Dia: 10 de Maio, 2018

“Cidadania cultural”? Yeah, right…

Estranhava (eu) a presença deste fulano em diversos eventos contra o AO90, entre 2011 e 2012, sempre que Vasco Graça Moura era o orador. Na altura, como (eu) ainda era um bocado “anjinho”, pensava que talvez o tipo fosse anti-acordista, ou assim. Pois, se não fosse, o que diabo estaria ele ali a fazer, invariavelmente mudo e quedo, encolhido a um canto, com seu sorrisinho seráfico por única companhia? Seria ele uma espécie de sombra (ou de “sombrero”) que se limitava a seguir fantasmagoricamente “nosso” Vasquinho?

Mais tarde, e não tardou muito, percebi: este acordista empedernido, que agora já nem disfarça, era amigo íntimo do dito orador. Presumo, por conseguinte, que acompanhasse seu amigo a ver se poderia aprender alguma coisinha.

Ah, pois, está bem. Não resultou.

Essas relações de amizade não tiveram jamais nada a ver com as ralações que agora despudoradamente manifesta, em “perfeito” acordês, em relação ao (como diz) “património” linguístico nacional. Fala neste seu textículo  de “Palmira (Síria)” e da devastação que fundamentalistas ali provocaram, mas poderia bem falar de Palmela (Portugal) e de todos os outros sítios da nossa terra onde outros fundamentalistas vão ocasionando não menor devastação no património histórico, cultural e identitário nacional. Mas isso, pelos vistos, não incomoda nada o “amigo”, tanto se lhe dá como se lhe deu.

Que tristeza, valha-me Deus. Digo eu.

O outro lado do património…

A motivação e a participação dos mais jovens constitui o desafio mais aliciante desta iniciativa.

Guilherme d’Oliveira Martins
“Público”, 8 de Maio de 2018, 6:04

 

A escolha do Património Cultural como o tema da União Europeia neste ano de 2018 não foi produto do acaso. Correspondeu à necessidade de dar um impulso novo a um projeto comum que não pode avançar sem a memória das raízes históricas e culturais e sem um forte desafio de aprendizagem, de inovação e de modernidade. Quando Plácido Domingo, presidente da Europa Nostra, pede para que simbolicamente todos possamos fazer do Hino da Alegria de Beethoven, com o magnífico poema de Schiller, no dia 9 de maio, um verdadeiro símbolo capaz de unir consciências em nome da liberdade, da igualdade, da diversidade, da paz e da solidariedade, está a dizer-nos que há uma herança comum que temos de respeitar e dignificar. Só a atenção e o cuidado, a salvaguarda e a proteção, o não esquecer e não abandonar podem permitir a abertura de horizontes no sentido do desenvolvimento humano. Não esquecemos o dia em que Denis de Rougemont e Albert Einstein idealizaram uma instituição como o CERN (o antigo Centre Européen pour la Recherche Nucléaire) para dar à energia atómica o sentido da paz em vez do estigma da guerra. E se recordamos esse facto é para deixar claro que o património cultural, como realidade viva, liga a cultura, a educação e a ciência. Por isso, Umberto Eco disse um dia que a diferença entre aqueles que não leem e aqueles que leem é que os primeiros vivem apenas algumas dezenas de anos, enquanto os segundos vivem o tempo da civilização, três ou quatro mil anos. De facto, só seremos dignos do que recebemos das gerações que nos antecederam se soubermos combater a ignorância e a mediocridade através da compreensão donde vimos e para onde vamos.

As iniciativas do Ano Europeu do Património Cultural são múltiplas, desde o estudo e investigação, do intercâmbio científico e técnico, do aperfeiçoamento profissional, da sensibilização e da informação, até à educação e à formação, à criação e à divulgação; no entanto, a motivação e a participação dos mais jovens constitui o desafio mais aliciante e exigente. Essa é uma das marcas que Portugal tem procurado definir como essencial, distintiva e prioritária. O envolvimento das escolas, das famílias e das comunidades no estudo, compreensão, conhecimento, na atenção e no cuidado do património cultural deverá representar um dos investimentos mais sérios e duradouros desta iniciativa. Será isso que ficará. Daí o envolvimento da Rede das Bibliotecas Escolares, do Plano Nacional de Leitura e da Universidade Nova de Lisboa neste Ano Europeu – permitindo às escolas e aos jovens cidadãos o contacto com diversas formas de património: monumentos, documentos, vestígios arqueológicos, tradições, manifestações artísticas, costumes, línguas, paisagens… Adotar um monumento ou uma tradição (da gastronomia ou do artesanato, da música ou das artes visuais), tornar compreensível um símbolo, impedir que algo de valioso culturalmente seja deixado ao abandono, usar as novas tecnologias para favorecer a ligação aos valores culturais e naturais, ir ao encontro de outras paragens, de outras regiões ou de outras culturas são atos fundamentais… Daí a importância de um culto do património que favoreça o respeito mútuo, o pluralismo, a diversidade e a importância dos valores comuns de culturas diferentes. Tudo isso permitirá entender o património cultural na sua plena riqueza, assegurando que quando terminarmos este Ano poderemos ter contribuído para fortalecer a consciência patrimonial e a cidadania cultural. Nada melhor do que os mais jovens para poderem continuar a tarefa essencial de assegurar que é a sociedade civil que deve assumir em suas mãos a responsabilidade de proteger e valorizar o património. Devendo o Estado garantir o enquadramento rigoroso e incentivador da qualidade, em nome do bem comum.

O que aconteceu há poucos anos em Palmira (Síria) obriga-nos a pensar seriamente – os monumentos foram barbaramente destruídos, mas o historiador que melhor conhecia essas preciosidades também foi morto. Afinal, só as pedras vivas, as pessoas, é que poderão dar força, valor e significado às pedras mortas. Eis por que razão a mobilização das escolas, dos alunos, dos professores e das famílias constitui a melhor marca de perenidade para esta iniciativa. O outro lado do Património tem a ver com a necessidade de irmos ao encontro da História e das Humanidades, no mais rico sentido de enriquecimento mútuo pelas diferenças…Assim continuaremos a criar condições para formar e mobilizar cada vez melhores educadores, investigadores e técnicos, sobretudo cada vez melhores cidadãos ativos, capazes de tornar o património cultural potenciador de desenvolvimento humano.

O autor escreve segundo o novo Acordo Ortográfico

Nota: por excepção, propositadamente, para não retirar um átomo ao horror que é assistir à demolição do Português por um fundamentalista, transcrevo a versão abrisileirada do original, conforme foi escrita pelo autor, pessoa raladíssima, segundo diz, com a “destruição do património” (com maiúscula inicial e tudo).

Imagem de topo de: “O Globo” (Brasil) – copyright JOSEPH EID / AFP

Banha da cobra na língua (diz que cura tudo, até úrsula no diodene)

Os brasileiros, do alto da sua imensa “lata” (e com a conivência de alguns mercenários portugueses), continuam a vender aquilo que designam, por uma questão de marketing, “língua portuguesa”, a que chamam sua, por esse mundo fora. E fazem isto, estes vendilhões, como se estivessem a impingir aspiradores a papalvos. Ou sabonetes a idiotas. Ou banha da cobra a indigentes mentais.

“A língua também é um instrumento de poder”

TSF”, 09 de MAIO de 2018

O português como língua de negócios foi tema de uma conferência da CPLP organizada em Berlim.

A frase fez parte do discurso de abertura do Embaixador do Brasil na Alemanha, Mario Vilalva. “A língua também é um instrumento de poder”, neste caso de poder nos negócios. Estima-se que as relações comerciais entre os países da lusofonia tenham gerado, nos últimos cinco anos, mais de três mil milhões de euros. Existem nesta altura mais de 260 milhões de falantes de português no mundo e estima-se que o número possa duplicar nos próximos 50 a 80 anos.

Um estudo desenvolvido pelo Professor Catedrático do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, Luís Reto, compara oito línguas globais. No “Ranking de Influências das Línguas Globais – O Caso da Língua Portuguesa” o português aparece quase a meio da tabela, “uma posição bastante boa” nesta que é uma espécie de lista da “primeira liga” das línguas, sublinha o investigador. O estudo obedece a seis critérios, entre eles internet, economia e cultura.

Neste processo de crescimento da influência e da importância do português muito têm contribuído os empresários privados. Para Georgina de Mello, directora-geral da CPLP, têm sido organizadas um conjunto de iniciativas e criado instituições no sector privado que captam interesse mesmo fora da comunidade. O exemplo é a Alemanha, para Klaus Deutsch, economista-chefe da BDI (a Confederação da Indústria Alemã), as relações comerciais com alguns países da CPLP têm crescido nos últimos anos. O sector do digital tem merecido mais destaque.

A conferência “O Espaço Económico da CPLP – Português como Língua de Negócios”, que se realizou na Embaixada do Brasil, em Berlim, teve como objectivo divulgar o potencial económico da CPLP e reforçar as relações económicas entre os seus países-membros e a Alemanha.

Source: ″A língua também é um instrumento de poder″

As letras em falta no original do artigo foram automaticamente repostas pela solução Firefox contra o AO90.

 

Granta em Língua Portuguesa

 

José Eduardo Agualusa, Julian Fuks e Teresa Veiga são alguns dos autores dos textos da primeira “Granta em Língua Portuguesa”, que será publicada este mês em Portugal e no Brasil, com o tema “Fronteiras” e capa de André Carrilho.

No passado mês de Outubro, a revista Granta Portugal acabou, para dar lugar a uma nova versão da mesma revista literária, a publicar pela Tinta-da-China em simultâneo em Portugal e no Brasil, com textos de autores das duas nacionalidades e sem alterações ortográficas.

É o caso dos brasileiros Francisco Bosco, Julian Fuks e Adriana Lisboa e dos portugueses Valério Romão e Teresa Veiga, que escrevem textos para esta edição da Granta, que chega às livrarias no dia 25 de Maio. O angolano José Eduardo Agualusa é outro dos autores da primeira Granta em Língua Portuguesa, a mostrar que mais do que o Brasil, a revista alarga-se ao espaço lusófono, o que significa “aceder a um novo manancial de autores” e justifica a escolha do tema, “Fronteiras”, pretendendo “questioná-las e esbatê-las”, explica a editora.

Aliás, um dos autores presentes também nesta edição é Keane Shum, responsável pela unidade de vigilância dos movimentos marítimos do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (UNHCR) para o Sudeste Asiático, em Banguecoque.

Outra novidade é a entrada do fotógrafo e artista visual Daniel Blaufuks para a direção de imagem da revista, escolhendo os fotógrafos e os ilustradores para cada novo número. Quanto ao resto, a estrutura da revista mantém-se, com textos inéditos em português, selecção de textos do arquivo histórico da Granta inglesa, ensaios fotográficos e ilustrações originais.

Esta edição inclui textos de autores como a norte-americana Emma Cline, a sul coreana Han Kang — vencedora do Prémio Internacional Man Booker em 2016 e finalista da edição deste ano do mesmo prémio –, o britânico Patrick Marnham e o ucraniano Peter Pomerantsev, residente no Reino Unido.

Os ensaios fotográficos são da autoria do artista visual brasileiro Marcos Chaves e da fotógrafa portuguesa residente em Berlim Rita Lino, as ilustrações são de João Fonte Santa e a capa, ilustrada com o rosto de um homem negro amordaçado com arame farpado, é da autoria de André Carrilho, cartoonista de publicações como o Diário de Notícias.

A direcção da revista continua a cargo de Carlos Vaz Marques, que escreve, a propósito desta edição, que “a primeira Granta transatlântica é a constatação de uma distância e um desejo de aproximação, em que os textos que lhe dão corpo percorrem os múltiplos matizes do idioma”.

Vivemos num mundo repleto de fronteiras. Aquelas que vemos e as invisíveis. Umas que queremos transpor, outras que nos preservam e conferem identidade. Na Granta em Língua Portuguesa aproxima-nos e diferencia-nos a língua — simultaneamente a mesma e outra, consoante o lugar de origem. Em português nos des/entendemos”, acrescenta o director.

A revista Granta Portugal despediu-se ao 10.º número, para se unir ao Brasil, país onde a edição desta revista literária estava suspensa já há algum tempo, desde que a editora que a publicava foi comprada. Tendo a Tinta-da-China uma editora também no Brasil, país com quem tem vindo a fazer um “trabalho consistente de ponte literária entre os dois países”, entendeu que envolver a Granta neste processo seria o seguimento natural, explicou a editora.

Assim, a responsável pela Tinta-da-China, Bárbara Bulhosa, e Carlos Vaz Marques apresentaram a proposta à Granta-mãe, tendo sido imediatamente aceite, dado o enorme sucesso da Granta Portugal, já que foi a edição internacional mais bem-sucedida desta revista, segundo a editora.

A Granta do Brasil, que se designava “Granta em Português”, publicou 13 números entre 2007 e 2015. Na opinião da editora, com esta Granta unificada o público-alvo vai aumentar exponencialmente e o trabalho de divulgação de novos escritores torna-se mais estimulante.

[Source: “Granta em Língua Portuguesa” chega dia 25 a Portugal e ao Brasil – Observador. Destaques e sublinhados meus. As letras em falta no original do artigo foram automaticamente repostas pela solução Firefox contra o AO90 através da extensão FoxReplace do “browser”.]