«Coisas do aborto ortográfico» [João Roque Dias, “post”, Facebook]

Coisas do aborto ortográfico

A 13 de Fevereiro de 2012, em defesa do aborto ortográfico, que assinou a mando de Cavaco em nome da República Portuguesa, escreveu esse grande expoente das letras e ortografia portuguesas, Pedro Santana Lopes:

«Agora ‘facto’ é igual a fato (de roupa).»

Hoje, 6 anos, 6 meses e 2 dias depois do santanício facto, o Arquivo Municipal de Lisboa publica no seu FB uma interessante imagem do fac-simile (sic) da aclamação de D. João I, mestre de Avis, como rei de Portugal.

No texto que o acompanha lia-se «Descreve os fatos históricos…»

E lá deixei o meu comentário:

— “fatos históricos”? Tenham vergonha.

O Arquivo acusou o toque e mandou-me uma estrambelhada explicação para haver “fatos históricos”, mesmo que não estejam em causa peças de vestuário:

«Agradecemos o alerta para a palavra “fato”. Porém depois do acordo ortográfico a palavra tem dupla grafia, “facto” e “fato”, ambas válidas. Enquanto entidade pública, a autarquia de Lisboa assumiu o uso do novo acordo ortográfico, pelo que não é efetivamente um erro ortográfico.»

Respondi assim:

— É erro. Tem dupla grafia, apenas porque tem dupla fonética em Portugal e no Brasil. Como dizem e pronunciam em Portugal? Um facto ou um fato? Repito: tenham vergonha.

E, talvez por vergonha, emendaram os “fatos” para factos.

https://www.facebook.com/arquivo.mun.lisboa/photos/a.1472479382963999.1073741828.1469854216559849/2087374104807854/?type=3

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