Desta recente audição parlamentar sobre o AO90 destaco, pela sua relevância política, a intervenção da deputada Teresa Caeiro, do CDS-PP.
Parece-me, aliás, tratar-se de uma intervenção não apenas politicamente relevante — até porque é secundada na mesma ocasião por uma deputada do extremo oposto do espectro partidário — como se trata também de um discurso algo surpreendente, quando não desconcertante: então só agora percebeu que o AO90 é uma catástrofe, senhora deputada? Não tinha ainda entendido a dimensão da fraude aprovada por larga maioria dos deputados, alguns dos quais da sua própria bancada parlamentar? Jamais lhe ocorreu que aquilo não passa afinal de uma gigantesca vigarice assinada “de cruz” e imposta selvaticamente aos povos de seis dos sete países da CPLP?
Bem, bem, bem. Mas que não seja por isso, senhora deputada. Poderá de facto não ter tido conhecimento das sucessivas golpadas que a tão catastróficos resultados conduziram. Nos “Passos Perdidos” perde-se de facto muita coisa, além de passos: se calhar, foi ali que alguém perdeu relatórios, pareceres, documentos que profunda e profusamente demonstravam a aldrabice “ortográfica”. E bem sabemos que, se não a maioria, pelo menos boa parte dos deputados que aprovaram a catástrofe anunciada não faziam a menor ideia daquilo em que estavam a votar.
Como muito bem diz, senhora deputada, as palavras são suas, “mais vale arrepiar caminho num erro do que persistir no mesmo”. E como lá diz por seu lado o povo, “mais vale tarde do que nunca”.
Seja Vossa Excelência muito bem vinda ao lado sério (e honesto) da “questão ortográfica”, senhora deputada Teresa Caeiro!
[transcrição] (na gravação, em baixo, a partir de 34:05)
Eu vou ser muito breve, até porque as questões principais já foram colocadas, mas eu não queria deixar de agradecer de um forma muito, muito empenhada às senhoras professoras o facto de terem disponibilizado o vosso tempo para virem aqui dar-nos exactamente estes argumentos técnicos, de forma a que se possam tomar atitudes políticas.