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[veja aqui um “filme” falado em “Portuguese” (“língua universal” brasileira)] [imagem Facebook de uma empresa qualquer de “ensino” de “Portuguese” (brasileiro) online] |
O AO90 não tem nem “erros” nem “deficiências”. O AO90 é um erro, todo ele, e é uma deficiência total, de cabo a rabo. Para que algo contenha “erros” e “deficiências” necessariamente deverá conter alguma coisa acertada, algo que faça pelo menos algum sentido ou, no mínimo, que tenha uma ponta por onde se lhe pegar; ora, é mais do que evidente que o “acordo ortográfico”, não sendo sequer um acordo e não contendo absolutamente nada de ortográfico, não apenas não tem ponta por onde se lhe pegue como também nem mesmo tenta disfarçar o seu carácter exclusivamente político e, por inerência, as suas finalidades: o aniquilamento do Português-padrão substituindo-o por uma versão exclusivamente brasileira visando a “adoção” dessa versão, sob a capa ficcionada de “língua universal”, para que seja “adotada” em alguns organismos supra-nacionais e assim “facilitar” os interesses geo-económicos do Brasil; esta dupla manobra de neo-colonização ao contrário utiliza na integra os ditames brasileiros com a colaboração de uma ridícula cáfila de traidores portugueses vendidos a sinecuras várias na CPLP (uma organização fantoche) no IILP e em outras instituições outrora portuguesas (Instituto Camões, LUSA, etc.).
Por conseguinte, sendo exclusivamente político, tentar “despiorar” o AO90 equivale a transformar um insulto à inteligência num simpático remoque. Ou tornar um monstro numa coisinha um bocadinho menos monstruosa. Ou ainda transformar, por artes nada mágicas, uma aberração informe numa elegante flor de papel. O artigo que se segue, de uma publicação angolana (em Português correcto, visto que dos oito países da CPLP apenas Portugal “adotou” a aberrante cacografia) tenta inicialmente traçar uma espécie de “background” da questão e depois desenvolve a coisa num estilo bem mais solto, digamos, atirando-se vorazmente às canelas dos tugas que inventaram — para bajular ainda mais o Brasil, é claro — a CPLP e a sua excrescência a armar ao “ténico” (tem duas consoantes seguidas, não pode), aquela bambochata a que chamaram IILP. Que não doam a mão e a escrita aos angolanos, é o que se espera e deseja. Cada cachaporra no toutiço daqueles anormais é mais uma pazada de terra (ou esterco) atirada para cima do cadáver adiado, o zombie ressuscitado por Cavaco, Lula e Sócrates. |
Vasco Graça Moura, a CPLP e o… português
Como o Folha 8 escreveu hoje, o Prémio Vasco Graça Moura – Cidadania Cultural distinguiu o gestor e jurista Emílio Rui Vilar, cujo percurso profissional “constituiu um expressivo exemplo de cidadania cultural”. Vasco Graça Moura nasceu no dia 3 de Janeiro de 1942 e morreu em 2014.
Vasco Graça Moura considerava que a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) era uma espécie de organização fantasma, “que não serve para rigorosamente nada”, a não ser “ocupar gente desocupada”.
“O Instituto Internacional da Língua Portuguesa não está em funcionamento porque nenhum dos países membros da CPLP lhe dá meios para o fazer”, disse em Julho de 2010 o escritor e também poeta, a propósito da VIII Cimeira de chefes de Estado e de Governo da CPLP.
“Isto corresponde a uma coisa chamada CPLP, que é uma espécie de fantasma que não serve para rigorosamente nada, que só serve para empatar e ocupar gente desocupada”, acrescentou na altura em declarações à Lusa. Para o escritor, o IILP “é uma entidade fantasma criada dentro de outra entidade fantasma.”
“Não se nota que exista qualquer espécie de política da língua da parte do Governo português e nota-se, da parte da mesma entidade, uma enorme estupidez na forma de tratar a língua, no que diz respeito ao Acordo Ortográfico”, disse o escritor.
Vasco Graça Moura, que foi uma das vozes contrárias ao Acordo Ortográfico por considerar que este tem deficiências e erros que lesam o Português, considerava que o Governo estava a cometer um crime contra a língua portuguesa.
“Os crimes que este Governo está a cometer e está em vias de cometer em relação à língua diz respeito ao Acordo Ortográfico. Portanto, não há política de língua digna deste nome. Há uma série de equívocos em que este Governo está a persistir”, sublinhou.
Segundo o escritor, “o acordo ortográfico é um atentado criminoso contra a língua portuguesa tal como se fala em Portugal, Angola, Moçambique, na Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe.”
“É um atentado que tenta desfigurar completamente a língua e é absolutamente irresponsável da parte de quem negociou e da parte de quem o aprovou”, disse.
“As pessoas falam português em qualquer parte do mundo e se entendem, seja no aspecto familiar, cultural, negocial, diplomático, isso nunca prejudicou ninguém (o facto de não haver um acordo ortográfico)”, referiu.
Graça Moura sublinhou também a importância dos países africanos lusófonos na projecção do português no âmbito internacional, além de Portugal e Brasil.
“Basta considerar o número de habitantes de todos os países que falam a língua portuguesa, não apenas o Brasil, não apenas Portugal. Se considerarmos os países africanos de língua portuguesa, temos mais 50 milhões de pessoas, pelo menos, a falar português”, indicou na altura.
Para Graça Moura, nunca foi preciso um Acordo Ortográfico para a projecção internacional do português.
“A projecção do português pode passar pelas organizações internacionais, pode passar pela promoção da cultura da língua, pela promoção da aprendizagem. Neste momento, a melhor maneira de projectar a língua é acabar, pura e simplesmente, com o Acordo Ortográfico”, concluiu.
Recordemos Amélia Mingas
No dia 21 de Julho de 2009, a directora executiva do Instituto Internacional de Língua Português (IILP), Amélia Mingas, disse que não iria recandidatar-se ao cargo em 2010, alegando que estava “cansada de ser sacrificada”.
Bater com a porta é, nestes casos, uma boa solução. Na altura esperava-se que o barulho fizesse algo pela comunidade lusófona (algo mais do que a mera CPLP), acordando-a da longa, mas bem nutrida, letargia em que ainda hoje se encontra.
“Tudo o que poderia ter dado já dei, com muito sofrimento e com muitas noites sem dormir para tentar ver o que poderia ser feito para dar visibilidade ao IILP. A única coisa que se comenta é que o IILP não fez nada e que é inoperante. Mas nunca deram meios”, afirmou a linguista angolana, nomeada em 2006 e reconduzida em 2008.
Também nós somos dos que dizem que o IILP é, tal como a própria Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, um elefante branco anestesiado pelas sucessivas tentativas de o tornar ora cor-de-rosa, ora laranja, ora outra coisa qualquer.
Isso não significa, nem significou como o Folha 8 escreveu em 24de Maio de 2016, uma crítica a Amélia Mingas, a não ser que deveria (exactamente porque nunca lhe deram meios) ter há muito dado um valente murro na mesa ou, talvez, até na chipala dos que se julgam donos da CPLP.
Amélia Mingas comentava nessa data os resultados da 14ª Reunião do Conselho de Ministros da CPLP, que decorreu na Cidade da Praia, em Cabo Verde, em que foi decidido criar um grupo de trabalho para pensar a refundação do Instituto, criado em 1989.
Questionada sobre se a perspectiva de Angola assumir a presidência da CPLP em Julho de 2010 poderia trazer benefícios para a direcção do IILP, Amélia Mingas foi clara na resposta: “Quando tudo isso for aprovado e capaz de ser posto em acção, já não estarei cá. Termino a minha comissão em Julho do próximo ano. E não me recandidato.”
Amélia Mingas sabia, melhor do que todos nós, que a refundação nada mais significaria do que a constatação do óbito do Instituto Internacional de Língua Português. Isto porque, ao esperarem que ele sobreviva sem “comer”, vão verificar que quando estava já a saber viver sem “comer”… morreu.
“Tem sido uma travessia difícil. A verdade é que, quer se queira ou não, o IILP tem uma directora executiva, que o representa e que dá a cara sempre que necessário, mas nunca se fala dos meios que lhe puseram à disposição. Foi uma missão muito ingrata”, sustentou.