Mês: Julho 2016

TV americana tenta alterar alfabeto… brasileiro! [BBC Brasil]

Tradução

brasileiro Português
bilhão, bilhões mil milhões, “n” mil milhões
bilionário multimilionário
corujão (não faço ideia do que raio é isto)
esportivo, esportes, esportista, esportivas desportivo, desportos, desportista, desportivas
julho, março Julho, Março
basquete basquetebol
vôlei voleibol
Comitê Comité
cerimônia cerimónia
Vietnã Vietname
cômoda cómoda
noturno nocturno
diretor director
atividades actividades
“de seu faturamento” da sua facturação
“100m rasos” 100 metros planos
“marcada para 22h30” marcada para as 22h30
gramado relvado
“em suas transmissões” nas suas transmissões
canadenses canadianos
Copa do Mundo Campeonato Mundial/Campeonato do Mundo
“a maior fonte de arrecadação” a maior fonte de receita


Com investimento bilionário na Rio 2016, TV americana causa ‘corujão’ esportivo e tenta até alterar alfabeto

Fernando Duarte

Da BBC Brasil no Rio de Janeiro

29 julho 2016

Esportes como basquete, natação e vôlei terão partidas que começam às 22h; federações reclamaram, mas em vão.

Muitas pessoas que compraram ingressos para eventos de basquete, natação e vôlei de praia da Rio 2016 devem ter estranhado quando encontraram uma programação mais adequada para uma “balada” do que para uma competição esportiva – as finais na piscina, por exemplo, começam às 22h de Brasília.

Os horários pouco ortodoxos, bem como a escolha dos esportes “agraciados”, são mais uma face da imensa influência que a rede de TV americana NBC tem sobre não apenas os Jogos Olímpicos, mas sobre o Comitê Olímpico Internacional (COI). Tudo isso por força do investimento de US$ 1,3 bilhão nos direitos de transmissão da Rio 2016.

Não é surpresa alguma, então, que a emissora dê prioridade ao mercado americano, em especial no que diz respeito a esportes que atraiam o interesse de sua audiência, como é o caso das modalidades citadas acima, ou de provas de interesse universal, como a final dos 100m rasos no atletismo, marcada para 22h30.

Mas na Rio 2016, a NBC tentou influenciar até o protocolo olímpico: no início da semana, a emissora pediu ao COI que mudasse a ordem de entrada das delegações no desfile da Cerimônia de Abertura, na próxima sexta-feira.

De acordo com a tradição, a ordem do desfile tem a Grécia, berço dos Jogos, abrindo o evento, e o país anfitrião fechando. A entrada do restante dos países obede à ordem alfabética de acordo com o idioma local.

Em um comunicado oficial, a NBC disse ter “discussões regulares com nossos parceiros comerciais e o COI sobre tudo que envolve proporcionar a melhor cobertura possível da Olimpíada à nossa audiência nos EUA”.

Os executivos da emissora temem um esvaziamento de sua audiência porque, de acordo com a ortografia brasileira, a delegação americana desfilará entre os países iniciados com a letra “E”, o que poderá fazer com que parte do público mude de canal depois da passagem dos 555 atletas dos EUA.

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«Espetadores flutuantes» [Nuno Pacheco, “Público”]

setor

logo_shareEspetadores flutuantes

Nuno Pacheco

29/07/2016 – 00:10

 

Nos últimos anos, por força da cruzada malaquista, foram suprimidos muitos milhões de “c” da ortografia portuguesa sem que tenha havido grandes indignações, com as honrosas excepções do costume.

No dia 28 de Julho, o PÚBLICO cedeu cópia da sua capa (com o devido sinal de PUB) para uma acção médica destinada a alertar os portugueses para os perigos da hepatite C e as formas de a combater. Nessa cópia, que envolveu o jornal (escondendo a capa verdadeira), foram suprimidas todas as letras “c”. Apesar da bondade do objectivo, houve reacções indignadas. “Suprimir letras assim, francamente!” Ora nos últimos anos, por força da cruzada malaquista, foram suprimidos muitos milhões de “c” da ortografia portuguesa sem que tenha havido grandes indignações, com as honrosas excepções do costume. Claro que há uns “c” flutuantes e isso talvez ajude. Por exemplo, os espectadores só perdem o “c” de vez em quando, transformando-se em espetadores intermitentes. Sector idem, surgindo às vezes num mesmo texto com ambas as grafias, sector e “setor“. Carácter, ainda assim, é das palavras mais poupadas aos cortes (não confundir com multas ou sanções): mesmo os fanáticos da nova ortografia escrevem carácter (ou simplesmente o “corretor” não os emenda, porque este é um dos muitos casos em que se admite dupla grafia), não se importando de, à frente, escrever “caraterizado”. Um exemplo deste tira-não-tira é a própria sobrecapa a que aludimos no início do texto. Na segunda página lê-se duas vezes (correctamente) infectados; na quarta página, porém, lemos “infeção”, “ação” e “atue”. Isto há-de explicar-se pelo caos reinante: não temos a “antiga ortografia” nem a pretensamente “nova”, mas sim uma salada inominável em que cada vez menos gente sabe como escreve e porquê, a começar no catedrático e a acabar no vulgar cidadão. No meio desta triste trapalhada, vem o ministro da Cultura dizer que não escreve com o acordo ortográfico de 1990 mas não se importa com o que os seus editores decidam. A ortografia é uma convenção, diz ele, e esta está em vigor. É verdade: é uma convenção — péssima. E está em vigor… relativamente, pois foi imposta por resoluções do conselho de ministros, não por lei. Por lei, vigora a “antiga ortografia”, onde um espetador espeta, não assiste.

[Nuno Pacheco, “Público”, 29.07.16]

AO90: «sabotagem da língua portuguesa no mundo» [JP Borges Coelho, “Rede Angola”]

RedeAngola_logoExcertos de uma (longuíssima) entrevista do escritor JP Borges Coelho ao “site” Rede Angola, dando especial ênfase (destaques a vermelho), como é evidente, à sua radical oposição ao “acordo ortográfico”, sobre o qual o escritor não é peco nas palavras:  sabotagem da língua portuguesa no mundo, artifício e má-fé, populismo barato etc. Um belo festival de mui certeiras adjectivações, competentemente abrilhantadas pelas respectivas argumentações.

 

João Paulo Borges Coelho – Uma conversa com o escritor moçambicano a propósito do seu último livro: “Água – Uma Novela Rural”.

25.07.2016 • 00h00

Por António Rodrigues (texto), Ana Brígida (fotos).

Uma conversa com o escritor moçambicano a propósito do seu último livro: “Água – Uma Novela Rural”.

Três anos depois de Rainhas da Noite, João Paulo Borges Coelho volta a editar um romance. Água: Uma Novela Rural larga o passado como cenário da narração e fala de um tema importante no presente de África, a água e as alterações climáticas que tornam mais difícil a gestão tradicional dos períodos de seca.

No entanto, o escritor moçambicano insiste que se não se trata de nenhuma tentativa de fazer passar a mensagem: “Este não é um romance especificamente sobre a questão da escassez ou sobre as mudanças climáticas, mas é um romance em que estas questões estão presentes. E não é sobre isso, porque eu não acredito em literatura de mensagens, a literatura não serve para isso, serve para contar histórias…”

Como que assegurando o enquadramento necessário, a entrevista decorreu num meio dia de muito calor, sol intenso, à beira do rio Tejo, em Lisboa, por onde prazeiramente se passeavam alguns veleiros.

[excertos]

(…)

E porquê a duplicação das vogais e as diferentes grafias em quase todos os nomes?

Eu vi essa duplicação de vogais em muitos nomes somalis, dá um ar mais leve e, por outro lado, não queria identificar totalmente o rio com o Ryo, mesmo a lama com o Laama – trazia a ideia da lama, mas afastava ao mesmo tempo -, até o engenheiro alemão é Waasser com dois “a”.

(…)

Há também aqui uma crítica velada a essa ajuda exterior a África que acaba por prejudicar o desenvolvimento africano?

É óbvio que a ajuda traduz uma disposição humanitária, é uma coisa positiva e resolve problemas e é preciosa em muitas instâncias, mas também tem lados perversos. Tem lados perversos no sentido ético, ajudando a apaziguar sensações de culpa. Eu acho que precisamos cada vez mais de discutir o presente pós-colonial, porque cada vez mais a história está a transformar-se num álibi para não discutirmos o presente.  Nesse sentido, eu acho que temos muitas vezes excesso de história que serve de desculpa para as nossas misérias actuais, misérias que temos de enfrentar e discutir. Mas, voltando à questão da ajuda, muitas vezes essa ajuda tem efeitos perversos porque desequilibra mercados, pelo facto de haver tanta abundância de um lado no meio da escassez. As tentativas, por exemplo, de produção de milho local são arrasadas pelas sacas de milho desembarcadas de pára-quedas que fazem cair os preços. Há um distanciamento em relação à questão da ajuda, mas no fundo é a água da ajuda que deu de beber às pessoas, portanto, não é possível responder de uma maneira ou de outra, há várias faces no problema da ajuda.

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Engolir um Sapo


por Pedro • 27.07.16

Desde que entrou em vigor, em 2009, o Acordo Ortográfico de 1990 tem sido tema de milhares de posts no SAPO Blogs. Entre as críticas, análises e defesas do novo acordo ortográfico, estavam também pedidos à equipa, para que assumisse uma posição sobre o assunto, a propósito de uma funcionalidade do nosso editor de posts: o corrector ortográfico.

Os autores que usam o corrector e seguem o novo acordo viam algumas palavras ser assinaladas como erros. Por outro lado, os autores que continuam a seguir o antigo acordo receavam que o corrector perdesse utilidade, caso este passasse a suportar as novas normas.

A nossa resposta passa por dar a cada autor a escolha sobre como quer verificar a ortografia dos seus textos.

A partir de agora, o corrector ortográfico permite escolher entre as normas antigas e o novo acordo ortográfico de 1990 (identificado pela sigla AO). O editor memoriza a opção escolhida pelo autor para uso em novos posts.

Os leitores dos blogs também passam a poder escolher a versão do verificador ortográfico que pretendem usar ao nível dos comentários. Os autores dos blogs podem definir qual é a versão disponível por omissão na página ‘Comentários do menu Definições’.

Esta novidade dá a todos os autores a possibilidade de tirarem partido do verificador de ortografia. Como sempre, contamos com o vosso feedback e sugestões para novas funcionalidades.

Source: Um corretor ortográfico mais útil para todos – A Equipa

cor·re·tor |ô|
(provençal corratier, intermediário)
substantivo masculino

1. [Economia] Intermediário em compras e vendas, especialmente de acções na bolsa, mediante percentagem.
2. Pessoa ou empresa que promove negócios alheios (ex.: corretor de apostas, corretor de seguros, corretor imobiliário). = AGENTE
3. Inculcador.
4. Peça em que gira a roda do moinho de vento.
5. [Depreciativo] Alcoviteiro.
Confrontar: corrector.

corretor“, in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/corretor [consultado em 29-07-2016].

 

 

 

 

cor·rec·tor |ètô|
(latim corrector, -oris, que corrige, censor)
adjectivo

1. Que corrige.
substantivo masculino
2. Pessoa que revê e corrige provas tipográficas. = REVISOR
3. [Informática] Programa informático que possibilita a revisão e correcção de erros ortográficos e sintácticos de um texto em formato digital.
4. Líquido ou fita, geralmente usado na correcção de erros, que se aplica sobre texto escrito e sobre o qual se pode escrever novamente.
5. [Cosmetologia] Produto cosmético que se aplica para disfarçar pequenas imperfeições da pele.
Confrontar: corretor.
• Grafia alterada pelo Acordo Ortográfico de 1990: corretor.
• Grafia no Brasil: corretor.

corrector“, in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/corrector [consultado em 29-07-2016].

 

«A Língua Portuguesa não é descartável» [Teresa Ramalho, “Público”]

netarina

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Carta aberta ao PR: o acordo ortográfico do nosso descontentamento

Maria Teresa Ramalho

25/07/2016 – 07:30

Não podendo ser negadas as mudanças de pronunciação de certas palavras, reconhece-se agora, finalmente, que esse pequeno detalhe passou a ser “o preço a pagar” pela chamada “unificação” ortográfica.

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“Talvez a primeira consideração a sublinhar, no que toca à relação da língua com o Estado Português, é o facto de ser considerada como elemento fundamental do nosso património imaterial, um valor que a UNESCO considera essencial (…).” Adriano Moreira, O Direito Português da Língua

Como cidadã deste país, considero que o nosso património não é descartável, seja ele edificado, natural ou imaterial. Como tal, a Língua Portuguesa não é descartável. É na esperança de que Vossa Excelência acolha esta opinião, a julgar pelas declarações por si proferidas a propósito do Acordo Ortográfico de 1990 (AO90), que me leva a vir expor as minhas objecções a esse acordo.

Em primeiro lugar, gostaria de deixar claro que não são objecções de carácter técnico-científico, porque para tal não tenho competência – não tenho qualquer formação linguística, jurídica ou, sequer, em áreas das Humanidades – e muitos outros mais abalizados o fizeram. Em segundo lugar, não pertenço ao restrito grupo dos que defendem o regresso da “pharmacia” porque esses existem principalmente na cabeça dos que nos consideram opositores do “progresso” da língua portuguesa. A maioria dos portugueses aprendeu a escrever segundo a norma de 1945, ligeiramente alterada em 1973.

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