Do “inconseguimento” e outros neologismos estranhos

publico.pt, 17.12.20

Louvor e explicação da “língua desportuguesa” de Ondjaki

Nuno Pacheco

Numa entrevista a propósito do seu mais recente livro, o escritor angolano Ondjaki disse a Isabel Coutinho (Ípsilon, 11/12) que o facto de o livro não trazer glossário se devia a estar escrito em “língua desportuguesa”, “a língua de liberdade estética”, explicando-se depois assim: “Não creio que deva haver uma língua desportuguesa nos dicionários para ensinar às crianças, não é disso que falo, não é aí que eu opero. Eu não opero com língua de dicionário, eu opero com língua de barro.” E dava como exemplos de “línguas desportuguesas” os brasileiros Manoel de Barros e Guimarães Rosa, os moçambicanos Mia Couto e Luís Bernardo Honwana, os angolanos Luandino Vieira e Manuel Rui e o guineense Abdulai Silla.

Logo no título, Ondjaki parece dizer ao que vem: O Livro do Deslembramento, como que cruzando a sonoridade de “deslumbramento” com o acto de esquecer. Mas para quem julgue que se trata de neologismo, convém dizer que deslembrado, deslembrança, deslembrar ou até mesmo deslembrativo já constam dos dicionários, justificando plenamente deslembramento. Tal como consta o desnascer usado por José Mário Branco no FMI ou há-de constar um dia o desconseguir que Mia Couto popularizou na escrita, mas foi buscar à oralidade quotidiana.

A “língua desportuguesa”, na acepção que lhe é dada por Ondjaki, é praticada há décadas, senão mesmo há séculos. Porque tem sido a liberdade estética, aliada às tradições e também às inovações culturais, a alimentar os dicionários e não o contrário; é o barro da escrita, moldado a partir do barro (esse ainda mais indomável) da fala, que vai aos poucos enriquecendo os volumes que registam a evolução da língua na sua forma oral (pela fonética) e escrita. Que isso se deva sobretudo à literatura e à poesia também não é surpresa. Mas os regionalismos, igualmente caldeados num saber antigo, contribuem para tal enriquecimento.

Por exemplo, só para recorrer a palavras começadas por “des”: Desgargoleirado (por desgargolado, com decote ou colarinho largo), no Dicionário do Falar Algarvio, de Eduardo Brazão Gonçalves, 1996; Desencodear (tirar a côdea), no Dicionário de Palavras Soltas do Povo Transmontano, de Cidália Martins, José Pires e Mário Sacramento, 2017; Desbussolado (por desnorteado), no Dicionário de Língua Baianaêsa, de Luciano Jatobá, 2004; ou até, numa língua que é filha directa da língua portuguesa, Desmagâ (por esmagar, esmigalhar), no crioulo cabo-verdiano, segundo o Léxico do Dialecto Crioulo, de Armando Napoleão Fernandes, 1889-1969.

Mas deslavrar, deslaiar, desleigar, deslimar, desmaginar, desnevoar, desnocar, desnoutar, despoer, despolir, desrefolhar, desrisonhar, desvizinhar, quem as inventou? Os dicionários não dizem, mas estão todas lá. Algumas há anos, outras há décadas. E todas elas poderiam caber numa qualquer “língua desportuguesa”, porque esta, nascendo do barro da palavra e da fala, será portuguesíssima. Por curiosidade, diga-se que o volumoso dicionário da Sociedade de Língua Portuguesa dedica 154 páginas só às palavras começadas por “des” (Grande Dicionário da Língua Portuguesa, de José Pedro Machado, 1981, Tomo IV, págs, 62 a 216) e lá, além das já citadas, estão centenas de palavras que nos parecerão… “desportuguesas”.

É claro que ficcionistas e poetas têm inventado palavras, que os dicionários acolhem ou não, como o inutensílio de Manoel de Barros (“O poema é antes de tudo um inutensílio”, Poesia Completa, 2010, pág. 182) ou as bem-pensânsias de Alexandre O’Neill (Poesias Completas, 2000, pág. 195). Mas é bom lembrar que, antes deles, muito antes deles, são sobretudo as crianças que mais palavras inventam sem as registarem, pelo simples gozo da descoberta, trocando-lhes letras e sentidos, virando palavras do avesso como quem revira brinquedos.

Ao conjunto de tudo isto, juntando as novidades que nos traz a liberdade estética às heranças ancestrais da etimologia, pode bem chamar-se língua portuguesa, com as suas variantes culturais, lexicais e até ortográficas, porque os “desportuguesamentos” que dela derivam a enriquecem. Ao contrário da propalada e nunca conseguida (porque impossível e inútil) unificação ortográfica, teimosamente imposta por um acordo que nunca o foi nem será.

Ondjaki: “Eu não opero com língua de dicionário, eu opero com língua de barro”

“Público” (Ípsilon),
Isa­bel Cou­ti­nho

Ondjaki regressa à infância e juventude da personagem Ndalu, dos seus tios, avós e amigos da Luanda dos anos 1980/90

 

Andou às voltas com um cubo mágico para chegar aqui, onde tudo se encaixa. No ano em que comemora 20 anos de vida literária, lançou O Livro do Deslembramento, auto-ficção onde regressa às personagens da sua até agora tetralogia dedicada à Luanda dos anos 80. Para o angolano, é o seu livro mais psicológico e aquele em que os escudos literários estão mais em baixo.

Ondjaki, de seu verdadeiro nome Ndalu de Almeida, regressa em O Livro do Deslembramento (ed. Caminho) à infância e juventude da personagem Ndalu, dos seus tios, avós e amigos da Luanda dos anos 1980/90. Essa Luanda em que “uma pessoa não sabe passar um dia só sem inventar uma estória” vista pelos olhos de uma criança. Obra de auto-ficção, livro “composto a partir de memórias que derreteram ao sol”, é seguramente uma das mais belas e conseguidas em língua “desportuguesa”. Dá a sensação de que todos estes anos Ondjaki andou às voltas com um cubo mágico para chegar aqui, onde tudo se encaixa.

O romance faz parte da sua, até agora, tetralogia inaugurada com o romance Bom Dia Camaradas, que será discutido com o escritor a 15 de Dezembro, às 22h em Lisboa (19h em Brasília), na primeira sessão do Encontro de Leituras que reunirá online, através da plataforma Zoom, leitores lusófonos. É uma parceria entre o PÚBLICO e o jornal brasileiro Folha de S. Paulo. Dessa tetralogia fazem também parte Os da Minha Rua, AvóDezanove e o Segredo do Soviético.

O Prémio José Saramago 2013, com a obra Os Transparentes, tem 43 anos, regressou há três à cidade onde nasceu e inaugurou em Luanda a editora Kacimbo e a livraria Kiela. Continua a trabalhar sobre a memória que ficcionaliza. Não se lembra do que aconteceu há dias, mas daqueles tempos lembra-se com “uma nitidez absurda”.

“Lembrar, todos nós crescemos aqui e ali, agora o que é que vamos contar… É preciso um bocadinho de discernimento também”, diz durante uma conversa telefónica quase à hora do recolher obrigatório em Luanda por causa da covid- 19.

Começou a escrever O Livro do Deslembramento quando estava a terminar Os Transparentes, que lançou em 2012. Foi necessário o regresso a Angola para o finalizar?

Necessário não. Já escrevi muito sobre Angola estando fora. Realmente foi uma coincidência. Quando comecei a pensar e a falar com o meu editor, Zeferino Coelho, sobre o que íamos fazer quando chegasse a data dos 20 anos de vida literária, e como ele gosta de perguntar muitas vezes se tenho livro novo, disse-lhe que tinha e brinquei: mas não é novo; é um livro inédito, mas não é novo.

Descreve-o aliás como “novo velho livro de novas coisas do antigamente”.

Sobretudo para mim que já andava com aquilo na cabeça há muito; foi-se fazendo em capítulos. Para mim é um livro e tem um corpo uno, mas os capítulos transitavam. A minha dúvida era onde ficava o quê. Andava a saltitar para a frente e para trás. Porque pode ler-se um capítulo e depois ler outro. Não tem problema. Há ali uma coisa simbólica de terminar com o ano de 1992 porque é o fim daqueles tempos, daquela idade, daquelas aventuras. Mas não teve a ver com o regressar, tanto que foi sendo refeito, foi sendo escrito em tantos momentos diferentes e em tantos retalhos que sinceramente creio que foi escrito nas nuvens. Lembro-me muito de voltar àquelas anotações quando estava nos voos, quando estava em aviões. Nessa altura ainda não tinha título, não se chamava O Livro do Deslembramento. Nem sei porque é que se chama O Livro do Deslembramento, nem estou preocupado em saber.

Algumas das personagens, como o Tio Chico, já aparecem livros anteriores como nas histórias de Os da Minha Rua.

Sim, aquele universo daquela casa.

Como se tivesse andado estes anos a dar voltas a um cubo mágico, que finalmente se encaixa. Há uma depuração, como se fosse a essência do que vinha de trás.

O que se passou ao longo dos anos foi também um corte, muita coisa se cortou. Isso que está a dizer da essência… a dada altura quando fui ler as provas do livro, vi coisas que não tinha visto no computador. Eu andava a ver aquilo em sequências retalhadas. Tratava de um capítulo, ia para outro, mexia noutro, cortava aqui cortava ali. Até que um dia tive de juntar tudo e perguntar: isto é um livro ou não? O que fica de fora e o que é que entra? Há coisas em que concordo consigo. O corte fez essa concentração. O livro era muito maior. O que ficou ali foi o que realmente achei que tinha de ter ficado. Mas sobre essa história de ver o cubo de uma maneira e depois chegar a outra: é que o enfoque psicológico aqui é diferente. Desde o meu primeiro livro que não é o de poesia, Momentos de aqui (2001), que há um toquezinho da Avó Agnette, um toquezinho da Avó Catarina, um toquezinho do Tio Chico. Em Os da Minha Rua (2007) vê-se um bocadinho mais e agora com este vê-se muito mais. Não é que o Tio Chico bebe, pois que ele era capaz de beber cerveja e que havia uma casa incrível.

O Livro do Deslembramento Ondjaki – Editorial Caminho

[…]

Para mim é só isto: Luanda apresenta-me personagens extremamente prontas literariamente, não preciso de mudar grande coisa. Não desvalorizando o olhar de cada um. O meu olhar é o meu, o do José Eduardo Agualusa é do Agualusa, o do Pepetela é o do Pepetela. Cada um olha para Luanda da sua maneira.

Ao contrário de outros dos seus livros, este não traz glossário. O que é a “língua desportuguesa”?

A língua desportuguesa é a celebração quieta, e digo quieta porque não é uma celebração contra alguém, é uma celebração de cada um, é uma celebração quieta daquilo a que Mia Couto chamou uma vez de “a minha língua portuguesa”. Ele disse: “A minha pátria é a minha língua portuguesa”. Achei isso muito bonito, a maneira de ele desconstruir coisas grandes como uma frase de Fernando Pessoa e, ao mesmo tempo, dizer de maneira delicada exactamente aquilo que queria dizer. A língua desportuguesa é de facto a língua de liberdade estética. Não creio que deva haver uma língua desportuguesa nos dicionários para ensinar às crianças, não é disso que falo, não é aí que eu opero. Eu não opero com língua de dicionário, eu opero com língua de barro. E a língua do dicionário não é de barro. A língua de Barros, do Manoel de Barros, essa também é desportuguesa. A língua de Guimarães [Rosa], a língua de Mia [Couto], a língua de [ José] Luandino [Vieira], a língua do guineense Abdulai Silla, mesmo de vez em quando a língua do moçambicano Luís Bernardo Honwana e do Manuel Rui. Esses andavam a praticar há muitos anos uma certa língua desportuguesa. A língua desportuguesa é uma espécie de máscara de Zorro ou de subcomandante Marcos. Ela não é minha, não é tua, não é de ninguém.

[…]

Havia uma história que contavam da famosa frase [do filósofo René Descartes]: “Penso, logo existo”. Conta-se esta brincadeira com muita gente, que fulano disse “penso, logo existo” e depois, de acordo com as nacionalidades, outro dizia “penso, logo complico”. Quando chegava a vez do angolano, este dizia: “Penso, logo hesito”. Penso que tenho de fazer alguma coisa, e hesito logo para não ir fazer. Era o meu pai que contava essa história. Ao ouvir a sua pergunta lembrei-me de: “Penso, logo espero”. Sobre esse assunto, essa tetralogia, essa ambiência dos anos 80, é a única coisa que posso fazer, embora no princípio pensasse que não, que tinha que pensar… agora tenho de falar dos camaradas cubanos, agora entra e

e o camarada António, isso foi como fiz o Bom Dia Camaradas [gargalhadas] mas é porque tinha uns dias para entregar o livro ao editor, o Jacques [Arlindo dos Santos, responsável pela editora Chá de Cachinde], porque tinha-lhe mentido dizendo que tinha o livro meio-pronto. A partir daí passei a esperar. Quando saem Os da Minha Rua, em 2007, estava há não sei quanto tempo a escrevê-los devagarinho, um por um, nas calmas. Até que disse, “está pronto, é um livro”.

Eu só posso esperar. Por exemplo, aquele capítulozinho que é o fim na casa do Tio Joaquim e da tia Tó, no fim da guerra parari parará, tudo o que vivi naquela casa, não só nesses dias, dava um livrinho tipo Bom Dia Camaradas. E depois tem as sub-histórias. Quando digo acho que falta [um livro sobre o Tio], sim. Faltará sempre. Se o vou escrever, não sei. Eu também não quero cansar.

Teme isso?

Quando saiu a Avódezanove e o segredo do Soviético a [escritora e amiga] Ana Paula Tavares disse-me: “Já está, fechou os anos 80”. Como quem diz “não venhas agora esticar mais a chwinga [pastilha elástica]” dos anos 80. E eu disse: “Olha, Paula, sinceramente acho que não”. E esse livro saiu em 2008, agora este em 2020, pode ser que em 2030, não sei. Há um livro que se passa lá, parcialmente e que ainda não escrevi porque ainda não estou pronto. Era uma história lindíssima da irmã da Avó Agnette, que se chamava Francisca, a gente chamava-lhe a Avó Chica. Ela tinha de apresentar um papel no banco e como quase não escrevia, não tinha prática e andou um mês a praticar com a Tia Tó na casa do Tio Joaquim. E ficávamos lá à tarde, eu ia para lá estudar para a escola e ela estudar para escrever o nome dela, Francisca. A Tia Tó ajudava e ela bebia cerveja até mais não, não queria fazer aquilo. Um dia antes de irmos para o banco, ela disse “Já estou farta desta merda, eu já sei escrever” e escreveu bem: Francisca. Ficámos todos descansados, quando chegou ao banco escreveu “Franisca”, não pôs lá uma letra e não conseguiu receber a herança que não era muito, mas era para ela a receber. Tenho de escrever essa história. Eu não compreendia porque é que estavam a obrigar aquela senhora mais velha a escrever Francisca. Lembro de não compreender. Eu estava a estudar o sistema digestivo da galinha, coisas complicadíssimas que a Tia Tó me explicava, e pensava: “esta velha deve ser burra porque a única coisa que lhe estão a pedir é que escreva Francisca, já eu tenho de perceber o processo digestivo”.

Essas coisas malucas aconteciam na casa do Tio Joaquim e da Tia Tó, ao mesmo tempo que ouvia o Tio Joaquim atender o telefone e era o Mário Soares. De um lado estava o Mário Soares a falar com o Tio Joaquim e do outro a Avó Chica a dizer: “Porra, mais uma cerveja senão não vou escrever nada”. Essas histórias que a Paula diz: “Já acabou”, eu digo: “Bem, como é que acabou?”. Agora é preciso encontrar o enquadramento certo e esse enquadramento é literário. Porque é óbvio que não quero cansar as pessoas e quero que as coisas tenham validade literária. Não vou contar a história porque é a minha avó, ou o Tio Joaquim ou a Tia Tó. Vou contar as histórias enquanto achar que a história é literária, senão fazemos outra coisa, pode-se fazer também um documentário, um filme. Por isso o meu esquema é esperar. Sempre desejou contar os dias de guerra em Luanda, em 1992. Mas, neste livro, quando os miúdos voltam à escola, há um momento em que a professora pede para eles fazerem a redacção sobre a guerra e as crianças dizem que não querem.

O livro todo acaba por ser uma redacção, o livro todo é o que poderia ter contado à professora. Antes tem outras coisas, as outras coisas desembocam naqueles dias de 1992 e quando a professora pergunta: “podem falar sobre isso?” eles dizem não queremos ainda falar disso e o livro acaba umas frases depois. Mas a resposta está dada. Gosto dessa brincadeira: será que a professora, em 1992, depois da guerra, quando pede para fazer a redacção sabia que um daqueles alunos ia escrever O Livro do Deslembramento em 2020? Gosto muito dessa ideia. Como gosto da ideia de estar a escrever recados para o passado e para o futuro. Isso tenho plena noção, há coisas que escrevo agora para responder a perguntas da Avó Agnette, de algumas professoras e algumas perguntas da Tia Rosa. Este livro no início cita várias vezes frases da Avó Agnette, do Tio Victor, que era irmão da minha mãe e dizia que tinha uma piscina de Coca-Cola em Benguela. Ainda falta escrever sobre isso, sobre o dia em que não conseguimos ver a piscina de Coca-Cola, e falar também da Tia Rosa e do Tio Chico. O Tio Victor já tinha falecido há uns anos, e este ano, em Março, faleceu a Tia Rosa. E em Setembro faleceu a Avó Agnette. Por isso falo de um fim de ciclo. Para mim está tudo certo. Mas gosto dessa ideia de responder para o passado e para o futuro. Para o futuro é para as crianças, é para quem vier a contar. Ainda não identifiquei ninguém directamente na minha família a quem vá passar as coisas, tal qual a Avó Agnette me passou a mim. Porque a mim sempre me pareceu que ela sabia o que estava a fazer. Não é que a minha avó só falasse comigo, ela falava com todos os netos, mas a dada altura começou a contar-me determinado tipo de histórias e de determinada maneira que eu instintivamente percebia que tinha que ouvir. Nunca anotei, era tudo muito directo.

No entanto tentou fazer isso com o seu pai, Júlio de Almeida, o comandante Jujú.

Sim, agora com o meu pai estou a anotar e a gravar. Ainda estou.

Desistiu de fazer documentários? Considerava esse registo essencial para a nação, para a memória e identidade do país.

E considero, mas a geração 80 está a fazer filmes, ficção e documentários. Felizmente isso está a ir no bom caminho, não no caminho que devia ir, era preciso mais apoio. Mas ainda lá irei.

“A língua desportuguesa é a língua de liberdade estética. Não creio que deva haver uma língua desportuguesa nos dicionários, não é aí que eu opero. Eu opero com língua de barro”.

Original de “Público” – Ipsilon – 11 Dez 2020
pág. 20
Transcrição de PressReader
Imagem de: Wook

[A segunda transcrição é parcial, a primeira é integral. Destaques meus. A reprodução de artigos e/ou conteúdos da autoria de terceiros tem por finalidade única a constituição de acervo documental sobre tudo aquilo que, segundo critérios meus, interessam ou dizem respeito ao chamado “acordo ortográfico” (e a outros detritos).]