JO – quando a língua ficou em casa, a falar consigo própria
José Assis
SeixalNada, em termos de iniciativa de divulgação dos países de língua portuguesa, da língua na cultura, no desporto, na economia e na diplomacia, se passou. Cada um por si, apesar do apoio dos brasileiros aos atletas portugueses.
Um fraquissimo trabalho, nesse aspeto, para uma enorme oportunidade
O encerramento dos Jogos Olímpicos do Rio suspende a chama olímpica de mais uns Jogos, para uns, mas uns que deveriam ser especiais para outros ( muitos).
Para os milhões de falantes do português, espalhados pelo mundo, a começar no país anfitrião – o Brasil, deveriam ser os inesquecíveis Jogos, independentemente dos resultados desportivos.
Os primeiros Jogos realizados em países de língua portuguesa, correndo-se a forte probabilidade de serem os únicos nas próximas décadas, decorreram com os episódios característicos do evento – o sonho, a vitória, a desilusão, o gesto olímpico, a competição, os hinos, as bandeiras – mas faltou o sal da língua mãe aquém e além mar.
Logo na sessão de abertura ficou o registo da base história e cultural de uma nação enorme. Logo aí se cantou e dançou em português. Estes Jogos, decididos realizar no Brasil há anos, não tiveram a sinergia causada por uma língua comum. Estranhamente, acrescento.
Não se viu uma iniciativa de homenagem ou promoção da língua mãe, lingua “irmanadora”, a não ser a deslocação do Presidente da República Portuguesa ao Rio de Janeiro. A CPLP falhou e Portugal estando ” em casa” ficou a falar consigo próprio.
Nada, em termos de iniciativa de divulgação dos países de língua portuguesa, da língua na cultura, no desporto, na economia e na diplomacia, se passou. Cada um por si, apesar do apoio dos brasileiros aos atletas portugueses.
Um fraquissimo trabalho, nesse aspeto, para uma enorme oportunidade.
Em Portugal há tiques. Navegàmos pelo tique do mar. Andamos, permanentemente com o tique do valor da nossa língua e quando chegam os momentos nem o bronze conseguimos realizar nos desígnios que nos enchem a boca.
Da riqueza da língua, no Rio dos Jogos, ficou a pobreza na falta de iniciativa e o acanhamento de um Portugal sem fala.
Até Tóquio. Em Japonês.
José Assis
AdvogadoSource: JO quando a lingua ficou em casa a falar consigo propria – Jose Assis – Seixal – – Rostos On-line
Nota: a transcrição está exactamente conforme o original. Para variar, desta vez não corrigi nem assinalei absolutamente nenhuma das asneiras.