António Guterres falava aos jornalistas à entrada da prisão de Évora, onde visitou, pela segunda vez, o antigo chefe de Governo do PS José Sócrates, em prisão preventiva há mais de quatro meses.”Esta é uma visita privada e eu devo respeitar a natureza privada desta visita. Senão, daria a entender que tinha vindo não visitar um amigo, mas falar à comunicação social”, disse Guterres, que é desde 2005, alto comissário das Nações Unidas para os Refugiados. [Portal de Angola, Abril 2015]
«Papel lusófono na ONU deve evoluir com Guterres, diz premiê português»
«Portugal vive um novo momento no cenário da diplomacia global desde a escolha do ex-premiê António Guterres como secretário-geral da ONU, em outubro. Diante disso, o atual premiê, o socialista António Costa, diz esperar que os países de língua portuguesa tenham nova voz dentro das Nações Unidas, incluindo o cobiçado assento permanente no Conselho de Segurança para o Brasil.»
«Costa, 55, falou à Folha em Brasília, durante a 11ª cúpula da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), realizada nos dias 31 e 1º.»
«[A.C.] Agora esperamos que a posição dos países de língua portuguesa evolua dentro das Nações Unidas. Por exemplo, que o português seja admitido como língua de trabalho e que o Brasil seja admitido [como membro permanente] no Conselho de Segurança.» [“Folha de S. Paulo” (Brasil), 03.11.16 (entrevista traduzida para brasileiro)]
«Brasil abre conferência de países de língua portuguesa»
«Logo pela manhã, o presidente Michel Temer recebeu o secretário-geral eleito da Organização das Nações Unidas (ONU), o português António Guterres, que fez questão de participar da abertura da conferência.» [“Sputnik News” (Brasil), 31.1.16.]
«Precisamente no dia 5 de maio, as Missões dos Estados-membros da CPLP junto à Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova Iorque, organizam um evento comemorativo do “ Dia da Língua Portuguesa e da Cultura na CPLP”. A Secretária Executiva da CPLP, Maria do Carmo Silveira, e o Secretário Geral da ONU, António Guterres, vão estar presentes nesta cerimónia que decorre nos jardins da ONU.» [CPLP, 30.04.18]
Portanto, depois de verificarmos que esteve de facto presente e depois de ouvirmos o que o homem ali disse, afinal já podemos ir constatando — com surpresa, alguns, e presumo que outros com espanto — que o actual Secretário-Geral da ONU decidiu, por sua iniciativa, conferir credibilidade política e peso institucional a um evento privado, particular e… pago. [O homem do pântano (1.ª parte)]
António Guterres pode fazer tudo aquilo que lhe der na real gana enquanto cidadão. O Secretário-Geral das Nações Unidas não pode fazer nada do que lhe der na real gana.
Portanto, o cidadão Guterres pode ir a um evento particular e ali dizer o que entender.
Mas o Secretário-Geral da ONU, cargo que transitoriamente o cidadão Guterres ocupa, não pode emprestar o peso institucional e político do seu cargo para apoiar determinada tendência de opinião, patrocinar uma organização (em) particular ou de alguma forma privilegiar um qualquer evento em detrimento de outros similares ou congéneres. [O homem do pântano (2.ª parte)]
Guterres não devia e também não podia ter feito aquilo. Para entender algo assim tão “complicado” basta ler as atribuições do cargo: no “profissiograma” do Secretário-Geral da ONU não consta absolutamente nada que sequer remotamente se assemelhe a comparecer e, muito menos, a discursar em eventos privados “nos jardins” da sede da Organização. [O homem do pântano (3.ª parte)]