Dia: 8 de Junho, 2018

8 de Junho 2018: Angola reitera que não ratifica AO90

Ministro da Educação reunidos em Luanda

7 de Junho, 2018

Luanda acolhe nesta quinta-feira a primeira reunião de ministros da Educação do Fórum dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, que decorre sob o lema “Por uma educação sustentável, fortaleçamos a cooperação nos PALOP”.

O fórum tem como propósito a troca de experiências sobre as reformas de ensino nos respectivos países, a apresentação das propostas sobre mobilidade estudantil para cursos técnico-profissionais e a apresentação dos resultados de Diagnósticos sobre a Aplicação do Acordo Ortográfico de 1990 nas escolas do II Ciclo do Ensino Secundário, realizado em Angola.

Angola mantém reservas sobre ratificação do Acordo Ortográfico – SAPO 24

SAPO

Angola continua “reticente” quanto à ratificação do acordo ortográfico da Língua Portuguesa, defendendo a necessidade de encontrar “mais pontos conciliatórios”, face às preocupações de ordem linguística e didáctica da nova versão.

O posicionamento foi expresso hoje, em Luanda, pela coordenadora da comissão nacional angolana no Instituto Internacional da Língua Portuguesa, Ana Paula Henriques, no âmbito da 1.ª reunião de ministros da Educação do Fórum PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa).

“Em relação às preocupações de ordem linguísticas, há instruções no Acordo Ortográfico que não respeitam preceitos científicos, não se consegue comprovar e os resultados do nosso diagnóstico assim o demonstram”, disse a responsável, em declarações aos jornalistas, à margem da reunião de hoje.

“SAPO24”, 08.06.18

Angola mantém reservas sobre ratificação do Acordo Ortográfico

Angola continua “reticente” quanto à ratificação do acordo ortográfico da Língua Portuguesa, defendendo a necessidade de encontrar “mais pontos conciliatórios”, face às preocupações de ordem linguística e didáctica da nova versão.

O posicionamento foi expresso hoje, em Luanda, pela coordenadora da comissão nacional angolana no Instituto Internacional da Língua Portuguesa, Ana Paula Henriques, no âmbito da 1.ª reunião de ministros da Educação do Fórum PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa).

“Em relação às preocupações de ordem linguísticas, há instruções no Acordo Ortográfico que não respeitam preceitos científicos, não se consegue comprovar e os resultados do nosso diagnóstico assim o demonstram”, disse a responsável, em declarações aos jornalistas, à margem da reunião de hoje.

Ana Paula Henriques acrescentou que com as actuais “preocupações de ordem didáctica”, é “difícil fazer a sua aplicação” na escola.

Angola levantou desde o primeiro momento a questão da necessidade de se regular a forma de utilização das letras k, w e y, o que o Acordo Ortográfico não faz, apesar de largamente usadas em Angola.

A 1.ª reunião do Fórum dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) junta, em Luanda, os ministros da Educação de Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Guiné Equatorial e ainda Timor-Leste como país observador.

Para Ana Paula Henriques outra preocupação de Angola relativamente ao Acordo Ortográfico de 1990, e que ainda não ratificou, é a falta de precisão dos guias e instrutivos para a sua aplicação.

“É por esta razão que nós achamos que o caminho ideal para uma língua, com tanto prestígio como é a língua portuguesa, é de corrigir aqueles aspectos que não são funcionais”, sustentou.

Os resultados de um diagnóstico à aplicação do Acordo Ortográfico de 1990, realizado em algumas escolas angolanas estão igualmente a ser avaliados neste Fórum.

“A posição de Angola não é de não ratificar do Acordo Ortográfico, a nossa posição é de conversar com os pares no sentido de apresentar preocupações no sentido de acomodar também Angola num instrumento que é comum, é de todos os membros dos PALOP e CPLP”, referiu.

Quanto à política linguística, a responsável assinalou, que Angola “respeita” as recomendações da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), “que alertam para se ter atenção a convivência entre as línguas nos respectivos países”.

“O que quer dizer que para nós nos sentirmos acomodados no Acordo Ortográfico é importante que se conciliem determinados fenómenos característicos da língua portuguesa escrita, porque nem todos os fenómenos da escrita estão retratados no Acordo Ortográfico”, sublinhou.

O que, fundamentou, “retarda também o aspecto de extrema importância para a independência dos Estados que é a elaboração das suas gramáticas, dicionários”.

“São essas preocupações que temos apresentado aos nossos pares em busca de concertação entre a linguística da língua portuguesa e da língua bantu, ou ainda os crioulos, enfim”, rematou.

Em Angola continua a vigorar o Acordo Ortográfico de 1945, convenção ortográfica assinada em Lisboa, a 06 de Outubro de 1945.

O Governo angolano ainda não decidiu sobre a ratificação do novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, situação igual à de Moçambique.

Em Portugal, a moratória sobre a aplicação do novo acordo, de 1990, terminou a 13 de Maio de 2015, data a partir da qual a sua utilização passou a ser obrigatória.

“DN”, 08.06.18

[As transcrições dos textos “Sapo” e “DN” foram corrigidas automaticamente pela solução Firefox contra o AO90.]

Perguntas sem resposta

1. Anunciei aqui este programa da RTP3.

 


 

2. Chamei a atenção para a possibilidade de qualquer pessoa poder colocar questões.


 

3. Do programa resultou, em resumo, isto.

 


 

4. Mas não houve afinal qualquer pergunta da assistência, presencialmente ou via formulário.

Mesmo tendo sido eu tão aldrabado como os demais, expresso o meu pedido de desculpas a quem porventura terá sido induzido em erro pela aldrabice da RTP que aqui difundi.

Já tenho idade suficiente para ter juízo, muito me penalizo por ter caído na esparrela. Não me perdoo.

Mas, ao menos no que diz respeito à RTP “serviço público”, prometo que terei doravante mais cuidado, porque o que aqui publico é serviço. Não é brincadeira.

Angola: Francofonia OK, Commonwealth OK, CPLP… KO

Angola dá sinais de que lusofonia não é prioridade

 

Nos últimos dias, Luanda fez saber que quer entrar na Organização Internacional da Francofonia e na Commonwealth. No périplo do novo Governo pela Europa, Portugal não foi incluído. O que significa esta mudança?

Bárbara Reis
“Público”, 07.06.18

 

A intenção foi divulgada esta quarta-feira pelo ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, Boris Johnson, mas não terá espantado a diplomacia portuguesa: Angola vai pedir adesão à Commonwealth, a comunidade de países de língua inglesa.

A notícia surge dias depois de, em Paris, o novo Presidente angolano, João Lourenço, eleito em Setembro, ter anunciado que Luanda também vai pedir adesão à Organização Internacional da Francofonia.

Diplomatas ouvidos pelo PÚBLICO notam o facto de João Lourenço não ter sequer incluído Portugal no seu primeiro périplo europeu e, uma vez no continente, ter feito uma aproximação explícita aos clubes anglófono e francófono, relegando a comunidade lusófona para terceiro lugar.

“Angola escolheu Paris e agora Bruxelas”, concorda o deputado social-democrata Paulo Neves, membro da Comissão de Negócios Estrangeiros da Assembleia da República e que acompanha a política africana e a CPLP. “Se a lusofonia fosse a prioridade, a primeira visita teria sido a Portugal e à sede da CPLP”, disse ao PÚBLICO.

Para além de serem dois clubes gigantes — 53 na Commonwealth e 57 na Organização Internacional da Francofonia —, Angola é vizinho de vários dos Estados-membros dos dois organismos. Mais do que isso, no entanto, este novo posicionamento é visto como uma forma de Luanda tentar afirmar-se como potência regional (África) e sub-regional (África Austral). Essa é uma velha ambição, que vários especialistas em política africana conhecem. Nos bastidores da diplomacia, há anos que Luanda se afirma por oposição à África do Sul, sublinhando três das suas forças: tem água e petróleo e não tem um problema racial por resolver.

“Sinto um misto de alegria e tristeza”, diz o deputado Paulo Neves. “Vejo que Angola tem finalmente uma política externa clara e ambiciosa, mas vejo também que a nova estratégia de afirmação regional não passa pela lusofonia. Isso deve obrigar-nos a pensar: porque é que a lusofonia não é suficientemente atraente, porque é que a lusofonia deixou de ser a prioridade angolana, como trazer Angola de volta? O problema não é Angola querer estar com os outros. Isso é natural. O problema é não ter começado pela lusofonia. Temos que perguntar: o que é que se passa com a CPLP?”

Nenhum dos embaixadores dos países da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) contactados pelo PÚBLICO quis comentar as intenções de Luanda, incluindo os governos angolano e português.

São Tomé e Príncipe e a Guiné-Bissau pertencem à Organização Internacional da Francofonia e Moçambique pertence à Commonwealth. A existência dessas novas alianças, em acumulação com o vínculo histórico à lusofonia, ajuda a reduzir o eventual efeito surpresa que a vontade de Luanda poderia ter. Ao mesmo tempo, na próxima XII Conferência de Chefes de Estado e de Governo da CPLP — que este ano é em Cabo Verde — espera-se a confirmação formal da entrada com o estatuto de observador associado da CPLP da França, Itália, Andorra, Luxemburgo, Argentina e Sérvia.

É cedo para antecipar os possíveis resultados desta expansão do multilateralismo ou os benefícios para as relações internacionais. Para dois dos diplomatas ouvidos, no entanto, a motivação angolana de se aproximar dos clubes da francofonia e da anglofonia junta à ambição imperial um outro factor: as emoções. “Chatear Portugal.”

[Transcrição integral de: Diplomacia | Angola dá sinais de que lusofonia não é prioridade | PÚBLICO, 07.06.18 (edição em papel). Imagem de topo: recorte de foto original © POOL/MIGUEL FIGUEIREDO LOPES/REPUBLIC PRESIDENCY OF ANGOLA/LUSA]