Dia: 14 de Maio, 2021

“Avisos sobre o futuro”

http://pgl.gal/xxii-coloquio-da-lusofonia-decorrera-em-setembro-em-seia/Surpresa nenhuma. Exactamente como era previsível e foi aqui previsto… há apenas alguns dias.

Cá está, exposto com razoável soma de pormenores, o plano oficial de brasileirização de Macau. Tudo, como de costume, pago pelo prestimoso Estado português, sempre pronto a liquidar os calotes que o Brasil manda “para o tecto”, à conta da sua genial manobra de apoderamento das outras ex-colónias portuguesas e, evidentemente, do saque selvático das respectivas riquezas naturais e das posições estratégicas privilegiadas que os territórios outrora portugueses ocupam em África e na Ásia.

Deste conteúdo programático, facilmente descodificável, dado o inacreditável descaramento dos sabujos tugas, destacam-se os “investimentos” que Portugal semeia por todo o lado para que nada falte aos brasileiros na sua sanha neo-colonialista, xenófoba e lusofóbica — “modernidade” da qual os mais entusiastas são os próprios burocratas, vendidos portugueses envolvidos na tramóia.

Não devendo ser necessário “traduzir” exaustivamente o arrazoado bacoco do “documento“, até porque as pessoas também sabem ler e algumas delas ainda são capazes de raciocinar, fiquemo-nos apenas por algumas pontas soltas, pistas (à mistura com alguns lapsus linguae) que nos conduzem invariavelmente à revelação da podridão infecta que desde o início pariu o AO90 e hoje em dia está a contaminar o ambiente, sob o pretexto político da CPLP e a coberto da gigantesca patranha a que se convencionou chamar “lusofonia”.

Assim, temos no artigo em causa (por exemplo) constantes e reiteradas referências ao “valor económico” da língua; expressões como «as autoridades de Macau estão a fazer um ‘investimento notável’ no seu ensino» ou «numa dimensão pragmática ligada à economia» ou ainda «coisas a valorizar, esperando que os apoios oficiais ao idioma continuem» e desembocando a treta programática em «com a intenção de fazerem investimentos exteriores», bem, mais claro do que isto seria virtualmente impossível. É certo que o dinheiro não tem cor (nem Pátria nem História e muito menos Língua), mas não deixa de ser horripilante, porque demasiadamente obsceno, semelhante despudor.

Do que se trata, mais uma vez se repete, é, por um lado, de o Brasil “empochar” Macau e assim meter um pé na mais pujante super-potência económica mundial, procedendo a esta torção política, de forma enviesada, sempre mentindo alarvemente, enquanto, por outro lado, ataca literalmente o nosso legado histórico em Angola (para abarbatar o petróleo e  os diamantes), em Moçambique (idem, pedras preciosas e gás natural) e em Timor-Leste (petróleo); São Tomé, Cabo Verde e Guiné-Bissau não entram nesta “estratégia” empresarial, não possuem quaisquer riquezas naturais mas são de extrema utilidade para assinar papéis; papéis como o AO90, está claro, foi com dois deles que o Brasil e os sicários portugueses “assinaram” o II Protocolo, tornando o brasileiro “universáu” na língua oficial das 7 antigas colónias portuguesas — as mesmas que estão agora em acelerado processo de anexação pelo Brasil.

 

Língua Portuguesa | Do “investimento notável” aos avisos sobre o futuro

“Hoje Macau” – hojemacau.com.mo

Celebra-se hoje o Dia Mundial da Língua Portuguesa e, em Macau, vários especialistas afirmam que o idioma está de pedra e cal no território, tanto ao nível do ensino como dos apoios institucionais. No entanto, deixam avisos e apontam falhas: há uma necessidade de mudança e de reinvenção, pois a China pode tornar-se auto-suficiente no ensino e investigação da língua dentro de poucos anos. Rui Rocha diz que não há uma política linguística efectiva

 

O Dia Mundial da Língua Portuguesa, celebrado hoje, constitui o mote para se traçar um retrato do estado do idioma em Macau, onde o português é língua oficial até 2049. Em declarações à agência Lusa, o director do Instituto Português do Oriente (IPOR) defendeu que as autoridades de Macau estão a fazer um “investimento notável” no seu ensino.

“Por parte da Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude [DSEDJ] está a ser feito um investimento notável. E se olharmos especificamente para o trabalho do Centro de Difusão de Línguas [CDL] da DSEDJ, acho que esse trabalho está a ser desenvolvido não só em quantidade, mas também em qualidade”, sustentou Joaquim Coelho Ramos.

“Não só o ensino da língua portuguesa em escolas oficiais e particulares do ensino não superior tem vindo a crescer, mas também em qualidade, e tem sido colocada à disposição das escolas actividades complementares que ajudam este processo de ensino de aprendizagem”, sublinhou.

A justificação pode estar no papel que Pequim atribuiu ao antigo território administrado por Portugal até 1999, para se assumir como plataforma para a cooperação comercial entre a China e os países lusófonos e como base de formação de quadros qualificados bilingues em chinês e português.

O director do IPOR salientou que “isso pode estar ligado ao desenvolvimento da visão da língua portuguesa como língua global e do interesse que existe, prático, do trabalho, através da língua portuguesa, de colaboração, cooperação com os países que a têm como língua oficial”.

O interesse tem-se traduzido no acréscimo de solicitações junto do IPOR, acrescentou Joaquim Coelho Ramos: “Também notamos algumas instituições que vêm pedindo ao IPOR cursos de formação em língua portuguesa para os seus funcionários, com a intenção de melhor servir a população que fala português, mas também com a intenção de fazerem investimentos exteriores”.

Ou seja, concluiu, “quer numa dimensão lúdica, quer numa dimensão pedagógica, quer numa dimensão pragmática ligada à economia, (…) há um desenvolvimento muito sério e muito bem feito, estrategicamente bem orientado para a língua portuguesa aqui [em Macau]”.

No último ano lectivo, o curso de português realizado pelas escolas públicas subordinadas à DSEDJ contabilizava um total de 136 turmas, com 2.409 estudantes, e 27 turmas de actividades extracurriculares, com 429 alunos participantes, segundo dados oficiais.

Também em 2019/2020, um total de 43 escolas particulares leccionaram o curso de português, que envolveu 5.591 alunos. Desde 2007 que a mesma entidade encarregou a Escola Portuguesa de Macau (EPM) de promover o curso intensivo de língua portuguesa, em horário após as aulas, para estudantes, com a DSEDJ a proporcionar ainda, gratuitamente, às escolas primárias e secundárias, uma plataforma de leitura ‘online’ de português.

Isto além da atribuição de bolsas extraordinárias dedicada a formar quadros qualificados em cursos nas áreas de língua portuguesa ou tradução chinês-português, bem como para apoiar licenciaturas em Portugal frequentadas por residentes de Macau.

Ainda no último ano, segundo a DSEDJ, 4.598 residentes foram subsidiados para participarem em cursos de português. Instituições como o Instituto Politécnico de Macau têm desenvolvido parcerias com universidades de países lusófonos na formação de docentes, intercâmbio de alunos e cooperação nos cursos de pós-graduação.

Em declarações à Lusa, no final de 2020, o novo coordenador do Centro Internacional Português de Formação do IPM, Joaquim Ramos de Carvalho, assumiu a existência de um caderno de encargos para responder a crescentes exigências que vão da integração na China à criação de redes sino-lusófonas e de cooperação internacional.
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