Tornou-se já praticamente impossível ou é, no mínimo, muito difícil elaborar um historial de todos os “grupos de trabalho” criados no Parlamento com a finalidade teórica de “acompanhar” a “aplicação” ou o “impacto da aplicação” do AO90. Estes grupos de “trabalho” parlamentar sucedem-se em catadupa desde 2013, resultando invariavelmente cada um deles do relatório final apresentado no grupo de “trabalho” anterior; na prática, a única coisa que varia — e, mesmo esta, ligeiramente — de um grupo para o imediato é a respectiva designação, a qual conserva sempre a mesma terminologia tendenciosa, impingindo a peregrina ideia de que o AO90 é um facto consumado.
De qualquer forma, em todos os casos, as “conclusões” destes parlamentares grupos de trabalho sobre o AO90 resumem-se sempre a nada e a coisa nenhuma, à excepção de que deve ser criado mais um “grupo de trabalho” para continuar a “estudar” e a “analisar” o mesmo assunto.
Quais Matrioskas saídas de dentro umas das outras, vão diminuindo de tamanho e de pormenores na pintura até terminarem na menor de todas, a mais tosca e minúscula, do tamanho de um dedal. E esta tem dentro o mesmo que todas as suas crescentes irmãzinhas depois de desenroscadas: ar.
Grupo de trabalho parlamentar sobre Acordo Ortográfico termina sem consenso
Equipa foi criada em 2017 para avaliar o impacto da aplicação do AO de 1990.
O grupo de trabalho parlamentar criado para avaliar o impacto da aplicação do Acordo Ortográfico termina esta sexta-feira[20 Julho 2019] funções sem ter reunido consenso para uma possível alteração[isto não é jornalismo, é paleio] a esta convenção[tendencioso, o CM? É lá agora!].
“Lamento que não tenha havido consenso sobre a necessidade de discutir” a hipótese de alterar ou aperfeiçoar o actual Acordo Ortográfico (AO), disse à agência Lusa o coordenador daquele grupo de trabalho, o deputado José Carlos Barros (PSD).
O grupo de trabalho foi criado em 2017 para avaliar o impacto da aplicação do AO de 1990 e, nestes dois anos, foram ouvidas várias entidades e personalidades[treta; só em 2017 houve umas quantas repetições dos números circenses de “grupos” anteriores], mas manteve-se a divergência entre os deputados sobre a matéria.
Hoje, na comissão parlamentar de Cultura, o relatório final do grupo de trabalho foi aprovado com os votos do PSD, do CDS-PP e do PCP e com a abstenção do PS e do Bloco de Esquerda, mas de fora da votação ficaram as recomendações.
José Carlos Barros explicou que as recomendações propostas permanecem no relatório apenas como “opinião do relator”, mas não foram votadas, pelo que não têm qualquer consequência imediata.
“O grupo de trabalho acaba aqui e o relatório ficará disponível na página do parlamento. Qualquer partido pode agora ter o entendimento que quiser e avançar com uma iniciativa legislativa”, disse o deputado, reconhecendo que o relatório perde força com a exclusão das recomendações na votação.
No relatório preliminar votado estava expressa a recomendação ao Governo para que desse início a “uma negociação político-diplomática” com os Estados-membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) para discutir a aplicação do AO.
Era ainda recomendado que o Governo discutisse a hipótese de alterar ou aperfeiçoar o actual AO ou negociar um novo acordo.
O grupo de trabalho recomendava ainda a criação de uma “comissão científica independente para a ortografia” para acompanhar as possíveis negociações, e defendia a realização de estudos para avaliar as “implicações da aplicação do AO no sistema educativo, mercado editorial e na imprensa”.
O grupo de trabalho foi coordenado pelo social-democrata José Carlos Barros e integrava os deputados Margarida Mano (PSD), Diogo Leão (PS), Teresa Caeiro (CDS-PP), Ana Mesquita (PCP) e Luís Monteiro (BE).
A propósito destas recomendações, que não foram votadas nem aprovadas, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, afirmou na quinta-feira à Lusa em Cabo Verde que Portugal é reconhecido por honrar os compromissos e tratados internacionais que assume[mesmo os assinados entre o Estado português e o III Reich ou com a Líbia de Khadafi, por exemplo?].
“Portugal é um país estimado em todo o mundo, considerado em todo o mundo por muitas qualidades. E uma das qualidades que tem é honrar os compromissos que assume e, portanto, cumprir os tratados e acordos que livremente subscreve, incluindo o Acordo Ortográfico de 1990”, disse. [Claro. O truque do costume. “Nosso” MNE tenta lançar a confusão: a rescisão de um Tratado não é da competência do Parlamento: à excepção de uns quantos alucinados, essa (imbecil) exigência nunca foi colocada por ninguém.]
No âmbito da CPLP, o AO de 1990 está em vigor em Portugal, no Brasil, em São Tomé e Príncipe e em Cabo Verde, enquanto Timor-Leste e Guiné-Bissau apenas o ratificaram, sem implementar. Falta ainda a ratificação do acordo por parte de Angola e de Moçambique.
[Source: Grupo de trabalho parlamentar sobre Acordo Ortográfico termina sem consenso – Sociedade – Correio da Manhã. “Links” e sublinhados meus. Imagem de topo de: ebay.]
Não percebem de política.
Esperava que percebessem de Linguística?