Passagem de modelos

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Não deixa de ter sua piada, de facto. Nem de propósito, a respeito deste tipo de fantochadas ainda ontem aqui tinha deixado uma espécie de 11.º Mandamento, que me perdoe o Supremo Chefão pela ousadia (espero bem que ao menos Ele tenha algum sentido de humor), e eis que de imediato surge esta coisada patusca, ena, mais um “debate” sobre a “língua portuguesa”, mas que luxo, aquilo não há-de ser propaganda acordista nem nada.

Tratar-se-á, esta espécie de eleição da Miss Mundo Lusófono, de um evento ilustradíssimo, sapientíssimo, quiçá amiúde brilhantíssimo, a avaliar pelos e pelas presentes no desfile (parece que a parte do fato-de-banho foi proibida recentemente, temos pena), do qual resultará com certeza uma cerimónia de coroação condigna, a vencedora (ou vencedor, sejamos “paritários”) chorando baba e ranho pela “surpresa” e debitando depois o tradicional discurso sobre os seus desejos de “paz e prosperidade para toda a humanidade”. Uma coisa linda e comovente, em suma.

Estou em crer que será um sucesso estrondoso. Em especial a parte final, a do “debate”, certamente abrilhantado por uma qualquer tuna universitária com sua garota da pandeireta aos pulinhos; haverá, como é da praxe, 90% de acordistas massacrando, com cuidado para não esmagar de vez, a única anti-acordista (extra-concurso) presente.

10 DE JULHO | SALÃO NOBRE DA ACADEMIA DAS CIÊNCIAS

Manhã
9.00h – Académico Adriano Moreira (ACL) ─ A Língua não é nossa, também é nossa.

9.20h – Escritor José Eduardo Agualusa (Angola) ─ Título a indicar.

9.40h – Juíza Desembargadora Vera Duarte (Cabo Verde) ─ A Língua Portuguesa como metáfora do Quinto Império.

10.00h – (Censurado [por mim, é claro]. Não transcrevo o nome daquele escroque no meu blog.)

10.20h – Doutor Rafael Gomes Filipe (Universidade Nova de Lisboa) ─ Algumas reflexões sobre os acordos ortográficos luso-brasileiros.

10.40h – Doutor Olivier Pellegrino (França) ─ A primeira edição luso-brasileira do Vocabulário Internacional de Metrologia.

11.00h – Padre António Colimão (Damão) ─ Crioulo Damanense ou Português falado em Damão-Diu e Silvassá.

11.20h – Professora Doutora Ana Maria Martinho (Universidade Nova de Lisboa ─ CHAM) ─ A língua portuguesa em Moçambique e a valorização das línguas bantu.

11.40h – Professor Doutor Luís Filipe Reis Thomaz ─ Título a indicar (sobre Timor).

12.00h – Doutora Maria do Carmo Vieira ─ Lusofonias.

12.20h – Académico João Abel da Fonseca (ACL) ─ Moçambicanismos e características peculiares.

12.40h – Debate.

Tarde
14.30h – Abertura da Exposição sobre “Filólogos da Academia”, patente na Biblioteca da Academia.

15.00h – Académico Manuel Alegre (ACL) ─ Título a indicar.

15.20h – Professora Doutora Fátima Roque (Angola) ─ A Língua Portuguesa e as línguas maternas em Angola.

15.40h – Professora Doutora Teresa Lino (Universidade Nova de Lisboa) ─ Neologia do Português contemporâneo.

16.00h – Professor Doutor Deonísio da Silva (Brasil) ─ Futebol: breve observação sobre palavras-chaves.

16.20h – Doutor António Callixto (Luxemburgo) ─ Situação da Língua Portuguesa no Luxemburgo.

16.40h – Doutora Carmen de Frias e Gouveia (Universidade de Coimbra) ─ Da inutilidade do “novo” Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

17.00h – Académico João Bigotte Chorão (ACL) ─ Por amor ao idioma.

17.20h – Professor Doutor Celso Augusto da Conceição (Brasil) ─ A diversidade linguística entre Brasil e Portugal: uma questão idiomática.

17.40h – Professora Doutora Annabela Rita (Universidade de Lisboa ─ CLEPUL) ─ Língua Portuguesa: da diversidade à esteticização.

18.00h – Académico Fernando Paulo Baptista (ACL) ─ A expressão da diversidade intercultural dos países da C.P.L.P., no respeito do “direito à diferença”.

18.20h – Académico Duarte Ivo Cruz (ACL) ─ A Língua no teatro pré-vicentino.

18.40h – Professor Doutor José Carlos Gentili (Brasil) ─ O continente Brasil e seus falares.

19.00h – Académico Artur Anselmo (ACL) ─ Todas as línguas são iguais em direitos.

19.20h – Debate.

https://www.facebook.com/events/1080680245415994/

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1 Comment

  1. Maria Oliveira

    Belo título. Pinta-se-me TODO UM QUADRO aqui na tola (funciono por imagens e impressóes precisas, sinestésica que sou), até consigo antever: uns verdadeiros “tangueros”, não? A “tanga”, aqui, quadriparte-se-me: a) “dar tanga” p’ra “intelectual”-ver; b) “dar à tanga”, i.e., exibir a dita (ou não fosse a “catwalk” ter como prova-de-fogo a passagem de “swimsuit”); c) “ficar de tanga” (frase-chave do ex-governante-ex-idiota-útil-nas-Europas apelidado “cherne” (cherne-evara? – curta homenagem semi-maoísta ao fundamento-erótico-badalhoco-AO90-defensor-da-parte-fonética-da-Língua); d) ora… Tango, e tal, cravo-na-dentuça, tipos de braços no ar e roupa colada, em pose gringo-gay-bandarilheira, a bater tacões e tipas-quase sem tripas, ventres-planos, chupadinhas-das-carochas, com volteios rígidos de pescoço, pernas intrometidas entre o outro par (de pernas, pois), a alardear gestos forçados, flamingos/girafas em lutas fingidas de pré-núpcias muito barulho, nula elegância e flores, flores, flores, de mútuo-elogio-a-sociedade, queirosiano o quadro, binómio Carlos-João da Ega, “Ainda o apanhamos”, ao coche, aproveitar a boleia e tal, olha o tacho que se escapa, mais um par de tacões no chão, macho-fêmea, afinal-quem-manda-mais?-Lavas tu a loiça? Mão na anca, corridas em palco, y olé! Bandarilha daqui, aplauso dacolá, tangas tu ou tango eu? Vamos, que é uma pressa, não é dança, é desporto, Andále! Acordes de guitarra, acenos de cabeça! Ayyyy! Cenhos carregados, diálogo lírico-grotesco, a pinguins de suor na caracoleta com gel, palmada contra a outra mão, novos tacões, Ayyy La Piconera! Pássion! Que filme!… Achas que o Almodóvar também vai?… Pavões! Buffoni! Ópera Buffa! Outro filme que nasce, novo Óscar que se almeja! Uau! É a Gloória que chega! O dos tracinhos até já deve andar-em-modo-priapismo… “Vanitas”…

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