“Coexistirão várias sintaxes“, dizem eles. Ah, pois, pois, disso ninguém duvida, a língua brasileira é infinitamente flexível, aquilo dá para tudo, literalmente, basta escrever como eles falam e pronto, está feito, toma lá a língua universáu, ô cara.
Pérolas deste calibre são a granel no texto, mas no vídeo ainda há mais e melhores: sempre sem se rir, um tipo qualquer “ispilica” — a propósito do “quadro a óleo” supra, essa fantástica obra de renomado “pintor” brasileiro — qual a categoria, de entre cinco possíveis, mais adequada para “enquádrá” os dizeres do garoto e as suas dúvidas pungentes sobre o “new portuguêis”.
Desiluda-se, no entanto, quem achar que as brincadeiras dos brasileiros com a sua língua (ou, melhor dizendo, com a língua deles) contém algo de inconsequente ou inócuo, que não irá para além do corso carnavalesco habitual e que, portanto, isto não passará das marcas. Já as passou todas. Já estamos do lado de lá. O crioulo de origem portuguesa de que o Brasil se apossou com a designação original, chamando sua a Língua, cumpre hoje — perante a indiferença geral e com a conivência activa de alguns lacaios políticos portugueses — uma função meramente instrumental como “facilitadora” de negócios (como está profusamente expresso), enquanto pretexto para dar vazão ao expansionismo da mediocridade (e da estupidez e da ignorância) e ainda como veículo de propaganda dos putativos méritos do neo-colonialismo invertido, de um neo-imperialismo absolutamente insuportável.
Ultrapassada por brasileiristas deslumbrados a fronteira da decência, desbaratados os últimos resquícios de dignidade que ainda restavam a esta campa rasa à beira-mar escavada, pouco ou nada mais nos resta do que prosseguir na senda da resistência. Contra todas as probabilidades, sim. Custe o que custar, sim.
Como no primeiro dia.
Portuguêsbrasileiro afirma-se, cada vez mais, como língua global de futuroO
portuguêsbrasileiro afirma-se, cada vez mais, como uma das línguas globais de futuro. Estima-se que em 2050 o número de falantes deportuguêsbrasileiro ultrapasse os 400 milhões e que, até ao final do século, chegue aos 600 ou 700 milhões.Os cálculos foram apresentados, no final de 2021, pelo director executivo do Instituto Nacional de Língua
Portuguesabrasileira (IILPB), Incanha Intumbo, no âmbito de um webminar[sic] internacional promovido pela Lusa LanguageSchool (escola deportuguêsbrasileiro para estrangeiros sediada em Lisboa).Ainda que ligeiramente diferentes, também a[sic] projecções das Nações Unidas apontam para um “avanço robusto” da língua
portuguesabrasileira, concretamente para uma duplicação dos seus actuais 260 milhões de falantes, até ao final do século.Tanto para o responsável do IILP, como para a Comunidade dos Países de Língua
Portuguesabrasileira (CPLPB) “a aprendizagem da línguaportuguesabrasileira está em alta”, sendo actualmente a quinta língua mais falada no mundo, a primeira no Hemisfério Sul e uma das línguas mais usadas na internet e nas redes sociais. Apresenta um forte crescimento, sobretudo em África.“Só no Senegal (país de língua oficial francesa) estão inscritos mais de 40.000 novos alunos de
portuguêsbrasileiro no âmbito do Instituto Camões”, ilustrou o cabo-verdiano Incanha Intumbo.“Não quer dizer que o
portuguêsbrasileiro do futuro seja totalmente homogéneo, coexistirão várias sintaxes, mas isso é a riqueza da língua. Desde que todos nos entendamos isso é que interessa”, sublinhou o responsável.Intumbo lembrou que países tão poderosos economicamente como a Índia ou os EUA são membros observadores associados da Comunidade dos Países de Língua
Portuguesabrasileira (CPLPB ), “o que revela o interesse global doPortuguêsbrasileiro como língua cultural, técnica, científica e de negócios”.Nélia Alexandra, directora do Centro de Avaliação de Língua para Estrangeiros da Universidade de Lisboa (CAPLE) confirmou este interesse crescente do
portuguêsbrasileiro no Centro de Avaliação de Língua para Estrangeiros (que examina e confere os títulos académicos para novos falantes deportuguêsbrasileiro) no âmbito da Universidade de Lisboa.“Há um novo paradigma, mais novos falantes de
portuguêsbrasileiro que procuram a língua por motivos académicos, científicos e profissionais e menos por razões de cidadania ou residência, como acontecia até recentemente”, defendeu a directora do CAPLE, para quem o ensino doportuguêsbrasileiro “está cada vez melhor, reflectindo-se tal nos exames”.Por seu turno, Susana Moura, professora na Lusa LanguageSchool, sugeriu que “o ensino do
Portuguêsbrasileiro mudou muito nos últimos anos”.“Houve uma explosão a partir de 2015 e, hoje em dia, há uma grande variedade etária, coisa que não acontecia há 10, 15 anos. Hoje em dia coexistem alunos de português seniores com jovens de 9 anos. É muito diferente, há mais procura, mais variedade, mais exigência e qualidade”, frisou.
Um dos problemas que se identificam, na opinião desta docente, é a “falta de manuais escolares e textos de apoio, mesmo a nível online”, referiu.
“O Brasil neste campo é bastante mais dinâmico. A nível de apps, por exemplo, ou outras formas de apoio, o que alunos encontram online é quase tudo brasileiro, os apoios para português de Portugal são muito escassos”, sustentou.
“Livros e textos de apoio fazem muita falta. Já começam a aparecer as edições e apoios online, mas nunca é demais, é muito importante”, vincou.
Próximas gerações
“Se hoje a nossa língua tem um considerável valor estratégico, geopolítico, económico e cultural, essas projecções permitem prever um futuro auspicioso para o nosso idioma comum nas próximas gerações”, destacou Francisco Ribeiro Telles, ex-secretário executivo da CPL
PB, por ocasião do Dia Mundial da LínguaPortuguesabrasileira, celebrado a 5 de Maio.A língua
portuguesabrasileira esteve na génese e é a matriz identitária da Comunidade dos Países da LínguaPortuguesabrasileira, a Colo[sic], permanecendo até hoje como o pilar fundamental e um elemento congregador de todos os países e povos que a partilham.É, acima de tudo, um património comum de todos os que a usam e que a foram alimentando e valorizando ao longo dos séculos apropriando-se dela, recriando-a e vivendo hoje como um elemento central da sua própria identidade.
[Transcrição integral (emendado e com a cacografia brasileira convertida em ortografia portuguesa) de versão publicada em 31.01.22 num “site” que se auto-intitula como “Comunidades”. Destaques, sublinhados e “links” meus.]
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