Acordo ortográfico para totós – 2

O “cagado de fato na praia”

O “acordo ortográfico” é…

…terrorismo linguístico baseado em contra-informação propagada por supostos (e alguns inocentes) anti-acordistas.

Em 1986 foi esgalhada uma primeira versão do AO em que se fingia prever a abolição dos acentos nas palavras esdrúxulas. Depois os acordistas fingiram ter deixado cair essa ameaça na versão final (AO90), conseguindo assim fazer passar absurdos de igual calibre mas aos quais as pessoas não deram grande importância, de tão assustadas que ficaram com a primeira ameaça. Trata-se, em suma, de ameaçar com um absurdo para fazer passar outro absurdo como se este fosse um “mal menor”.

Esta “Canção do Gonçalo (Acordo Ortográfico)“, de Ana Faria, foi publicada na ressaca desse primeiro susto, ainda no ano de 1986.

Foi, portanto, à conta desta originalíssima táctica terrorista que os acordistas lançaram o isco aos peixinhos mais distraídos — os quais engoliram de imediato o dito isco e, de brinde, tragaram também o anzol, a chumbada, o carreto e a cana. Do que resultou a imediata propagação de uma série de tretas, das quais a mais conhecida é a “lindeza” de que se junta “foto tipo passe”.

cagado

E assim conseguiram os ditos acordistas pôr os ditos peixinhos a trabalhar para eles: as tretas que fingiram retirar do AO90, como se isso fosse uma cedência, passaram a funcionar a contrario, ou seja, quem fala em “fatos”, em “cagados” ou em abolição de acentos nas palavras esdrúxulas está a mentir (o que é exacto), não percebe nada do assunto (idem) e não leu o texto do AO90 (pois claro que não, como 99,999% das pessoas).

Chama-se a isto terrorismo linguístico. E funciona, como se vê (e ouve).