“Impatos” há muitos, como os chapéus. E há ainda mais “inteletuais” do que chapéus ou “impatos”.
Há de tudo, no Diário da República, na Agência BrasiLusa, no “site” do Marcelo, no covil de Ali Babá e os 230 aldrabões.
https://www.parlamento.pt/DeputadoGP/Paginas/ActividadeDeputado.aspx?BID=4059&lg=XIII
https://dre.pt/home/-/dre/25693608/details/maximized
Para quem gosta de coçar sarna, aqui está a ferramenta:
https://cedilha.net/ap53/caos/busca/#gsc.tab=0&gsc.q=impato%20OR%20inteletuais&gsc.sort=date
Além daquelas duas e de mais algumas das aberrações do costume, “tipo” lista das compras (o que vulgariza a anormalidade), este artigo de Nuno Pacheco menciona um dos dois casos que também já aqui referi uma série de vezes: a maiúscula inicial. Ou seja, uma das “cláusulas” acordadas entre Portugal e Brasil em 1945, que este rescindiu unilateralmente dez anos depois e que agora finge ser “cedência” que os brasileiros, coitadinhos, tiveram de conceder em 1990. Treta, é claro, como tudo o mais. O AO90 é um horripilante repositório de mentiras oficiais, mentiras de Estado a Estado, mentiras políticas propaladas por mentirosos patológicos (e seus sequazes). Com a colaboração de um pequeno magote de idiotas, vendidos e traidores à séria, bajuladores do “gigante brasileiro”, basbaques deslumbrados pelo “país continente” e pela alucinação neo-imperialista com um zuca D. Pedro III à cabeça.
Voltando aos pormenores em apreço no artigo (pela “enésima” vez), isto é, quanto à maiúscula inicial, a outra “cedência” brasileira no acordo de 1945 foi a hifenização em geral. Ambas subscreveram eles e ambas atiraram pelo cano de esgoto abaixo uma década depois. E agora, no “acordo” de 1990, dizem que são “cedências” o que já antes tinha sido acordado e por eles jamais cumprido!
Bem sabemos que alguns portugueses, felizmente poucos, uma desprezível minoria de idiotas tão desprezíveis quanto o seu número, fingem acreditar na vigarice e eles mesmos (os “puxa-saco” do Brasil, como lá se diz) encarregam-se de contabilizar as “cedências” ou, em suma, os “sacrifícios” dos brasileiros, coitadinhos.
Seria bom, mas se calhar isso é pedir muito, que em Portugal o “bom povo que lavas no rio” deixasse de se armar em parvo.
Os dias da língua e a (tantas vezes má) língua dos dias
Nuno Pacheco
Pela segunda vez desde que foi instituído, vai ser celebrado no dia 5 o Dia Mundial da Língua Portuguesa. O dia não foi propriamente escolha da UNESCO, que consagrou em 2019 uma data, o 5 de Maio, já instituída pela CPLP como Dia da Língua Portuguesa e da Cultura (na CPLP, evidentemente) dez anos antes, em 2009. Tudo muito institucional. O programa das festas foi anunciado na segunda-feira à imprensa, com uma agenda internacional que, segundo as noticias, “inclui conferências, colóquios, concertos, concursos literários e de poesia e iniciativas académicas”. Coordenadas, claro está, “pelo Camões” (não o vate, mas o instituto que lhe copiou o nome),as iniciativas decorrerão “em todas as regiões do mundo”. Mais de 150 actividades em 44 países, é obra. Isto além de várias iniciativas locais, como a promovida pela Foz Literária, sugestivamente intitulada “A Língua Portuguesa tem dias…”, que contará com comunicações de António Aresta e Francisco Miguel Valada. Apresentada por José Valle de Figueiredo, será transmitida por Zoom no dia 5 de Maio, pelas 17h30.
Ora o título desta conferência (com participação livre na referida plataforma) adequa-se na perfeição ao estado actual da língua portuguesa. Tem dias, até oficiais, cheios de alegorias esperançosas; e tem outros, amiúde mais sombrios, em que é sujeita a tratos de polé. Passe a expressão popular, que significa sofrer torturas ou tormentos, estes dias são invisíveis aos promotores dos primeiros. A estes interessa-lhes quase em exclusivo a glória. “É uma língua em crescente expansão pelos quatro continentes. Utilizada por mais de 265 milhões de falantes e é a língua mais utilizada, ou falada, no hemisfério sul”, dizia em 2019 à ONU News o secretário-geral da CPLP, Francisco Ribeiro Telles. Agora, num artigo publicado na revista da Associação 25 de Abril, ‘O Referencial’ (n.°’140, Janeiro-Março 2021), escreveu Telles: “As estimativas das Nações Unidas apontam para a possibilidade de se alcançar 500 milhões de falantes no final do presente século.” No Diário de Noticias de 20 de Abril, Guilherme d’Oliveira Martins mostrou-se ainda mais ambicioso: “Independentemente de controvérsias, temos de tomar consciência de que se trata de um património cultural partilhado, língua de várias culturas e cultura de várias línguas, que terá mais de 500 milhões de falantes no final do século.” Terá mãos, “o Camões”, para gerir assim tantos “milhões”?
(mais…)