Uma fotografia “tipo passe”

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Isto ele, sejamos magnânimos, há que dar voz a qualquer um. Por exemplo, ao fulano que foi ao Brasil, mandado por outro fulano, rubricar o AO90 em, por coincidência, 1990.

O que Santana faz neste “curioso” naco de prosa é, literalmente, enterrar-se até ao pescoço. É de facto espantoso. O homem nem as mede, está absolutamente a Leste, parece que não é nada com ele, ah, e tal, achava que o “acordo” era um não-assunto mas afinal parece que coiso, enfim, já nem sabe ao certo, caramba, é com cada argolada que até assusta…

Aquela do “aplauso generalizado”, por exemplo, é “genial”: se o aplauso é generalizado, coisinho, então é porque a generalidade das pessoas aplaude o fim do AO90. Não? Hem?

Ora então aqui temos uma fotografia “tipo passe” da personagem. Imperdível documento, se bem que não tenha lá muita piada, de tão deprimentemente… óbvio.

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Os Presidentes também erram

13.05.2016 00:30

Todos têm direito a errar, até o Presidente, mas há umas matérias mais sensíveis.

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É bastante curioso que as reacções mais críticas às declarações do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa sobre o acordo ortográfico tenham vindo de responsáveis de outros países da CPLP ou mesmo do seu secretário executivo. Declarações críticas ou de moderação, como até foi o caso de responsáveis de Angola e de Moçambique. O que não se ouviu, certamente, foi uma voz que fosse dos responsáveis dos outros países que compõem a CPLP de apoio à linha política das declarações do novo Presidente português. Nem de Moçambique, nem de Angola, os tais países que ainda não ratificaram. E assume especial significado no caso de Moçambique, porque era o país que Marcelo Rebelo de Sousa estava a visitar em clima de grande alegria e satisfação. Da parte do Governo português já se sabe que houve completo distanciamento nas palavras prudentes do ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva.

Quem lê estes textos sabe que tenho elogiado estes primeiros tempos de presidência de Marcelo. Só que, neste caso, e independentemente da posição que se tenha sobre o acordo, não parece muito cordial que um chefe de Estado anuncie em território estrangeiro a sua desvinculação ou o seu descomprometimento com um acordo internacional assinado e ratificado pelo Estado do qual é a mais Alta Figura. Terá sido um deslize? É mais um erro porque Marcelo não fez aquilo sem pensar antes. Não se tratou de um improviso no momento. Marcelo quis, talvez embalado pelas manifestações de simpatia que tem encontrado por todo o lado, concitar o apoio fácil e o aplauso generalizado numa matéria onde para se ser politicamente correto se deve dizer “eu escrevo de acordo com a grafia antiga”. Curioso é que nunca ouvi ninguém explicar porque é que considera o acordo de 1945, feito no tempo do regime anterior, tão correcto. Esse ou o anterior. É que antes do acordo de 1990 não vigorava a grafia do tempo da fundação da nacionalidade por D. Afonso Henriques. Portanto, quem não gosta deste acordo, com certeza que apoia o anterior e seria curioso explicar porquê. Mas não dou mais para esse peditório.

A questão é política e de responsabilidade institucional e sendo-se Presidente da República os cuidados têm de ser maiores. Marcelo já veio dizer que o acordo ortográfico é um não tema. Eu também estava convencido de que não era, mas quem o tornou um tema foi o próprio. Todos têm direito a errar, até o Presidente, mas há umas matérias mais sensíveis do que outras. E esta tem sido especialmente delicada. Facto é que o Estado português tudo tem feito para ver esse acordo aceite pelos países seus irmãos. Qualquer mudança de posição nesta matéria mereceria uma ponderação, um cuidado e uma sabedoria diplomática exemplares para Portugal não ficar mal na foto… grafia.

[…]

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