Dia: 11 de Novembro, 2016

Acordo ortográfico para totós – 4

populaire_2012Como vamos vendo, lendo e ouvindo, o AO90 é um verdadeiro festival de aldrabices. Uma das mentiras mais desconchavadas — e a mais sistematicamente repetida, por sinal — é a da “ortografia unificada”, essa gigantesca patranha impingida a papalvos como insinuação de que já “só falta um bocadinho assim” para “termos” uma “língua única”, o fabuloso “português universal” que irá “promover a língua portuguesa no mundo”, em especial porque, entre outras maravilhas, aquela espécie de “patuá universal” vai passar a ser “língua oficial da ONU”, ena, ena, mas que luxo de peta.

O mais espantoso não é que os aldrabões acordistas aldrabem, pois claro, estão no seu elemento natural de vendedores de banha-da-cobra, aquilo que de facto surpreende no embuste   malaquenho-bechariano é que alguém (em seu perfeito juízo) consiga engolir tais enormidades, tão intragáveis aldrabices.

Aqui fica mais uma demonstração prática de como aqueles fulanos mentem com quantos dentes têm na boca: vejamos dois “trailers” do mesmo filme, neste caso, ‘A Dactilógrafa’ (“Populaire”, de Régis Roinsard, 2012); nem é preciso indicar qual deles é para promoção do filme em Portugal e qual o que serve para o mercado brasileiro.

Ambos os “trailers” são exactamente os mesmos e têm sensivelmente a mesma duração: a legendagem  da versão tuga está acordizada (o AO90 não é obrigatório coisa nenhuma mas o tuga adora vergar a mola) e a versão brasileira está em… brasileiro. Qualquer pessoa (normal) pode verificar com toda a facilidade: as legendas são completamente diferentes!

Pois claro. Nada de surpreendente. Mesmo estando já a versão portuguesa adulterada segundo os ditames brasileiros (e, ainda assim, divergente), o que aqui temos é sintaxe diferente e  léxico diferente; portanto, duas traduções que pouco ou nada têm em comum.

“Língua universal”? O tanas!

A propósito: como é que se diz “o tanas” em brasileiro?