Dia: 7 de Setembro, 2016

Portugal e (C)PLP “vão ajudar” à internacionalização da moeda chinesa | Hoje Macau

Renminbi? República Popular da China? Plano quinquenal do Governo chinês?

Mas o que diabo, perguntareis, têm estas chinesices a ver com o AO90 ou com a malaquenha “língua universal”?

Ora, que diabo, vejamos então o que têm as chinesices a ver com as idiotices.

Pistas.

É certo que, por algum insondável mistério, nesta notícia foi escamoteada a letra “C” da sigla “CPLP”; ficou só “PLP”, o que, convenhamos, até é engraçado. Mas o “espírito” da coisa está lá, é uma pista infalível, a CPLP está para o dinheiro assim como o dinheiro está para a CPLP.

Outra pista é Macau. Se bem que honrosamente resista ainda e sempre à invasão acordista, trata-se de uma zona “especial” que faz parte da República Popular da China. Portanto, aquele microscópico território pouco ou nada poderá piar quanto aos interesses do gigante chinês.

Mais uma pista: FMI. Vá lá, só mais uma: BES (“Novo Banco”). Pronto, está bem, ainda outra pista e depois acabou-se: basta contar o número de destaques a “bold”, ou seja, a quantidade de vezes em que se repete a relação de causa e efeito entre os interesses chineses e a CPLP.

Ora, a CPLP é uma central de negócios e o AO90 é a máscara da CPLP; logo, o AO90 é a máscara dos negócios da CPLP.


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Renminbi | Portugal e PLP “vão ajudar” à internacionalização da moeda chinesa

Por Joana Freitas – 7 Setembro, 2016

A criação do sistema de liquidação imediata do renminbi foi o primeiro passo para a internacionalização da moeda chinesa e a utilização de Portugal e dos Países de Língua Portuguesa como via para esse objectivo é o segundo passo. A menos de um mês do renminbi entrar no FMI, a comunicação do presidente da AMCM em Lisboa incidiu sobre aquilo que é uma das formas de abertura da China ao mercado internacional.

Já foi concluído no primeiro semestre o sistema de liquidação imediata de renminbi e agora o próximo passo é que os Países de Língua Portuguesa sirvam como meio para a internacionalização da moeda chinesa. É o que explica o presidente da Autoridade Monetária de Macau (AMCM) que relembrou, num seminário em Portugal, que o renminbi vai fazer parte do Fundo Monetário Internacional (FMI) (ver texto secundário).

O organismo dirigido por Anselmo Teng frisa no seu relatório anual de 2015 que estavam em marcha os trabalhos para a construção do sistema de liquidação imediata em tempo real em renminbi de Macau, sistema que foi concluído dentro do calendário previsto, no primeiro semestre deste ano, em Março. Numa resposta mais detalhada ao HM, a AMCM explica que o sistema serviu para facilitar também os negócios entre o território e os países de expressão lusa, de uma forma que veio ajudar Macau a firmar-se ainda mais como plataforma.

“Através da ligação com o China National Automatic Payment System (CNAPS), [este sistema] concretizou as facilidades de serviços de liquidação transfronteiriços em renminbi, alargando os meios de movimentação bilateral [da moeda]. Paralelamente, reforçou a ligação económica e comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa e elevou o papel de Macau como plataforma de serviços financeiros entre a China e [esses países], para consolidar as bases futuras”, indica o organismo numa resposta ao HM.

No seminário onde esteve presente, em Portugal, o presidente da AMCM reiterou esta ideia. É o próprio continente quem quer usar não só os Países de Língua Portuguesa, mas também Portugal como meio para a internacionalização da sua moeda, sendo este um dos objectivos estratégicos do Governo Central.

“A adesão formal, a partir do dia 1 do próximo mês, do renmimbi aos direitos de saque especiais do Fundo Monetário Internacional simbolizará um importante marco no caminho da internacionalização [da moeda]. Com o avanço contínuo desta etapa, estamos crentes de que o renminbi será cada vez mais procurado no mercado internacional e será uma moeda de ampla utilização (…)”, disse Anselmo Teng, no seminário”Serviços financeiros, estímulo e cooperação entre a China e os Países de Língua Portuguesa, com a RAEM como plataforma”, que contou com a Caixa Geral de Depósitos na organização.

“Com base no volume de importações e exportações entre a China e os países de língua portuguesa, ascendendo a 98,5 biliões de dólares em 2015 (…), pode-se verificar que o espaço de desenvolvimento associado ao uso transfronteiriço do renminbi nas relações comerciais a desenvolver pela China e pelos Países de Língua Portuguesa será muito amplo”, frisou ainda.

Foco das atenções

Na resposta ao HM, a AMCM relembra que as Linhas de Acção Governativa sempre tiveram como objectivo “reforçar a plataforma de serviços comerciais entre a China e os Países de Língua Portuguesa, promover a cooperação com os serviços financeiros regionais, manter em geral o desenvolvimento estável da economia e aperfeiçoar continuamente as infra-estruturas financeiras de Macau”. Algo que está constantemente a ser falado, mas que ocupa, agora, um lugar mais elevado devido ao 13.º Plano Quinquenal do Governo chinês. Plano que tem, entre os seus objectivos, abrir o mercado de capitais do país e desenvolver a moeda chinesa, pelo que as várias autoridades do país estão a reforçar as relações com o exterior nesse sentido.

Também o director-geral do Shanghai Municipal Financial Services Office, Zheng Yang, salientou em Lisboa a necessidade de reforçar as relações comerciais entre o mercado português e a China, considerando que “Portugal é o mais importante parceiro de negócios da China na União Europeia”, enquanto a “China é o décimo maior mercado das exportações e o sétimo maior mercado das importações de Portugal”. Zheng Yang defendeu que é altura de haver uma melhoria na “cooperação em serviços financeiros entre Xangai, Macau e Lisboa”. Xangai é um dos mais importantes centro de negócios e financeiro do continente.

Também o responsável pela representação em Lisboa do Bank of China, Xiao Qi, afirmou que o banco está muito envolvido na internacionalização da moeda chinesa e oferece uma série de produtos e serviços em renmimbi nos 50 países e regiões em que está presente, incluindo em Portugal.

Actualmente, o sistema de liquidação imediata em tempo real em renminbi de Macau tem 28 instituições financeiras. Presta serviços de liquidação aos clientes dos bancos, no âmbito dos câmbios da moeda chinesa e de transferências de fundos nessa moeda entre os bancos. Para a AMCM, o funcionamento do sistema traz também um aperfeiçoamento das infra-estruturas financeiras de Macau.

“Não só beneficia a gestão do risco de liquidação em renminbi e eleva a eficácia da liquidação, como também promove o aprofundamento da cooperação financeira regional”, reforça a AMCM.

O sistema demorou 15 meses para entrar em vigor, depois de testes e ensaios virtuais. Avaliações concretas sobre o sistema não as há, mas a AMCM assegura que este está “a funcionar estável e fluentemente”.

O seminário em Lisboa contou com a presença de um membro da nova administração da Caixa Geral de Depósitos, Emídio Pinheiro, que frisou que o banco público quer ajudar nas ligações comerciais entre Portugal e a segunda maior economia do mundo.

(mais…)

Pequeno Tratado da anulação das almas [por Olga Rodrigues]

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Os textos que seguem poderão ser lidos e interconectados entre si. Permitem múltiplas leituras e exprimem diferentes dimensões de uma mesma questão.

Apesar da organização funcional do conjunto textual assumir uma forma gradativa, cada um dos seus elementos poderá possuir uma existência separada pois trata-se de diferentes facetas que correspondem a diferentes abordagens do mesmo problema. Apresentá-los juntos serve apenas para reforçar e conferir maior visibilidade àquilo que queremos transmitir.

Assim, o primeiro texto serve essencialmente para desmontar a falsa ideia da falta de alternativas que, supostamente, nos conduz ao único e inevitável caminho da unificação (?) ortográfica. Pretende também demonstrar os critérios meramente economicistas que estão por trás do AO90.

O segundo texto pretende demonstrar que os fundamentos do AO, longe de estarem assentes em razões científicas, como querem fazer crer os seus promotores, assentam em pressupostos da mais pura mitologia, visando criar os fundamentos de uma crença baseada unicamente em pressupostos artificiais e propositadamente erróneos.

O terceiro texto, corolário lógico dos dois textos anteriores, visa demonstrar como se estão a pôr em marcha diversos mecanismos que pretendem tornar os indivíduos capazes de se tornarem instruíveis e por isso, incapazes de verdadeira autonomia, não só intelectual e cognitiva como também da autonomia da vontade, cortando assim a ligação que todos os indivíduos possuem com algo que não é puramente físico nem puramente intelectual mas algo transcendente que, à falta de melhor nome, será designado por alma.

É a anulação dessa porção de transcendente que há em nós que permite a despersonalização e descaracterização dos indivíduos e sua consequente apropriação por parte de um pequeno grupo dominante.

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O AO 90 e a TINA (1)

Qual é a relação que este acrónimo (que significa “there is no alternative”) tem com o AO90?

É que também este nos foi impingido como uma inevitabilidade, algo a que não se pode escapar, por mais que se queira.

A questão é-nos apresentada de uma forma aparentemente simples mas que não admite réplicas: o Brasil tem o maior número de falantes de língua português no mundo, logo pode ditar regras aos demais países que também falam e escrevem em português.

Se a esta ideia-chave juntarmos a cultura do empreendedorismo que assenta na venda /delapidação do que é de todos para maior lucro de alguns, temos o caldo de cultura perfeito para que uma iniciativa desta natureza vingue e prospere.

Os criadores e propagadores do AO, como qualquer bom vendedor de banha da cobra, juram e trejuram que o dito cujo é bom para tudo; vai ser decisivo para a maior divulgação dos autores portugueses no mundo; vai facilitar a aprendizagem da leitura e da escrita; vai projectar a língua portuguesa no plano internacional.

A quem, mesmo depois de apresentadas todas estas “vantagens”, ainda continuar a duvidar de tão belos intentos, será considerado, sem apelo nem agravo, “retrógrado”, “atrasado” ou “resistente à mudança”.

Se mesmo depois de, directa ou indirectamente, ter sido mimoseado com tão belos epítetos, ainda persistir na “heresia”, então passará a ter advertências mais sérias, como a indicação expressa de obrigatoriedade de utilização do AO nos diversos organismos do Estado e em cada vez mais empresas privadas ou a ameaça directa de penalização em testes e exames se for estudante.

E assim se vai cimentando a famosa TINA ou “there is no alternative” sempre por via da prepotência e da utilização abusiva do poder e da coerção por parte do Estado e não de uma verdadeira alternativa ao AO.

Na verdade, as alternativas existem, sendo a melhor e mais eficaz a REVOGAÇÃO pura e simples do AO pois um erro crasso como este de vimos falando, devido à sua extensão e gravidade das suas consequências, não é passível de correcção ou revisão e muito menos objecto de um referendo, seja ele qual for, pois não se referendam soluções que à partida quase toda a gente sabe ou pelo menos pressente que são erros, mas sim opções que poderão ser válidas, ainda que discutíveis, o que não é o caso deste AO.

Pequena lição de mitologia contemporânea (2)

Podem-se atribuir falsas reivindicações de estatuto científico não apenas por pura sede de prestígio ou visão errónea do conhecimento mas como uma tentativa deliberada de impor uma construção mental que visa fins única e exclusivamente políticos de dominação e controlo.

Tais falácias não são só erradas do ponto de vista filosófico, são também socialmente destrutivas.

Conferindo um manto de (falsa) cientificidade ao AO pretendem arredá-lo do escrutínio público, não admitindo que seja objecto de opinião, ainda que mediada por argumentos de razoabilidade. Qualquer opinião manifestada sobre este assunto, sobretudo quando exprime uma posição contrária ao AO, é qualificada de mera “resistência”.

O cínico cientismo, traduzido por uma falaciosa extensão dos pressupostos científicos a tópicos sociais, não passa de uma máscara que cobre a despótica imposição de algo inaceitável, tentando fazer passar por ignorantes todos aqueles que refutam este miserável AO.

Questões humanas, ou de condicionamento político, como é o caso que nos ocupa, devem ser colocadas em termos puramente humanos e qualquer tentativa, por mais sofisticada que seja de relegar a questão para um plano meramente científico, nada mais exprime do que uma confusão conceptual.

O que acontece quando tentamos exprimir ideias que pertencem exclusivamente ao campo da moral, da ética e da política através de termos puramente científicos é que além de os desprovermos do seu significado intrínseco não estamos a construir nenhum tipo de conhecimento científico mas apenas forjar uma (neste caso fraca) peça de mitologia contemporânea.

Da anulação das almas

E assim se vai cumprindo, paulatina, lenta e inexoravelmente a despersonalização dos indivíduos. E a despersonalização conduz à alienação, etapa indispensável para que se efectue o corte entre o indivíduo e o transcendente, algo que está acima dele e lhe confere uma dimensão transcendente.

Nunca como agora o ressurgimento de velhos fantasmas constituiu uma tão grande ameaça. Nunca como agora o Santo Ofício esteve tão perto de regressar ao nosso convívio social em toda a sua pujança. Chame-se ele Santo Ofício, Sagrada Ciência, Impenetrável Autoridade, Bom Gosto ou até… Unificação… ou até… Acordo. Ah! Acordo o teu nome é Santo Ofício! O teu nome é despersonalização, anulação, esterilização do que melhor podemos oferecer a toda a gente! O teu nome é perseguição, é tornar réus os inocentes; pessoas honestas em heresiarcas, quais novos judeus cujo o único crime foi escolher o Livro (ou Regra) que queriam seguir e não aquele que lhe queriam enfiar goela abaixo!

Tudo isto perpetrado por candidatos a Alquimistas que, por terem sucumbido de forma vil à cegueira do ouro, nunca serão mais do que reles aprendizes de feiticeiro que decompõem sem criar. Um dia, mais tarde ou mais cedo, descobrirão que o cintilante ouro que lhe entregaram a troco das suas “feitiçarias”, nada mais é do que matéria putrefacta.

A Flor está-lhes obviamente interdita e esse será o seu maior castigo.

Mas entretanto estragarão o que puderem e submeterão toda a gente aos seus nefandos desígnios.

E isso também lhes estará obviamente interdito enquanto houver quem lhes queira fazer frente!

Olga Rodrigues


(1) https://pt.wikipedia.org/wiki/TINA_(slogan)
(2) Com a colaboração involuntária de Gary Saul Morson sobre a filosofia de Stephen Toulmin, aqui:
http://www.newcriterion.com/articles.cfm/The-tyranny-of-theory-8076

«Acentos sem assento» [Bagão Félix, “Público”]

logo_shareAcentos sem assento

6 de Setembro de 2016, 11:10
Por António Bagão Félix

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A relação dos portugueses com os acentos não é pacífica, sejam eles agudos, graves ou circunflexos. E, já agora, também não é boa com alguns assentos, mais os lavrados do que os sentados. Já dizia Machado de Assis que “escrever é uma questão de colocar acentos”.

Há dias, a selecção portuguesa jogou com a equipa do rochedo britânico de Gibraltar, certamente para preparar os difíceis jogos de apuramento para o Mundial 2018 em que enfrentará as Ilhas Feroé e Andorra. Pois nesses dias, antes e durante a gloriosa vitória lusa, não houve vivalma nas televisões que tivesse pronunciado bem a palavra Gibraltar. Este nome não tem origem anglófona, antes deriva do árabe (corruptela de Jabal-al-Tariq, que significa monte de Tariq). Em vez de acentuarem a última sílaba, todos a transformaram em palavra grave pronunciando-a como “Gibráltar”. Felizmente que Trafalgar, outra palavra que é de origem árabe e não inglesa, já só faz parte da história, senão lá teríamos que gramar nos noticiários “Trafálgar” em vez de “Trafalgár”.

Estes são erros que, pela insistência, se tornaram “normais”. Já Horácio dizia nas suas Epístolas que “uma vez lançada, a palavra voa irrevogável.” E de tal sorte que, quando certas palavras são bem pronunciadas, é como se fossem mal ditas (e quase malditas…). Outro exemplo bem consolidado é Flórida em vez de Florida. Tal qual – saindo agora da geografia – quando em vez de se dizer acordos com o o fechado (ô) , se prefere erradamente pronunciar com esta vogal aberta (acórdos). Será que a moda vai chegar aos “abórtos”?

Já no domínio da saúde há, entre várias, três palavras que são, amiúde, mal pronunciadas: hepatite, bactéria e vacina. Se quanto a esta última a acentuação esdrúxula (cina) é mais regional do que nacional, quanto às outras duas, as televisões e a maioria dos profissionais de saúde preferem o esplendor do acento tónico deslocalizado e esdrúxulo, “hetite” em vez de se ler como palavra grave ou paroxítona. Caso ainda mais estranho, é ouvir-se “ctéria”, ou seja como se tivesse dois acentos, quem sabe se para melhor eficácia antibiótica…

Agora com o (des)acordo ortográfico, o velhinho acento circunflexo ficou também reduzido a uma insignificância e, em alguns casos, simplesmente despedido como nas palavras paroxítonas terminadas em duplo o. No futebol, por exemplo, teria que escrever: abotoo a bota, enjoo com os truques de certos jogadores, roo as unhas em alguns jogos, moo o juízo depois de uma derrota, abençoo a sorte que, por vezes, é preciso ter. Mas não voo como a águia, nem leiloo o meu cartão de sócio.

Enfim, uma plétora de erros e alterações a despropósito, perdão pletora.

Source: Acentos sem assento – Tudo Menos Economia – PÚBLICO

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