Coisas do aborto ortográfico
«Agora ‘facto’ é igual a fato (de roupa).»
Hoje, 6 anos, 6 meses e 2 dias depois do santanício facto, o Arquivo Municipal de Lisboa publica no seu FB uma interessante imagem do fac-simile (sic) da aclamação de D. João I, mestre de Avis, como rei de Portugal.
No texto que o acompanha lia-se «Descreve os fatos históricos…»
E lá deixei o meu comentário:
— “fatos históricos”? Tenham vergonha.
O Arquivo acusou o toque e mandou-me uma estrambelhada explicação para haver “fatos históricos”, mesmo que não estejam em causa peças de vestuário:
«Agradecemos o alerta para a palavra “fato”. Porém depois do acordo ortográfico a palavra tem dupla grafia, “facto” e “fato”, ambas válidas. Enquanto entidade pública, a autarquia de Lisboa assumiu o uso do novo acordo ortográfico, pelo que não é efetivamente um erro ortográfico.»
Respondi assim:
— É erro. Tem dupla grafia, apenas porque tem dupla fonética em Portugal e no Brasil. Como dizem e pronunciam em Portugal? Um facto ou um fato? Repito: tenham vergonha.
E, talvez por vergonha, emendaram os “fatos” para factos.