Dia: 13 de Novembro, 2016

«Conferência da CPLP em Brasília: comeram e beberam» [“Gazeta Digital” (Brasil)]

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gazetadigital_br_logoConferência da CPLP em Brasília

Segunda, 07 de novembro de 2016, 00h00

Pio Penna Filho

 

 

Aconteceu na semana passada, em Brasília, a XI Conferência da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). A Comunidade foi criada em 1996 e é formada por 9 países: Brasil, Portugal, Angola, Cabo Verde, Moçambique, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Timor Leste e Guiné Equatorial. Além desses, existem os observadores associados, com os seguintes países: Namíbia, Ilhas Maurício, Senegal, Turquia, Japão, Geórgia, Hungria, República Checa, Eslováquia e Uruguai.

Embora a Comunidade tenha completado 20 anos de existência, pouco se fala dela no Brasil. É bem provável que o desconhecimento público da CPLP no Brasil seja decorrente da falta de resultados concretos da Comunidade. Em quase todas as suas conferências os documentos finais apresentam um verdadeiro rosário de intenções, que quase nunca são levados adiante.

A CPLP foi criada para congregar os países de língua portuguesa espalhados pelo mundo e tem por objetivo dotar esses países de um fórum que propicie a concertação política e diplomática e a cooperação entre os seus membros, além de difundir a língua portuguesa pelo mundo.

Fica evidente, entretanto, que além de ter avançado pouco em termos de resultados, a Comunidade acabou entrando numa espécie de desvio de rota. A prova mais eloquente disso foi a admissão de um país que não fala português como membro efetivo da CPLP.

Nesse sentido, a entrada da Guiné Equatorial pode ser vista como uma mudança em seus propósitos iniciais, afinal de contas, o que justificaria a entrada de um país que não possui laços linguísticos, históricos e culturais com a maior parte dos membros da CPLP?

Mas além da questão da Guiné Equatorial, e até mesmo mais importante, são as divergências entre os próprios membros originais. Brasil e Portugal, por exemplo, tem distintas visões acerca da CPLP e isso contribui para a sensação de inoperância da Comunidade. Ademais, os países africanos de língua oficial portuguesa também não demonstram muito entusiasmo com o bloco. Posição seguida também por Timor Leste.

Um exemplo do quase fiasco da CPLP é a dificuldade em implementar o já desgastado acordo ortográfico.A ideia era reformar a língua portuguesa para que houvesse mais convergência entre os países que a usam, unificando a sua grafia. Contudo, o acordo continua sofrendo fortes resistências para sua implementação entre a maior parte dos Estados membros. Até hoje, na verdade, apenas três países o colocaram em vigência e mesmo assim com muita confusão.

É difícil acreditar que a Conferência de Brasília vá renovar a CPLP, dando-lhe novo fôlego. De novo, os representantes se sentaram à mesa, conversaram, comeram, beberam, e aprovaram um documento para lá de vago, sem nada de concreto, apesar do pomposo título de uma “Nova Visão Estratégica da CPLP (2016-2026)”.

Assim, é muito provável que cheguemos a 2026 mais ou menos como estamos hoje: cada um dos países membros da CPLP cuidando dos seus assuntos de forma individual e mantendo a aparência de que somos uma verdadeira comunidade.

Pio Penna Filho é professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB) e pesquisador do CNPq E-mail: piopenna@gmail.com

[Transcrição de: Gazeta Digital (Brasil). Destaques e “links” meus.]

O brasileiro será a 7.ª língua oficial da ONU?

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Parece que já foi há décadas mas na verdade passaram-se apenas alguns meses desde que o Presidente português fingiu que pretendia reabrir o “dossier acordo ortográfico”. Nada de mais ilusório, evidentemente. A coisa não passou de mero arrufo entre Marcelo e Malaca. Os políticos são assim, a política não passa disto mesmo: treta, treta e mais treta. Cada qual finge o mais que pode, o bom povo que lavas no rio engole tudo e mais alguma coisa.

O AO90, essa carroça de loucos furiosos puxada por uma parelha de bois com doutoramento, pode afinal contar com uns empurrões do professor, comentador, recordista mundial de leitura,  gajo simpaticíssimo, beijoqueiro de “populares” e tirador profissional de “selfies”.

A suprema patranha geralmente atrelada ao “acordo”, isto é, que a coisa serviria — entre outras não menores artistices — para elevar a “língua portuguesa” à “dignidade” de “língua oficial da Organização das Nações Unidas”, conta agora com o alto patrocínio do não menos alto magistrado cá da “terrinha”, como ternurentamente chamam os brasileiros a Portugal.

A “variante portuguesa” da língua brasileira foi já totalmente eliminada dos sistemas informáticos em geral e foi em particular exterminada nos motores de busca (Google), em todos os bancos de dados, agregadores de informação ou enciclopédias virtuais (Wikipedia).

Por conseguinte, apenas um perfeito imbecil poderá ter a mais ínfima dúvida sobre qual seria a 7.ª língua oficial da ONU, no improvável caso de americanos, ingleses, russos, espanhóis, franceses, chineses e árabes estarem pelos ajustes: caso vingue o “cambalacho”, será a língua brasileira, pois qual é a dúvida, essa “língua” que Marcelo e outros que tal andam por aí a promover com o rótulo de “portuguesa”.

A rádio ONU “em português” já é 100% brasileira há pelo menos dois anos, “viu, sô”? Só falta tornar a própria ONU também “radioativa”.

Presidente de Portugal diz que promoção da língua é tarefa de todos | Rádio das Nações Unidas

Em entrevista à Rádio ONU, no mês passado, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que os oito Estados irmãos que falam o português devem assumir a tarefa de difundir o idioma no mundo; segundo ele, a língua portuguesa é um ativo político e de cooperação.

Monica Grayley, da Rádio ONU.

 A promoção da língua portuguesa no mundo como língua de herança ou língua estrangeira deve ser uma tarefa de todos os países que têm o português como idioma oficial.

A declaração foi dada pelo presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, numa entrevista à Rádio ONU durante sua participação nos debates da Assembleia Geral, em setembro.

Cooperação

Neste trecho da entrevista, até então inédito, Rebelo de Sousa afirma que a língua é um ativo político e que ao promovê-la em várias partes do mundo, os países lusófonos só têm a ganhar.

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