Sinopse
1. «Antes da CPLP, Obiang tentou Francofonia e Estados Ibero-americanos.»
2. «”O que houve foi uma venda de um lugar e Obiang pagou a alguém”.»
3. «Jorge Borges, antigo ministro das Relações Exteriores de Cabo Verde, disse que, “nas mesas visitadas, foi possível constatar que a votação ocorre de forma ordeira e pacífica, em linha com os procedimentos previstos na legislação nacional e com práticas internacionalmente reconhecidas”.»
4. «“Estou à espera de ser preso e que nos matem a todos aqui no partido, porque aqui não há Estado de Direito”, acrescentou o dirigente da oposição.»
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A oposição tem-se queixado da falta de liberdade política e de expressão, uma crítica que é subscrita por várias organizações não-governamentais.
Os principais líderes da oposição na Guiné Equatorial que concorrem nas eleições legislativas de domingo acusaram este sábado a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) de ter aceitado “vender” o lugar de país-membro ao Presidente Teodoro Obiang.
“O que houve foi uma venda de um lugar e Obiang pagou a alguém”, disse à Lusa Andrés Esono Ondo, líder da Convergência para a Democracia Social (CPDS) e um dos dirigentes da coligação Juntos Podemos que concorre nas eleições legislativas e autárquicas de domingo. Gabriel Obiang Obono, líder do Cidadãos pela Inovação, concorda com esta análise: “a CPLP foi comprada para permitir a entrada da Guiné Equatorial”.
Antes da CPLP, Obiang tentou Francofonia e Estados Ibero-americanos
“Estou à espera de ser preso e que nos matem a todos aqui no partido, porque aqui não há Estado de Direito”, acrescentou o dirigente da oposição, acusando Obiang de estar a tentar promover a passagem de poder para o seu filho.
Segundo Gabriel Obono, “90% dos representantes do partido CI foram impedidos de estar na mesa de voto” e foram “substituídos por amigos do regime que usdaram credenciais falsas”.
No relatório preliminar da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPPL), divulgado esta terça-feira em conferência de imprensa, Jorge Borges, antigo ministro das Relações Exteriores de Cabo Verde, disse que, “nas mesas visitadas, foi possível constatar que a votação ocorre de forma ordeira e pacífica, em linha com os procedimentos previstos na legislação nacional e com práticas internacionalmente reconhecidas”, tendo sido “registada a presença de representantes partidários na generalidade das mesas visitadas”.
O embaixador brasileiro em Malabo – o Brasil é o país que preside agora à CPLP – apresentou o antigo ministro cabo-verdiano e toda a conferência de imprensa foi traduzida para espanhol, uma das três línguas oficiais de Guiné Equatorial, a par do francês e do português.
Nem sequer houve uma crítica. Há representantes dos partidos que foram impedidos, há mesas que abriram sem boletins de todos os partidos, houve militares nas mesas de voto a intimidar, há uma coligação que apresenta apenas um símbolo no boletim” (numa referência ao PDGE, no poder) e “não ouvi nada”, limitou-se a dizer Esono Ondo.
O CI, de Gabriel Obiang Obono, queixa-se de que parte da missão da CPLP foi recebida pelo secretário-geral do Partido Democrático da Guiné Equatorial (PDGE), no poder, como foi indicado na televisão pública equato-guineense. “Queremos ser recebidos, se recebem uns recebem todos”, disse Obono.
Na conferência de imprensa de apresentação do relatório preliminar da CPLP, a agência Lusa tentou obter um comentário sobre este caso junto do chefe da missão, mas Jorge Borges não quis responder, limitando-se a dizer que a organização irá apresentar no futuro “recomendações” sobre o processo eleitoral, que constarão do documento final.
Gabriel Obiang Obono disse à agência Lusa que tem “medo quanto ao futuro”, depois das eleições de domingo.