Dia: 2 de Dezembro, 2017

“E, se necessário, unhas”

Idadismo*

* Texto publicado hoje no Jornal do Centro

1. Edviges Antunes Ferreira, presidente da Associação de Professores de Português, acaba de ter os seus cinco minutos de fama, ao declarar à Lusa que aceitava uma “revisão ligeira” (sic) do Acordo Ortográfico.

A stora avisa logo que não quer o regresso das consoantes mudas porque, para os alunos, “é muito mais simples escrever conforme falamos do que estarem a perceber ou a decorar, principalmente depois de ter abolido e estar a escrever de uma determinada forma, estar a voltar atrás” (sic). Tentemos perceber esta ideia enrodilhada — a stora quer que os alunos espetem “espetadores” nas frases porque agora seria difícil a eles, que são novos, “voltar atrás”.

Logo a seguir, Edviges derrama: “o nível etário das pessoas é bastante elevado, em média, o que significa que há sempre aquelas vozes, que são os ‘Velhos do Restelo’, que tudo que seja mudança, não a vêem com bons olhos” (sic). Esta “sociologia” da stora tem também, infelizmente, problemas de gramática e de lógica. Tentemos desnevoar a coisa: a mulher acha que os velhadas são mais que muitos e uns imobilistas.

Conclusão: os novos “veem com bons olhos” o espetanço de “espetadores” ou o lúbrico “arquitetas” nas frases, porque foi assim que os acordistas os ensinaram, e eles não podem mudar; já os “velhos do Restelo” que “vÊem com bons olhos” espeCtadores e arquiteCtas nas frases, porque foi assim que lhes ensinaram, são uns atrasos de vida.