Dia: 21 de Novembro, 2018

«Uma Mistura Explosiva – Parte I» [Paulo Guinote, “portal” Educare.pt, 16.11.18]

«No entanto, poucas vezes se fez tanto, em democracia, para a formação de uma nova geração de cidadãos incapazes de lidar com a multiplicação da informação disponível, através da desvalorização do Conhecimento e da promoção de “competências para o século XXI” que parecem pairar sobre um vazio imenso.»

 

Uma Mistura Explosiva – Parte I

Paulo Guinote

Assistimos à promoção de uma Educação Mínima (talvez a possamos chamar de “aprendizagens essenciais”) que tem como efeito a promoção activa da Ignorância, disfarçada por retóricas que apresentam os “Conhecimentos” como algo “empilhável” e muito relativo, em que Ciência e Crença são apresentadas quase (ou mesmo) como equivalentes.

 

Fala-se e escreve-se muito nos últimos tempos sobre Cidadania e a importância que tem a Educação para a sua promoção e para a formação de cidadãos responsáveis. No entanto, poucas vezes se fez tanto, em democracia, para a formação de uma nova geração de cidadãos incapazes de lidar com a multiplicação da informação disponível, através da desvalorização do Conhecimento e da promoção de “competências para o século XXI” que parecem pairar sobre um vazio imenso. Proclama-se a necessidade de uma Educação para o século XXI, mas despreza-se todo o trajecto cultural e científico que nos trouxe à actual era que se apresenta como sendo quase em exclusivo “tecnológica” e em que o contexto histórico é desprezado e os saberes “tradicionais” são assim qualificados como se isso fosse pejorativo.

Assistimos à promoção de uma Educação Mínima (talvez a possamos chamar de “aprendizagens essenciais”) que tem como efeito a promoção activa da Ignorância, disfarçada por retóricas que apresentam os “Conhecimentos” como algo “empilhável” e muito relativo, em que Ciência e Crença são apresentadas quase (ou mesmo) como equivalentes. Através de jogos hábeis de palavras apresenta-se como flexibilidade o que é truncagem ou amputação e como promoção do “pensamento crítico” o que na verdade é a sujeição a uma lógica transnacional para reformas curriculares que expurgam ou menorizam como a Filosofia ou a História, que se apresentam como “chatos” comparativamente ao apelo dos conteúdos fornecidos pelos meios digitais.

O resultado é a formação de uma maioria de cidadãos com um enorme défice para lidar com uma multiplicidade de informação que lhes surge por imensos canais, pois falta-lhes a capacidade para seleccionar e dar sentido a essa informação, integrando-a no seu contexto.

Há perto de vinte anos, quando ainda a internet dava os seus segundos passos e era difícil imaginar como se fragmentaria e multiplicaria o panorama comunicacional global, Paul Virilio escreveria, com o pretexto do conflito no Kosovo, que “enquanto no passado eram a falta de informação e a censura que caracterizavam a negação da democracia pelo estado totalitário, o oposto é agora o caso. A desinformação é conseguida inundando os telespectadores com informação, com dados aparentemente contraditórios. A verdade dos factos é censurada pela sobre-informação (…). Agora, mais é menos. E em alguns casos é menos do que nada. A manipulação deliberada e os acidentes involuntários tornaram-se indistinguíveis” (Strategy of Deception. 2007, p. 48). E mais adiante acrescenta que “com a ‘libertação da informação’ na web, o que mais falta é significado ou, em outras palavras, um contexto em que os utilizadores da Internet possam colocar os factos e assim distinguirem a verdade da falsidade” (Idem, p. 78).

É falso que a “competência” para usar as tecnologias corresponda a uma capacidade de selecção de informação, a qual só se consegue com bases sólidas de conhecimentos e das técnicas/metodologias fundamentais para o estabelecimento do chamado “método científico” que permite distinguir o falso do verdadeiro, sem relativismos oportunistas, diferenciar o que é falsificável do que foi falsificado, separar correlações falaciosas do que são causalidades lógicas.

Paulo Guinote
Professor do Ensino Básico, doutorado em História da Educação. Autor do blogue O Meu Quintal

[Transcrição integral de «Uma Mistura Explosiva – Parte I », da autoria de Paulo Guinote, artigo publicado no “portal” Educare – O Portal de Educação em 16.11.18. “Links” e destaques meus.]

 

Difusão e expansão da língua… francesa!

«Com aproximadamente 280 milhões de falantes, o português é a 5ª língua mais falada no mundo, a 3ª mais falada no hemisfério ocidental e a mais falada no hemisfério sul do planeta.» [Wikipédia (brasileira)]

 

 

French is now the fifth most spoken world language and growing—thanks to Africans

Africans are making French a truly global language.

By Lynsey Chutel – 

 

French has moved up a place to become the world’s fifth most spoken language, thanks largely to the millions of Africans who speak it each day. There are now 300 million people on five continents who speak French, according to a recent by the Organisation Internationale de la Francophonie (pdf in French). French is ranked behind Chinese, English, Spanish and Arabic.

“The center of gravity of the Francophonie continues to move south,” the report found. The number of people speaking French has shown a steady increase: up nearly 9.6% since 2014. Measuring from 2010 to today, 22.7 million more people speak French: 68% of these are sub-Saharan Africa, while 22% live in North Africa. The Americas are home to 7% of the world’s French speakers, while Europe is home to only 3%.

Much of this is due to Africa’s age demographic, specifically the continent’s youth bulge. The daily use of French has increased by 17% on the African continent from the survey period 2010 to 2014, compared to an 11% growth in the rest of the world. In Asia and the Caribbean the daily use of French is decreasing, and this is largely due to education systems that no longer embrace the language as they did before, opting instead for Chinese or English.

A previous generation of African leaders have been criticized for their failure to introduce the official use of African languages, and yet it seems Africans today are ensuring that European languages remain relevant. Of the Africans who were surveyed by the francophone organization, between 80% and 100% expressed the desire to would want to pass the language on to their children.

French remains the sole official language in 11 African countries, and the second official language in 10. It is also the main or only language of instruction in schools in Benin, Burkina Faso, the Central African Republic, the Comoros, Congo-Brazzaville, the Democratic Republic of Congo, Côte d’Ivoire, Gabon, Guinea, Mali, Niger, Senegal and Togo.

In most of these countries, though, French is one of many languages spoken, which influence how the language is spoken. Nouchi in Côte d’Ivoire and Toli Bangando in Gabon were born out of urban francophone Africa, by young people who made the language their own by combining it with their vernacular languages.

It’s worth noting French, like English and Portuguese in other African countries, serves as a lingua franca in part because of the multitude of languages spoken in many African countries.

In the global economy, language is yet another form of power, and the lopsided relationship between France and its former African colonies already shows that even with the numbers, Africa remains weaker.  This is even as president Emmanuel Macron conceded that (link in French) “France is only one part of the French-speaking world,” and is does not “carry the fate of French alone.”

[Transcrição integral, incluindo imagens e “links”, de artigo publicado no “site” Quartz Africa. Destaques meus.]

«Fundamentalmente porque havia duas ortografias oficiais para a língua portuguesa, a brasileira e a portuguesa. Do ponto de vista da promoção internacional da língua, era prejudicial. Numa universidade ou instituição estrangeira onde se ensine o português, qual era a ortografia que se ia ensinar? A de Portugal? A do Brasil?» [Malaca Casteleiro, Observador, 02.2017]