Os quatro conteúdos em baixo reflectem outros tantos factos:
1. Já em 2008 Malaca Casteleiro babujava uma das suas mentiras favoritas: «A língua portuguesa é a única com duas variantes que têm que ser traduzidas nas Nações Unidas.»
2. As Línguas oficiais (ou “de trabalho”) na ONU são seis: Árabe, Chinês, Inglês, Francês, Russo e Espanhol. Alguns documentos oficiais são também traduzidos para Alemão.
3. Das seis Línguas de trabalho utilizadas na ONU, as três originárias da Europa dividem-se em variantes: 18 de Inglês, 15 de Francês, 20 de Espanhol.
4. Em 2018 continuam em distribuição os dicionários das variantes de todas as línguas, incluindo os das respectivas reformas ortográficas. Em 2018 continuam em distribuição os dicionários de “Português do Brasil” e de “Português de Portugal”.
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Juntando estas quatro peças processuais, digamos assim, e simplesmente constatando o nexo de coerência entre elas, ou a sua coesão factual, ficamos com uma ideia clara da dimensão da patranha que babuja Malaca há 10 anos.
Evidentemente, uma coisa é “língua de trabalho da ONU” — são aquelas seis apenas, não consta que o “brasileiro” esteja sequer em cogitação — e outra coisa completamente diferente é a “tradução” dos documentos oficiais, discursos e conferências (tradução simultânea) para as diversas línguas dos 193 Estados-membros da ONU.
Evidentemente, cada país possui os seus próprios serviços de tradução especializados nas Nações Unidas: os do Reino Unido não utilizarão com certeza, para poupar uns trocos, as versões em Inglês produzidas pelos tradutores americanos (e vice-versa), o mesmo sucedendo com a França em relação à Bélgica francófona, ao Canadá francófono (Québec), ao Mali, ao Congo, ao Senegal ou até à Suiça francófona. Outro tanto sucede com a Língua espanhola: o Reino de Espanha não se serve das traduções feitas pelos serviços oficiais mexicanos, bolivianos, peruanos, venezuelanos ou chilenos, por exemplo.
Evidentemente, existem serviços de tradução portugueses especializados nas Nações Unidas (ou em assuntos e documentos da Organização), assim como o Brasil e Angola ou Moçambique produzem as suas próprias traduções oficiais.
Evidentemente, aquilo que se passa na ONU, no âmbito da tradução, passa-se de igual forma em todas as organizações intergovernamentais (UE-Parlamento Europeu, EFTA, NATO, FMI, InterPol, etc.): as traduções de documentos oficiais são em si mesmas documentos oficiais, próprios de cada Estado-membro.
Portanto, a conclusão evidente a retirar destas simples evidências é que Malaca mente, evidentemente, obedecendo como sempre à mesma premissa essencial: a finalidade da patranha não tem absolutamente nada a ver com as “duas variantes que têm que ser traduzidas nas Nações Unidas”, tem absolutamente tudo a ver com a eliminação sumária da “variante portuguesa” e a sua substituição integral pela sua (dele) querida “língua universal” — a brasileira.
Evidentemente.
1. A mentira de Malaca (2008)
“Acordo Ortográfico é uma medida pragmática”, diz Malaca Casteleiro
O “pai” do Acordo Ortográfico defende que a unificação do português é uma medida de pragmatismo que visa acima de tudo promover a língua portuguesa no mundo. Para Malaca Casteleiro, “no plano da lusofonia interna é lamentável que não exista um acordo”, contribuindo para situações que não passam uma boa imagem. “A língua portuguesa é a única com duas variantes que têm que ser traduzidas nas Nações Unidas“, refere.
Mas será o acordo determinante para o futuro da língua de Camões? No caso do inglês, do francês e do espanhol, por exemplo, existe algum tipo de acordo semelhante que unifique a ortografia nos países que assumem estas como as suas línguas oficiais?
No caso da língua inglesa, refere o British Council, não existe qualquer tipo de acordo ortográfico em termos gerais; apenas foi criado um International Legal Agreement, destinado a uniformizar a terminologia jurídica utilizada nos países que têm o inglês como língua oficial.
O caso francófono é diferente. A mais recente posição oficial sobre o assunto, de 2005, foi tomada pela Delegação Geral para a Língua Francesa e para as Línguas de França – uma estrutura de reflexão na alçada do Ministério da Cultura francês – e confirma o que havia já sido aprovado, em 1990, pela Academia Francesa, acolhendo uma série de rectificações que haviam sido recomendadas pelo Conselho Superior da Língua Francesa.
“Pequenas rectificações com vista a suprimir as anomalias, as excepções e as irregularidades”, lê-se na informação fornecida por Françoise Sabatelli, adida de cooperação educativa da Embaixada de França em Portugal. “Tais rectificações não atingiram, em média, mais do que uma palavra por página num livro normal”, mas, apesar de as rectificações serem ensinadas em muitos países francófonos, em França são ignoradas pelos professores, talvez pelo facto de serem simples recomendações e não imposições.
O espanhol, segundo fonte do Instituto Cervantes, também não é regido por nenhum tipo de acordo, dado que a nível ortográfico os vários países sempre coincidiram.
No entender de Casteleiro, o Acordo Ortográfico irá facilitar a comunicação entre os países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Em relação ao facto de não existir um acordo do mesmo tipo nas outras línguas, o linguista refere que, no caso inglês, “as diferenças entre as variantes são demasiado marginais para dar azo a um acordo”; já nos casos francês e espanhol, as academias de ambos os países conseguiram manter uma ortografia idêntica nos vários países, pelo que a questão nunca se pôs – salvo as correcções já referidas.
Para Ivo Castro, professor de Linguística na Faculdade de Letras de Lisboa, “a questão tem cem anos”. “O caso português é diferente dos outros. Não é comparável ao espanhol e ao francês, em que existiu um acordo entre academias e não entre governos. As coisas seriam mais naturais caso fossem conduzidas por academias e não por medidas governativas“, diz. Bruno Nunes.”
2. As Línguas oficiais da ONU
The Translation Services translate all official United Nations documents, meeting records and correspondence at Headquarters from and into Arabic, Chinese, English, French, Russian, and Spanish. Some official documents are also translated into German. (mais…)