Nha KretxeuPalavras ta faltan alvez Longi bo nha vida é triste Na bu ladu tudu é bunito Nkreu otra bes Na dia ki bu nansi Dia ki bu beleza discarapi di ceu |
O cabo-verdiano é a língua nacional de Cabo Verde assim como a língua brasileira é a da República Federativa do Brasil. Do mesmo modo, a Língua Portuguesa é a adoptada oficial e constitucionalmente pela República Portuguesa.
Se bem que ainda haja alguma resistência “ideológica”, por parte dos ultra-minoritários neo-imperialistas brasileiros e de alguns parasitas portugueses que se venderam aos interesses brasileiros, Cabo Verde é uma pequena amostra daquilo que, já sendo situação de facto no presente, será uma inevitabilidade meramente burocrática num futuro nada longínquo: depois de Brasil e Cabo Verde terem tornado oficiais e de Estado as respectivas línguas nacionais, caberá a cada uma das restantes ex-colónias portuguesas determinar qual o estatuto funcional ou legal que decidiram atribuir à Língua Portuguesa: oficial, veicular, como língua-franca, regional ou parcial, adopção plena ou meramente instrumental, apenas para efeitos determinados, ou ainda se pretendem adoptar como língua oficial uma das existentes no território sob sua administração; em alternativa, evidentemente, considerando que a determinação de uma língua oficial é um acto de soberania legítimo, poderão optar por fixar a sua própria norma ortográfica, designando-a conforme entenderem e implicando a criação de uma Língua nacional própria — mais uma das diversas que, assim como a Língua Portuguesa “nasceu” do Latim vulgar (à semelhança da francesa, da espanhola, da italiana, da catalã, da romena, de todas as do ramo indo-europeu) tiveram a sua origem no Português canónico.
Cabo-Verde acaba de dar o primeiro passo (ver transcrição abaixo) numa caminhada que, além de perfeitamente natural, é inevitável, e cuja marcha, tão inexorável como a simples passagem dos tempos, conduzirá finalmente cada uma das ex-colónias portuguesas à sua independência total e absoluta e ao reconhecimento daquilo que de mais identitário as distingue — a sua Língua própria.
A alguns saudosistas de um passado colonial e a outros tantos tirocinantes maníacos de sonhos imperialistas serôdios, poderá ainda incomodar não apenas a constatação daquilo que já é real hoje como o que se aproxima a passos largos e que então será de arrasar, porque deve arranhar-lhes seriamente as meninges o ribombar ensurdecedor provocado pela implosão do “acordo ortográfico”. Implosão essa que demolirá por fim, e de uma vez por todas, as elucubrações delirantes dos neo-imperialistas (portugueses e brasileiros), o trabalho clandestino de políticos, académicos e agentes (portugueses) vendidos aos interesses de Brasília e, por último, as bazófias dos vaidosos patológicos a quem o AO90 servia de trampolim.
A todas essas esdrúxulas matilhas deve custar imenso perder de uma penada a esdruxulice da qual dependiam e ver em cacos as grandiloquências com que tentaram levar no conto do vigário as pessoas normais; especializados em vigarizar a imensa massa de indiferentes aos quais — depois de sistematicamente sujeitos a lavagens cerebrais — a “lusofonia” não diz nada e patranhas como a CPLP ainda menos, presume-se que esses funcionários e agentes ficarão apesar de tudo impunes, pelo que certamente se dedicarão num próximo porvir (ou até, quem sabe, noutra vida, caso não reencarnem de novo em ratazanas) a qualquer outra inutilidade em geral ou a outro tipo de pontapés na gramática e de insultos à inteligência em particular.
Língua Cabo-verdiana vai ser leccionada no Secundário no próximo ano lectivo
“Expresso das Ilhas”, 10.11.21
O Governo vai introduzir a disciplina de Língua Cabo-verdiana no Ensino Secundário (a partir do 10º ano de escolaridade), no ano lectivo 2022/2023. A iniciativa, que acontece no âmbito dos novos planos curriculares da reforma do ensino secundário, foi anunciada esta terça-feira, 9, pelo Ministério da Educação.De acordo com o Ministério da Educação, a introdução da nova disciplina será feita de forma experimental e vai “servir de piloto para o seu alargamento a médio prazo, após amplos consensos científicos”.
A disciplina será introduzida no âmbito dos novos planos curriculares da reforma do ensino secundário, em processo de conceptualização e implementação, lê-se ainda na página de Facebook da tutela.
A par desta iniciativa ao nível curricular, o governo manifesta, na mesma publicação “total disponibilidade em apoiar e fomentar a investigação de base académica visando consensos técnico-científicos em matérias da linguística, uniformização e padronização das bases gramaticais e ortográficas da língua nacional, comum às suas diversas variantes”.
A nível do alfabeto, diz o governo que “a investigação poderá também incidir sobre o alfabeto unificado do crioulo, o ALUPEC, tendo em vista alcançar abrangência e conter resistências ao seu uso na escrita do crioulo”.
Conforme relembra o post, o Ministro da Educação, Amadeu Cruz, reuniu-se no passado mês de Julho, com representantes do grupo promotor da petição sobre a política linguística em Cabo Verde e com o investigador e linguista, Manuel Veiga. Durante esse encontro foram abordadas questões ligadas à investigação linguística e à metodologia para a integração da disciplina de língua cabo-verdiana no sistema de ensino, no âmbito da reforma do Ensino Secundário.
Entretanto, reconhece-se, haverá necessidade de fazer uma articulação e sintonização entre o Ministério da Educação e o Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas, “em virtude de alinhamento em matérias mais ligadas à cultura e de ordem constitucional, bem como a necessidade da criação de um grupo de trabalho conjunto para a elaboração de um plano de acção de fomento da investigação e do ensino da língua cabo-verdiana”.
[Transcrição integral de artigo publicado no jornal “Expresso das Ilhas”, de Cabo Verde, em 10.11.21. Destaques e “links” meus. Imagem de criança cabo-verdiana de: Jeff Farschman (“World Adventures“).]