1. O que é o “acordo ortográfico” de 1990?
Segundo alegam os que o inventaram, seria uma forma de “unificar” a Língua Portuguesa fundindo as duas variantes numa só — uma espécie de “Português universal”. Redonda mentira. O AO90, que ninguém pediu e que não serve para nada, é uma manobra política, com intuitos não apenas políticos mas também economicistas, impingida sob aparente cobertura técnica de “linguistas”, que consiste basicamente em impor a ortografia brasileira a todos os países da CPLP (outra invenção neo-imperialista brasileira).
2. Como surgiu o “acordo ortográfico” de 1990?
Surgiu do nada, sem qualquer necessidade ou justificação: nunca alguém pôs em causa a coexistência — até então pacífica — das duas variantes do Português. O “acordo ortográfico” foi assinado em 1990 mas já tinha havido tentativas de aniquilação da norma-padrão em 1975 e, de forma especialmente descarada, em 1986. Esta segunda versão de ensaio funcionou como chantagem: fingindo os “arquitetos” da fraude ceder em alguma coisa, pela eliminação de uma ou outra imbecilidade mais evidente ou escandalosa desse texto de 1986, criaram as condições para que, quatro anos depois, o AO90 parecesse um “mal menor”.
3. Porque foi feito o “acordo ortográfico” de 1990?
Para impor a “norma ortográfica” brasileira a Portugal e a todos os demais países (ex-colónias portuguesas) de Língua oficial portuguesa que sempre seguiram a norma-padrão. Esta imposição, de indisfarçável cariz neo-colonialista, foi inventada por motivos políticos com finalidades políticas e para facilitar as ambições brasileiras, servindo-se de uma “justificação” tão absurda quanto estúpida: o Brasil tem mais de 200 milhões de habitantes e é um país-continente, uma “potência” mundial (de segunda ordem mas isso não interessa), portanto há que “dar a primazia ao Brasil“.
4. Quem foram os autores morais do “acordo ortográfico” de 1990?
O AO90 é uma invenção cuja autoria moral é geralmente atribuída, entre outros, aos brasileiros Antônio Houaiss e Evanildo Bechara e aos portugueses Malaca Casteleiro e Luís Filipe Lindley Cintra. Estes foram assessorados na elaboração e difusão daquela aberração por mais uns quantos linguistas escolhidos a dedo pelos dois cabecilhas e pelo patronato político (e financeiro) destes. Concebido e posteriormente promovido por académicos (e técnicos) pagos pelo erário público, todo o processo deverá ter tido — embora disto não existam provas materiais, evidentemente, já que tal seria facilmente desmascarável — a inerente supervisão política por parte de agentes dos mandantes.
5. Como, quando, onde e por quem foi feito o “acordo ortográfico” de 1990?
A parte do “como” é um mistério insondável. Ninguém faz a mais pequena ideia de “como” foi esgalhada semelhante porcaria. O poviléu, por regra, não tem nada que meter o bedelho nestas coisas das “grandes esferas” em que gravitam, quais querubins luminosos, uns tipos com asinhas nas costas que sabem o que é que convém às massas ignaras.
Segundo a versão oficial, o AO90 foi elaborado em apenas 6 dias, entre 6 e 12 de Outubro de 1990, na Academia das Ciências de Lisboa, pelos representantes de
- Angola: Filipe Silvino de Pina Zau
- Brasil: Antônio Houaiss e Nélida Piñon
- Cabo Verde: Gabriel Moacyr Rodrigues e Manuel Veiga
- Guiné-Bissau: António Soares Lopes Júnior e João Wilson Barbosa
- Moçambique: João Pontífice e Maria Eugénia Cruz
- Portugal: Américo da Costa Ramalho, Aníbal Pinto de Castro, Fernando Cristóvão, Fernando Roldão Dias Agudo, João Malaca Casteleiro, José Tiago de Oliveira, Luís Filipe Lindley Cintra, Manuel Jacinto Nunes, Maria Helena da Rocha Pereira e Vasconcelos Marques
- São Tomé e Príncipe: Albertino dos Santos Bragança e João Hermínio Pontífice
Todos os países enviaram dois representantes, Portugal avançou com dez. Esta ridícula e pacóvia discrepância explica-se pela ânsia de fingir que era Portugal quem liderava o processo. Quando, é claro, nada disso, o golpe era brasileiro com a cobertura de mercenários nascidos em Portugal.
6. Quando, onde e por quem foi assinado o “acordo ortográfico” de 1990?
- Pela República Popular de Angola: José Mateus de Adelino Peixoto, Secretário de Estado da Cultura.
-
Pela República Federativa do Brasil: Carlos Alberto Gomes Chiarelli, Ministro da Educação.
-
Pela República de Cabo Verde: David Hopffer Almada, Ministro da Informação, Cultura e Desportos.
-
Pela República da Guiné-Bissau: Alexandre Brito Ribeiro Furtado, Secretário de Estado da Cultura.
-
Pela República de Moçambique: Luís Bernardo Honwana, Ministro da Cultura.
-
Pela República Portuguesa: Pedro Miguel Santana Lopes, Secretário de Estado da Cultura.
-
Pela República Democrática de São Tomé e Príncipe: Lígia Silva Graça do Espírito Santo Costa, Ministra da Educação e Cultura.
Santana Lopes, o mandarete de Cavaco Silva, desdobrou-se na altura em contactos e em viagens ao Brasil para tornar mais “expedito” o processo de extermínio do Português-padrão. O facto de a assinatura do AO90 “em nome de Portugal” ter ocorrido em Lisboa foi uma simples formalidade aborrecida (presumo), dada a conhecida apetência daquele “dandy” e “sportsman” por ambientes e climas mais solarengos do que, como foi o infeliz caso, o de Lisboa a tiritar em Dezembro.
imagem: Free images by pngtree.com