Mês: Maio 2016

«Os inventores do indefensável AO» [Teolinda Gersão, “Facebook”]

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Teolinda Gersão

25.05.16

Os inventores do indefensável AO, (feito nas nossas costas, e com pareceres negativos de todos os linguistas, excepto o do seu “pai”, Malaca Casteleiro), defendiam sobretudo que:
-simplificava a grafia, o que o tornaria bem aceite
-uniformizava a língua, em todos as suas variantes e em todos os continentes
-tornava a língua mais acessível a estrangeiros, atraindo cada vez mais falantes
-facilitava os negócios
– aproximava os países, sobretudo Portugal e o Brasil, em que as variantes da língua divergem mais.

Quase 30 anos depois, verifica-se que:
– O AO levantou e continua a levantar ondas de rejeição de protesto, a maioria da população recusa-o e continua ilegalmente imposto.
– a grafia tornou-se confusa, incongruente e absurda
– as raízes latinas foram rasuradas, o que é inaceitável no caso do português europeu
-nada se uniformizou nas variantes dos vários continentes, porque são impossíveis de uniformizar
-a língua franca dos negócios continua e continuará a ser o inglês.
– Portugal e Brasil continuam, como já estavam, de costas voltadas e é sobretudo o Brasil que levanta obstáculos. Os livros portugueses chegam ao Brasil a preços exorbitantes por causa das barreiras alfandegárias ( que nós não temos), enquanto as nossas livrarias acolhem os autores brasileiros a preços normais.
-a literatura brasileira é estudada nas nossas escolas e universidades, mas o Brasil retirou ou pretende retirar a literatura portuguesa dos currículos escolares.

Então este “acordo” falhado serve para quê? Já se discutiu tudo, só falta rasgá-lo.

E não nos venham dizer que Portugal depende dos outros países lusófonos para existir, e que desaparecemos como língua sem o oxigénio do acordo! Não precisamos de acordos nem de autorização para existirmos e sermos como somos, uma língua de raiz latina. As ex-colónias são países independentes, usarão a língua como entenderem, são tão donas da língua como nós – mas dentro do seu território. Não somos mais do que elas, mas também não somos menos. No nosso país mandamos nós, e é a língua que temos que vamos escrever e falar.

[Transcrição de “post” público (de 25.05.16) na rede social Facebook: Teolinda Gersão – Os inventores do indefensável AO. Destaque meu. Conteúdo apontado por Olga Rodrigues. Imagem de topo: recorte da página da autora na Wook.]

“Palheta”

tshirt1Em Maio de 2013 a Comunidade Portuguesa de WordPress anuncia que o WordPress em português continuará a estar disponível em… Português.

Três anos depois dessa decisão, tomada por votação e por larguíssima maioria, o facto parece continuar a “incomodar” os acordistas.

Transcrevo seguidamente 3 excertos do interessantíssimo “diálogo” (público) relançado sobre o assunto, há poucos dias, no fórum que serve para o efeito e que tem, nem de propósito, uma  designação muito adequada: “palheta”.

No primeiro texto, vemos a manifestação de “indignação” de um acordista: “a comunidade não pode ser a favor nem contra” o AO90, diz ele, o que significa — já que estamos a falar de traduções, traduzamos — que “evidentemente” a dita comunidade deveria “adotar” o AO90.

Na segunda transcrição, um membro da comunidade explica tintin-por-tintin o historial do assunto, terminando com uma frase lapidar que arruma de uma vez por todas quaisquer objecções “técnicas” que possam alegar acordistas: «Em termos operativos, a verdade é que existem procedimentos quase automáticos que permitem converter a ortografia antiga, mas não o inverso. pelo que é mais simples manter a variante AO90 a partir da pré-AO90 do que o oposto.»

Por fim, transcrevo ainda uma outra (excelente) resposta — que é, em si mesma, um verdadeiro manifesto anti-acordista: além da incontornável vertente técnica, o autor (que patentemente sabe escrever e, por conseguinte, não quer saber do AO para nada) aborda também a questão sobre várias perspectivas, da histórica à linguística passando pela… filosófica. Como não seria prático citar todo o texto, destaco apenas isto como ilustração: «Não «concordo» que tenha de haver «neutralidade»; aprendi, mais pela experiência do que pela filosofia, de que não existem pessoas «neutrais»: todos temos a nossa agenda própria. A melhor forma de exprimir neutralidade não é «exigir» que as pessoas sejam «neutras» (o que é impossível; e mesmo a noção de «mais neutro» ou «menos neutro» indica que existe uma gradação da neutralidade, o que para mim é absurdo: ou há neutralidade, ou não há — não existe «neutralidade relativa») — mas sim garantir que se possa expressar uma pluralidade de opiniões. Em média, pois, o resultado será neutral…»

Bom, se calhar vou passar a frequentar mais aquele “sítio”. A julgar pelas amostras juntas, há ali palheta, de facto, mas é palheta da boa.

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Palheta | Blog de discussão da Comunidade Portuguesa de WordPress

Vitor Madeira22 Mai 2016, às 11:14

Acordo ortográfico de 1990 – A comunidade não pode ser nem a favor nem contra!

A questão do Acordo Ortográfico de 1990 não deveria tratada por parte dos membros com responsabilidades aqui na comunidade como uma questão de “acho bem” ou “acho mal”. Não deveriam existir fações que representem os que defendem ou os que criticam.

Dou um exemplo: Sou totalmente a favor da liberdade, respeito e direitos de todas as minorias de pessoas na nossa sociedade. Contribuo bastante para a tradução (principalmente de Plugins porque o Núcleo está todo traduzido) No entanto, sei que boa parte do meu trabalho também poderá ser utilizado por grupos de utilizadores de WordPress que defendam pontos de vista contrários ao meu (os religiosos evangélicos que levam os “santos” domingos a afirmar que os gays merecem o inferno, os neo-nazis que levam os “santos” dias úteis a afirmar que os negros, os ciganos e tantos outros são cidadãos de segunda, entre tantos outros tristes exemplos…)

Mas a comunidade de tradutores (e de todos os que ajudam a gerir o WordPress em língua portuguesa), traduzem (e trabalham) quer para os que, como eu, defendem os direitos da minorias, quer dos que são de opinião contrária, porque esses também podem fazer download do WordPress e das traduções disponibilizadas pela comunidade e passar a utiliza-las.

Se existe tecnologia que nos pode ajudar a tornar as coisas o mais neutras possíveis, essa tecnologia deve ser colocada ao serviço da comunidade (e não de quem está a favor ou contra o argumento central)

Querem ver ao ponto absurdo em que se está a chegar neste tema de batalhar contra o acordo ortográfico nas traduções do WordPress? Eu faço ver o meu ponto de vista:

Por imperativo profissional, necessito de ter todos os conteúdos dos projetos em que estou a trabalhar com a ortografia segundo a norma de 1990. Venho pedir auxilio aqui porque me dizem que é aqui que se deve pedir auxilio, mas o que recebo é… Enfim, negas e mais negas e argumentos contra o acordo.

Por favor, reparem que eu não quero debater se o acordo é bom ou se é mau. Eu necessito de trabalhar. Não quero estar à mercê quer dos que defendem, quer dos que criticam. Necessito de estar ao lado de quem quer trabalhar e encontra no WordPress uma ferramenta fenomenal para o efeito.

AGORA A CONTRADIÇÃO

Sabiam que existem duas versões da língua portuguesa para traduzir o WordPress? (“Português” e “Português Informal”)

Ora, sucede que o “Português” é aquele onde as coisas têm vindo a ser trabalhadas por todos, quer os que necessitam de ortografia de 1990, quer dos que preferem a anterior.

E então o “Português Informal”?

Não sei! Mas pelo que vejo, ajuizando pelo nível de strings não traduzidas na maior parte dos plugins, bem como a cópia/cola entre muitos casos de “Português” para “Português Informal”, parece que também ninguém faz ideia para que servirá aquilo… (nem os ‘necessitados’, nem os críticos do acordo…)

Mas já pensaram bem que poderia ser útil tornar esse “Português Informal” numa ferramenta ao serviço de quem se vê a braços de necessitar da norma de 1990 e verificar que não tem nada que lhe sirva de ajuda?

Críticos do acordo: Vão ‘bater’ em quem faz as leis e não em quem necessita de trabalhar segundo o que as leis ditam.

Eu não sou legislador, sou cidadão de uma república que aprova leis e me obriga a segui-las, inclusivamente para poder manter o meu posto de trabalho e assim receber o meu vencimento ao fim do mês. Quanto mais não seja, considerem isso. Obrigado.


Álvaro Góis23 Mai 2016, às 11:38

@miguelcortereal e @vitormadeira: de certeza que a Comunidade concordará comigo que este não é local para discussões nos termos em que a estão a fazer. Aliás, pessoalmente tenho muitas dúvidas de que ESSA discussão que estão fazer seja sequer para esta Comunidade. Não nos cabe, creio, discutir os méritos ou deméritos do AO90. Excepto no que diga respeito às traduções e à vontade expressa da própria comunidade.

Este assunto é demasiado polémico para abrirmos excepções de discussão. (Lembro-me que a primeira vez que o levantei até idiota me chamaram, e não quero que isso aconteça de novo, em quaisquer termos e seja com quem for.)

(mais…)

Olívia patroa e Olívia costureira

Esta gravação tem a particularidade de condensar, em apenas 85 segundos, toda a (muito recente) rábula que teve Marcelo Rebelo de Sousa como protagonista e o “acordo ortográfico” como (pre)texto.

A começar pela introdução da “peça”, o “lead” noticioso — apinhado de tretas, pois claro: «Em visita a Maputo, Marcelo Rebelo de Sousa reavivou a polémica do acordo ortográfico. Marcelo cidadão assumiu que escrevia com as regras da antiga grafia, Marcelo presidente tem de respeitar as novas. Angola e Moçambique ainda não sabem o que escolher.»

E entra o dito “Marcelo presidente” em discurso directo, porém cheio de indirectas, ou seja, afinal não era bem aquilo, era mais o seu contrário e por suposto o oposto do inverso: «Não podemos antecipar neste momento qual possa ser essa decisão, ou, quem diz a de Moçambique diz a angolana, quanto a uma matéria que permitirá ou não ser reequacionada no quadro português.»

A sério: esta rábula deu por aí um sururu dos diabos, foi por causa disto um vê-se-te-avias, gente a amarinhar até pelas paredes, ah, ena, finalmente, é agora que o AO90 vai de vela, pronto, iupi, viva o Marcelo.

Pois bem, como já se viu, apenas uns dias passados acabou-se a brincadeira, murcharam  os aplausos, calaram-se os vivas, apagaram-se as luzes de cena.

A “performance” do Marcelo presidente versus Marcelo cidadão fez-me recordar uma outra rábula, mas esta real e protagonizada por uma verdadeira artista, a inesquecível Ivone Silva, no duplo (e fabuloso) papel de Olívia patroa e Olívia costureira. Ao menos destas “duas” sabe a gente com o que pode contar, não há cá fintas nem truques nem ilusões, é tudo genuíno e são e transparente.

 


[Gravação “Acordo Ortográfico” TVI Jornal das 8 19-05-16, disponibilizada no YouTube em  23.05.16 por Inês Pereira.]

Notícia dos acordistas: o tal “referendo” afinal deu em nada

Aqui está mais um panfleto de propaganda acordista mas este com a inovação absoluta de veicular uma notícia em primeiríssima mão: diz que o tal referendo ao “acordo ortográfico”, lançado em Junho de 2015, afinal “não viria a suceder”, ou seja, deu em nada, extinguiu-se, finou-se, desapareceu sem deixar rasto… e sem ter produzido o mais ínfimo resultado, bem entendido.

Pois, que diabo, já lá vai quase um ano, o que «é muiiiiito tempo», se calhar nesse tempo todo poderiam ter recolhido assinaturas suficientes, já não digo «para umas 5 ou 6 ILC» mas para 2 ou 3 referendos, vá. Então não era “fácil”?!

De facto não deixa de ser curioso, digamos assim, que esta “bombástica” notícia tenha sido divulgada em rigoroso exclusivo por um órgão de propaganda acordista, redigida por acordistas e em “perfeito” acordês.

 

Já domina o acordo ortográfico?

Sapo – Lifestyle

Amado por uns e odiado por outros desde que começou a ser negociado, tem alimentado discussões e polémicas. A sua aprovação obriga a uma nova forma de escrever. Já se habituou?

 

Elogiado por uns (poucos) e criticado por outros (muitos), o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 é um tratado internacional firmado nesse mesmo ano com o objetivo de criar uma ortografia unificada para o português, a ser usada por todos os países de língua oficial portuguesa. Foi assinado por representantes oficiais de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe em Lisboa a 16 de dezembro de 1990.

Depois de recuperar a independência, Timor-Leste aderiu ao acordo em 2004. Em junho de 2015, um mês depois da obrigatoriedade da utilização das novas regras, foi lançada uma petição pública para referendar o documento, algo que não viria a suceder. A nova grafia é usada desde 1 de janeiro de 2012 nos documentos estatais, em todos os serviços, organismos e entidades na tutela do Governo e no Diário da República. Está a par das mudanças? Faça o teste!

Embora tenha sido elaborado e revisto por especialistas em língua portuguesa, este teste tem um caráter meramente lúdico.

Source: Já domina o acordo ortográfico? | SAPO Lifestyle

«Cumprimos a nossa parte e assumimos as nossas responsabilidades, desde sempre e também agora mesmo, com esta derradeira atitude. Que outros cumpram a sua e assumam as suas.»
ILC-AO, “Fim”, 19.06.15

 

“Chapas Sínicas” no Registo da Memória do Mundo | Hoje Macau

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UNESCO | “Chapas Sínicas” no Registo da Memória do Mundo

Os mais de 3600 documentos que compõem as Chapas Sínicas e que falam das relações entre Portugal e Macau são agora parte do património documental da humanidade. A decisão foi ontem aprovada pela UNESCO, meses depois da candidatura

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As Chapas Sínicas são, agora, património. A decisão saiu da última reunião geral do Programa Memória do Mundo da UNESCO para Ásia e Pacífico, depois de uma candidatura conjunta de Portugal e Macau, em Outubro do ano passado.

Ao que o HM apurou, as Chapas Sínicas passaram agora a estar classificados pela UNESCO a “nível regional como integrantes no Registo da Memória do Mundo”. As Chapas Sínicas são compostas por mais de 3600 documentos individuais e em forma de registo, provenientes da antiga Procuratura do Leal Senado de Macau e fazem parte do acervo do Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Lisboa. A candidatura dos documentos tinha sido feita pelo Arquivo de Macau juntamente com esta instituição. Os documentos ilustram as relações luso-chinesas desenvolvidas entre o procurador do Leal Senado e as diversas autoridades chinesas, abrangendo um período entre 1693 e 1886, sendo que os assuntos e temas referem-se a diversos aspectos das relações entre as duas autoridades.

“Os mais recorrentes são as questões de justiça e de jurisdição, os assuntos económicos e de comércio (a proibição do ópio, contrabando, mercadores), os problemas religiosos (a missão clandestina na China, a repressão contra os católicos chineses), as relações diplomáticas (entre Macau e os países asiáticos e europeus, nomeadamente a Inglaterra e a sua presença em Macau, circulação de estrangeiros, o envio de embaixadas), a navegação dos mares e utilização de portos (combate à pirataria, embarcações, naufrágios e náufragos, tributos à navegação). São igualmente frequentes as situações referentes a obras em edificações, quer civis quer militares, e a construção clandestina”, explica o documento.

Satisfação ao máximo

A candidatura ao programa da UNESCO iniciado em 1992 e cujo objectivo é preservar a herança documental da Humanidade, tinha sido feito em Outubro do ano passado. Nessa altura, o Instituto Cultural selou um memorando de entendimento no Arquivo da Torre do Tombo para a candidatura.

O encontro, que decorre desde dia 18 até amanhã no Vietname, contou com a presença da directora do Arquivo Histórico, Lau Fong, que se mostra satisfeita com a aprovação da UNESCO.

“Estes valiosos documentos apelidados de ‘Chapas Sínicas’ agora distinguidos pela UNESCO como ‘Registo da Memória do Mundo da Ásia – Pacífico’ constituem um testemunho autêntico do rico e importantíssimo legado histórico de Macau, enquanto plataforma fundamental para a globalização e encontro entre o Ocidente e o Oriente. O resultado desta candidatura muito prestigia e dignifica Macau”, frisou, citada num comunicado a que o HM teve acesso.

No final deste mês vai ainda ser entregue uma segunda candidatura à UNESCO, do mesmo acervo documental, mas para uma aplicação a nível mundial.

Source: UNESCO | “Chapas Sínicas” no Registo da Memória do Mundo | Hoje Macau