Dia: 13 de Novembro, 2020

No Brasil, erros ortográficos não são erros…


Ora aqui está. Era mesmo esta exacta porcaria o que procurava  e finalmente  encontrei. Um caso oficial brasileiro (ou privado, mas sobre assuntos governamentais) que trata com os pés — e servindo-se das características arrogância e ignorância brasileiras — assuntos de admissão na função pública daquele “país-continente”. País incontinente, melhor dizendo.

Esta coisinha inacreditável reza assim na sua página “about“:

O portal Notícias Concursos foi criado em 2010 com objetivo de ajudar aqueles que almejam uma vaga na carreira pública, através de notícias e dicas relacionadas a Concursos Públicos. Nossos conteúdos prezam pela qualidade e objetividade.

Graças aos nossos leitores, resultado de um trabalho árduo, hoje atingimos mais de 15 MILHÕES de visualizações de páginas mensais.

Estamos sempre em busca de melhorias, tanto na qualidade do conteúdo quanto na disponibilidade de novas ferramentas.

“sobri nóis” ou equivalente

Ficamos cientes. Trata-se portanto de um site oficial-comercial-particular cujo “produto” maior é a estupidez, as cunhas ao pontapé, presume-se, e em suma um imenso apego à língua brasileira — isenta de erros porque tal coisa sequer existe, dizem aqueles brincalhões — que pretendem impingir à força a toda a população de expressão portuguesa.

Extraordinário. A maneira que o Brasil inventou para acabar com o erro na língua brasileira, falada ou escrita, foi abolir administrativamente o próprio conceito de erro. Não há disso no Brasil porque o erro não é erro. E o erro não é erro porque sim, ou, melhor, não existe erro em brasileiro porque não!

São de facto especialistas na matéria, isto é, a inventar coisas estapafúrdias e completamente imbecis: inventaram a CPLP, a “lusofonia”, a “difusão” da língua (brasileira) no mundo, a quarta (ou quinta, é indiferente) “língua de trabalho da ONU” e por fim o AO90 para servir de pretexto à colonização ao contrário e â promoção dos interesses geoestratégicos do Palácio do Planalto.

Caso alguém porventura duvidasse da intrincada maquinação que foi o “acordo ortográfico” — com os prestimosos serviços prestados por meia-dúzia de traidores e vendidos portugueses — tem aqui uma pequena amostra do que ganharam com a sua aposta mercenária.

Ridículos. Que a terra lhes seja pesada.

 

Um erro de ortografia é um erro de português?

por Wlianna Araújo  –  10 de novembro de 2020

 

É comum encontrarmos diversos sites que falam sobre “erros de português” que devem ser evitados em textos escritos ou mesmo na fala dos estudantes. Os tais erros muitas vezes são apenas marcas de oralidade ou problemas de ortografia. No entanto, há diversas questões delicadas quando se fala em “erro de português”.

O que é ortografia?

Primeiramente, é preciso compreender o que é a ortografia para saber o do que se trata um erro de ortografia. Muitas línguas naturais são ágrafas, diferente do português que tem uma longa tradição de cultura escrita. Desse modo, já se pode observar a partir disso que a ortografia não é natural, mas sim uma convenção.

A ortografia é, então, um conjunto de normas que padronizam a grafia das palavras de uma língua, ou seja, como se deve escrever os seus vocábulos seguindo um direcionamento oficial. Desse modo, a ortografia é uma decisão política e dita diversas regras para que haja certa unidade na escrita da língua. Sendo assim, esse sistema pode mudar ao longo dos anos. Exemplo disso é o que ocorreu recentemente com o Novo Acordo Ortográfico firmado entre os países lusófonos e que nos fez retirar, por exemplo, o acento agudo da palavra ideia.

Nesse sentido, é aceitável que se fale em erro de ortografia, caso o estudante escreva uma palavra fora das regras da ortografia vigente. No entanto, nomear tais problemas de escrita como “erros de português” é incorreto.

Existe erro de português?

O português, como qualquer língua natural, não funciona de acordo com regras preestabelecidas por um seleto grupo de falantes, como ocorre com a ortografia. Por mais que muitos alunos brasileiros acreditem que “não sabem português”, isto não é uma realidade do ponto de vista da Linguística, ciência que estuda as línguas.

Todos os falantes que adquiriram o português como sua língua materna, sua língua primeira, sabem português, pois sabem falar nessa língua, compreendem o que é dito e conseguem produzir uma infinidade criativa de sentenças nessa língua. Por mais que o falante não domine a norma culta do português ou qualquer outra norma privilegiada que seja bem vista socialmente, se essa é sua língua materna, ele não cometerá um “erro de português”.

Desse modo, há um grande equívoco em atribuir um problema de escrita de alguma palavra, como “caza”, “fui ao mossar” e “atensão“, por exemplo, a um erro de português. Na verdade, se trata de um problema de ortografia, já que as regras estabelecem que a escrita de tais palavras seja de outro modo: casa, almoçar e atenção.

Em suma, erros de ortografia não são erros de português.

Além disso, estes últimos não existem no que tange àqueles que tem o português como língua materna.

 

Notícias/Concursos (Brasil)

[Transcrição integral. Original publicado por Notícias/Concursos (Brasil). Destaques e sublinhados meus. Imagem de topo gerada no serviço WordClouds. Desenho de rodapé copiado do “blog” Timor Agora.]