Dia: 9 de Dezembro, 2018

Última hora: português será língua de trabalho da CPLP!

Este artigo, todo ele, de fio a pavio, é uma anedota pegada. Comecei a sublinhar frases e expressões-chave mas tive de recuar um pouco, desfazer alguns dos destaques — quando não, arriscava ficar com o texto quase todo a “bold”.

Inacreditável, realmente, a profusão de baboseiras (enormidades, imbecilidades) que este homem consegue debitar a uma velocidade incrível, bolçando-as em tal quantidade que mais parece estarmos perante o papaguear errático de um ébrio e não o palavreado — geralmente grave e circunspecto — de um político. Mas é possível, ainda assim, retirar algumas engraçadíssimas, hilariantes, alucinadas novidades desta espécie de discurso com que o senhor resolveu presentear o respeitável público.

Das quais deve assinalar-se esta coisa espantosa, extraordinária, supimpa “inovação”: «que a língua portuguesa possa ser língua de trabalho no espaço lusófono.»

Caramba! Maravilha. Estou aqui que nem posso.

Mas diz mais, o senhor Intumbo, para cabal esclarecimento da humanidade sobre aquilo que será o seu (dele) mandato à frente dos destinos da CPLP, essa simpática agremiação excursionista: diz que «vai tentar “influenciar os países e as comunidades” que fazem parte da CPLP para “adotarem o português como língua de trabalho”.»

Ena, ena, ena! Pára tudo! Isto sim, isto é que é o verdadeiro “português universal”, a real “influência da língua portuguesa no mundo”. Notem bem, nada de confusões. Julgaríeis vossemecês que o “português” já era “língua de trabalho” na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa? Pois julgáveis mal, seus tristes, julgáveis pessimamente, seus totós.

Só agora, só a partir de agora, com este senhor Intumbo ao leme da nave “lusófona”, agora sim, agora é que o “português” vai passar a ser língua de trabalho na CPLP! Não é uma novidade do caraças, hem, bacanos?!

Eu cá não sabia disto, confesso, pobre ignorante, queiram vocelências perdoar. Estava convencidíssimo, na minha santa inocência, de que a língua de trabalho na CPLP era o Português mas, porém, contudo, macacos me mordam, afinal não era.

Bom, do mal, o menos: está por fim esclarecida a dúvida, afinal a ideia (dos gajos que fundaram a CPLP) não era “elevar” o Português (ou, para ser exacto, a língua brasileira) a “língua de trabalho da ONU”. Não, não era da ONU, era da própria CPLP.

Tratou-se apenas de um lamentável lapsus linguae (em sentidos literal e figurado); aqui fica, portanto, à laia de lamparina mental, a devida iluminação para as cabecinhas pensadoras. Um(a) lampadinha.

Director-executivo do Instituto da Língua defende uniformização do português escrito

 

O novo director-executivo do Instituto Internacional de Língua Portuguesa (IILP), Incanha Intumbo, ressalvou a importância do Acordo Ortográfico Comum de 1990, ainda por adoptar por alguns países lusófonos, e defendeu a uniformização do português escrito.

Agência Lusa /Lisboa /06 Dez 2018

Intumbo, que foi hoje empossado em Lisboa, referiu que o Acordo Ortográfico ainda conhece “resistências” e revelou que o IILP desenvolverá uma tarefa de “sensibilização” junto dos países-membros da Comunidade dos Países da Língua Portuguesa (CPLP) que ainda não adoptaram a convenção.

O linguista e investigador assinalou a importância de “uniformizar a escrita” e do “vocabulário comum”.

“É importante estarmos na mesma linha de entendimento”, acrescentou, referindo que “há comunidades com tendências conservadoras, mas a língua é como um ser vivo: evolui”.

Dos nove países da CPLP, apenas quatro Estados ratificaram o acordo: Cabo Verde, Brasil, São Tomé e Príncipe e Portugal.

O novo director-executivo do IILP, natural da Guiné-Bissau e formado em Coimbra, lembrou que o português é a língua mais falada no hemisfério sul.

Por essa razão, Intumbo preconiza que a língua portuguesa possa ser língua de trabalho no espaço lusófono, uma tarefa a que se vai propor no mandato de dois anos como director-executivo do ILLP.

Como acentuou, o ILLP vai tentar “influenciar os países e as comunidades” que fazem parte da CPLP para “adotarem o português como língua de trabalho”.

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