Quatro. Vejo quatro dedos.

https://youtu.be/tN2eqWz9LXU?t=1h14m47s

«O “acordo ortográfico” é… …terrorismo linguístico baseado em contra-informação propagada por supostos (e alguns inocentes) anti-acordistas. Em 1986 foi esgalhada uma primeira versão do AO em que se fingia prever a abolição dos acentos nas palavras esdrúxulas. Depois os acordistas fingiram ter deixado cair essa ameaça na versão final (AO90), conseguindo assim fazer passar absurdos de igual calibre mas aos quais as pessoas não deram grande importância, de tão assustadas que ficaram com a primeira ameaça. Trata-se, em suma, de ameaçar com um absurdo para fazer passar outro absurdo como se este fosse um “mal menor”.»

Acordo ortográfico para totós – 2 (09.10.16)

 

Em essência, a táctica agora é a mesma.

As diversas seitas acordistas e gangs associados fingem ameaçar com uma suposta “revisão” do AO90, o “governo” deita mão da sua agência oficial de contra-informação (a “Lusa”) para difundir que o senhor ministro manda dizer que não, nada disso, num Tratado internacional não se mexe, blábláblá.

As seitas fingem insistir (há que esgotar a paciência das pessoas, levá-las à exaustão extrema) e o “governo” finge continuar a resistir, porque blábláblá e tal e tal e coiso.

Por fim ambas as partes — que são a mesma parte mas faz de conta que não entendemos isso — fingem ceder um pouco nas suas posições “antagónicas” e pronto, assunto resolvido, faça-se lá então a revisãozinha, ou seja, “adote-se” definitivamente a ortografiazinha brasileira com umas excepçõezinhas, para já e até ver, mais tarde se exterminarão quaisquer vestígios de identidade nacional que sobejarem, haja calma.

Chama-se a isto, em jargão político, “criar as condições para”. O que equivale a dizer que “criar as condições” pára.

Pára a oposição séria, vencendo-a pelo cansaço. Pára a contestação real, esvaziando-a (aparentemente) de sentido. Pára, em suma, o raciocínio das pessoas pela enxurrada “noticiosa”, pára o seu discernimento paralisando-o pelo terror da “falta de alternativa”.

Por alguma razão andam a entreter o pagode com o acento em “pára”. Sabem-na toda, os políticos mai-los seus paus-mandados.

«Rever, corrigir, melhorar o AO90. A ideia tem barbas e já se percebeu que a isso mesmo se resumem as intenções de assumidos acordistas e de supostos anti-acordistas em igual número. Ambas as seitas passaram todos estes anos a entreter o pagode, uns fingindo que o aleijão era para ficar assim mesmo, outros a fingir que pretendiam acabar com a maleita, mas por fim, conforme infalíveis sinais emitidos por uns e por outros desde pelo menos 2013,  aí os temos chegando a uma forma explícita de entendimento tácito — desde há muito delineado, se não mesmo combinado ao pormenor — em que os interesses de todos eles (os assumidos e os supostos) ficarão salvaguardados.

Toca a música, ora aí está, começou a dança das cadeiras. Os membros efectivos dos dois grupos aparentemente antagonistas pretendem, hoje como antes, literalmente e apenas, salvar a própria pele e ainda vir a ganhar alguma coisinha (que se veja) nessa operação de epidérmico salvamento. Daí as mais recentes (e ainda mais descaradas do que era costume) “notícias”, todas elas muito profissionalmente cozinhadas, dando conta de inúmeras movimentações (…).»

Como diz a outra (15.03.16)
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