: isto é fantástico!

«É espantoso, inacreditável, como o Malaca Casteleiro se permite «avisar» o presidente da república de que «tem de cumprir a lei» (que não o é)! Mas quem é que este gajo pensa que é? O que é que ele tem, ou faz, ou por onde anda, ou com quem se dá, que lhe autoriza tal pesporrência?»
Octávio dos Santos, comentário, 10.04.16

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Como muito bem aqui realçou o jornalista Octávio dos Santos, Malaca Casteleiro provocou — pública e arrogantemente — o Presidente da República de Portugal. Evidentemente, Marcelo Rebelo de Sousa não apreciou, não terá ficado lá muito contente com a arrogância e ainda menos se terá alegrado com a provocação do ortográfico fulaninho, pelo que reagiu de imediato a ambas as coisas: Ah, tenho de cumprir a lei? Ah, sim? Cê acha, cara? Pois então veremos!

Claro. Lá diz o ditado, quem não se sente não é filho de boa gente. Malaca, na sua ânsia canina de fazer avançar a “revisão” do AO90 e assim torná-lo irreversível, precipitou-se nitidamente na forma e exorbitou estupidamente no conteúdo das palavras que dirigiu ao mais alto magistrado da Nação (portuguesa). O qual, com toda a naturalidade, respondeu — ignorando as palavras mas não o insulto.

No que toca à Causa anti-AO, isto é fantástico! Obrigado, Malaca! Insulte lá vossemecê mais um bocadinho o Presidente, vá, se é homem.

E que o dito siga chateado com a provocação, ora bem, isso é que importa. O AO90 pouco (ou nada) se lhe dava, pode ser que sua presidencial irritação deixe de ser uma simples questão pessoal e passe a ser um desígnio nacional.

Tratemos de assegurar que assim seja.

logoRRBlueAcordo Ortográfico. Marcelo foi “inoportuno e precipitado” ou “corajoso e prudente”?

04 Mai, 2016 – 13:32

Declarações do Presidente renovaram as esperanças dos opositores do AO. Marcelo diz que é “prematuro” falar em mudanças, mas o tema está de novo no debate público. Malaca Casteleiro diz que o PR “está a pôr o carro à frente dos bois”.

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O “cidadão Marcelo Rebelo de Sousa” é contra o novo Acordo Ortográfico (AO) e o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa vê na hipótese de Moçambique e Angola não ratificarem a nova grafia “uma oportunidade para repensar essa matéria”.

Esta quarta-feira, Marcelo foi mais cauteloso. Disse ser “prematuro” falar de eventuais mudanças nesta matéria “no quadro português”, sem que haja “elementos precisos” sobre o AO vindos de Angola e Moçambique.

Mas a polémica voltou. Comentando as declarações de terça-feira, o linguista Malaca Casteleiro, favorável ao novo AO, considera que o Presidente “está a pôr o carro à frente dos bois” na questão, enquanto o escritor Mário Cláudio saúda uma declaração “acertadíssima e prudente”.

Malaca Casteleiro acusa Marcelo de ter tido “uma declaração prematura e inoportuna”. “Com todo o respeito, acho que o senhor Presidente da República, usando uma expressão dele, está a pôr o carro a frente dos bois, porque o governo de Moçambique já aprovou o acordo, que está para ratificação no parlamento”, declara o professor de Letras, em entrevista à Renascença.

“Não se percebe esta declaração prematura e inoportuna, sinal de precipitação”, reforça Casteleiro, argumentando que não se pode “andar para frente e para trás numa questão como esta, que é muito séria”.

“Foi tão difícil chegar aqui…Andamos numa guerra ortográfica quase cem anos, desde 1911”, desabafa o linguista.

“Não se percebe porque é que essa questão é agora levantada, quando o acordo está em vigor em Portugal, no Brasil, em Cabo Verde e em São Tomé, estando em vias de estar também em Timor-Leste e em Moçambique, país que já elaborou o vocabulário ortográfico nacional, que é um requisito necessário”, acrescenta.

Malaca Casteleiro lembra ainda a existência do “Instituto Internacional da Língua Portuguesa, que é um organismo da CPLP, que tem a sua frente, como directora executiva, a professor Marisa Mendonça, moçambicana, que está a desenvolver o seu trabalho no sentido de o acordo ser implantado em todos os países”.

Um acordo que “não funciona”

Opinião oposta tem o escritor Mário Cláudio, opositor do novo acordo, que encara a declaração presidencial como “uma decisão muito corajosa e desejada pela maioria das pessoas”

“Este acordo que suscitou paixões – muito mais do lado dos detractores do que do lado dos defensores – não funciona e não funcionará, nem cá nem lá, nos outros países de língua portuguesa”, antevê o escritor do Porto.

Mário Cláudio lamenta ainda que “continuemos divididos na escrita, entre os que respeitam e não respeitam o acordo”, situação que classifica como “anómala e pouco saudável para a língua portuguesa”.

“Não restará nada da continuidade desta espécie de divórcio entre ‘acordistas’ e ‘não acordistas'”, adverte o vencedor do Prémio Pessoa 2004

Neste quadro, a declaração do Presidente da República “introduz algum clima pacificador”, sendo “acertadíssima e prudente”. Para Mário Cláudio, tudo fica agora “dependente da reunião de alguns factores” para que o gesto de Marcelo tenha o efeito que pretende, que é a anulação do acordo.

Source: Acordo Ortográfico. Marcelo foi “inoportuno e precipitado” ou “corajoso e prudente”? – Renascença

Foto: SICN