Dia: 15 de Dezembro, 2016

A maravilhosa “projecção internacional da língua portuguesa”

Eurodeputado falha cimeira por falta de tradução para Português

 

Comunista João Ferreira recusa-se a aceitar a “exclusão da língua portuguesa” da Assembleia Parlamentar Paritária ACP-EU, que vai decorrer em países onde a língua oficial é o português.

O eurodeputado João Ferreira cancelou a sua participação na sessão parlamentar que se vai realizar no Quénia este sábado, como forma de protesto pela não disponibilização, por parte do Parlamento Europeu, de serviços de tradução para português.

A revelação foi feita pela delegação do PCP que, em comunicado, explica que este é um protesto formal e faz questão de lembrar que “de acordo com as regras vigentes, o português é uma das cinco línguas oficiais da Assembleia Parlamentar Paritária ACP-UE”.

Para além de ser uma das línguas oficiais da União Europeia, o português é também a língua oficial de seis dos países que integram esta Assembleia (Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste), explicam os comunistas no comunicado, acrescentando que é “inaceitável” esta “exclusão da língua portuguesa”.

João Ferreira deveria participar na Assembleia Parlamentar Paritária ACP-UE, que terá lugar em Nairobi, no Quénia, entre os dias 17 a 21 de dezembro e que reúne deputados do Parlamento Europeu e parlamentares de 78 países de África, Caraíbas e Pacífico. Nesta Assembleia, o eurodeputado comunista ocuparia a vice-presidência.

Source: Eurodeputado falha cimeira por falta de tradução para Português

 

Nota do Gabinete de Imprensa dos Deputados do PCP ao PE

Deputado do PCP no Parlamento Europeu cancela participação na Sessão da Assembleia Parlamentar Paritária ACP-UE em protesto pela ausência de interpretação de/para Português

15 Dezembro 2016, Estrasburgo

O deputado do PCP no Parlamento Europeu, João Ferreira, Vice-Presidente da Assembleia Parlamentar Paritária ACP-UE – que reúne deputados do Parlamento Europeu e parlamentares de 78 países de África, Caraíbas e Pacífico – decidiu cancelar a sua participação na próxima sessão desta Assembleia, que terá lugar em Nairobi, no Quénia, de 17 a 21 de Dezembro, em protesto pela não disponibilização pelo Parlamento Europeu de serviços de interpretação activa de Português.

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Si bô ‘screvê’ me ‘m ta ‘screvê be

“SODADE”

Quem mostra’ bo
Ess caminho longe?
Quem mostra’ bo
Ess caminho longe?
Ess caminho
Pa Sao Tomé

Sodade sodade
Sodade
Dess nha terra Sao Nicolau

Si bo ‘screve’ me
‘M ta ‘screve be
Si bo ‘squece me
‘M ta ‘squece be
Até dia
Qui bo voltà

Sodade sodade
Sodade
Dess nha terra Sao Nicolau

O Português na hora di bai?

Em Cabo Verde, o Português vai ser ensinado como língua estrangeira. Vamos muito bem unificados, como se vê.

15 de Dezembro de 2016, 7:00

Nuno Pacheco

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Perdida no turbilhão do noticiário geral, passou despercebida uma notícia relevantíssima para o futuro do Português: a de que este vai passar a ser ensinado como língua estrangeira em Cabo Verde, já no próximo ano lectivo.

Antes que comecem já a atirar pedras aos cabo-verdianos, convém atender às razões de tal opção. Já em 2010, o conhecido escritor Germano Almeida defendia, em entrevista à Lusa, o ensino do português como língua estrangeira. Argumentos: “Não podemos pensar que o cabo-verdiano fala o português desde criança, porque não fala. Vemos alunos que terminam o décimo segundo ano e falam mal o português. Há professores que também não sabem falar português, portanto, só podemos concluir que o ensino está a falhar”. Mais: “Portugal, Brasil, Angola não precisam de contactar connosco, nós é que precisamos de contactar com eles, então o português para os cabo-verdianos é essencial. Os cabo-verdianos não são bilingues e por isso precisamos começar a ensinar o português como língua estrangeira”.

Seis anos depois, é a Ministra da Educação de Cabo Verde, Maritza Rosabal, que vem anunciar a iniciativa: “A língua portuguesa é abordada como língua primeira de Cabo Verde, quando não é. Temos uma eficácia do sistema muito baixa, onde apenas 44% das crianças que começam o primeiro ano finalizam o 12.º em tempo. Temos muitas perdas”. Mais: “O Brasil exige provas de língua portuguesa aos nossos estudantes, o Instituto Camões exige provas de língua portuguesa o que quer dizer que apesar de estarmos no espaço lusófono, começamos a não ser reconhecidos como um espaço com proficiência linguística em português”. Ou: “Toda esta duplicidade linguística afecta o processo. Reconhecemos que a nossa língua materna é o crioulo, mas como língua instrumental de trabalho e de comunicação temos de fortalecer a língua portuguesa”.

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