N’intendo

À laia de nota prévia, devo dizer que não entendo absolutamente nada desta indústria dos jogos virtuais, pelo que desde já peço desculpa caso cometa alguma gaffe de ordem técnica a respeito de tão esotérica quanto — digo eu — estupidificante matéria. De qualquer forma, não é de todo esse o aspecto que aqui importa; atendamos apenas ao essencial do que se noticia no Brasil (em Portugal este tipo de minudências é prudentemente ocultado), consistindo na preocupação que aflige a “intelectualidade” local, ou seja, os joguinhos de computador. E, principalmente, que essas brincadeiras estejam “localizadas” na língua deles, a brasileira.

Pois, confere, a “brincadeirinha” é um modo de vida, lá como cá, portanto há que “localizar” joguinhos, que isto ele o Inglês é “língua dji cáchorro” e, sobretudo, não se parece nada com a “língua universau“.

A industrial lavagem ao cérebro e geral embrutecimento não se confinam, porém, como sabemos, às fronteiras brasileiras; desde que a neo-colonização linguística e cultural brasileira se transformou em política de Estado da ex-República Portuguesa, sendo compulsivo o uso da língua brasileira em vez da nacional, tudo o que tem a ver com tradução (ou “localização”) do Inglês ou de qualquer outra Língua decente para a “universau” implica por arrastamento que isso vai “sobrar” para as sete colónias brasileiras, a começar por aquela que na pré-História (antes de 1986) foi a potência colonizadora da actual metrópole sul-americana.

O ingente “problema” de os brasileiros em geral serem fatal e congenitamente incapazes de articular sons para eles alienígenas (como o “th” em “the” ou em “thirst”, por exemplo, ou como as sequências consonânticas mn, pt, pç, cc, cç, ct) e a sua atávica falta de jeito para línguas (o tuga é ao contrário mas até isso será liquidado em breve com a obsessão pela dobragem/”dublagem”), ambos os factores confluindo na mesma “incomodidade” levam a que aqueles tipos procurem com afã quem lhes traduza os joguinhos.

O “pobrema” (que é coisa de pobre, como dizia o filósofo Caco Antibes) reside na teórica resistência de certo responsável português pelas vendas da Nintendo, esse colosso do vazio massificado, ao facto de fazer “dublagens” e já não dobragens. Isto é, se a bonecada passará a falar “assim” (PT-PT) ou “dêssi jeitu” (PT-BR). Não devem ter informado o pobre senhor de que agora existe uma coisa maravilhosa que é chamar-se “língua universau” à língua brasileira.

Já não bastavam as macacadas do tal Neto (ou lá o que é), ao vivo e a cores, com imensas fitinhas coloridas, batucadas e imbecilidades sortidas para entreter os “môléqui” tugas, agora além das crianças portuguesas também os adultos — se bem que dentro da mesma faixa etária mental — levarão com “localizações” zucas; tudo muito “légau”, é claro, mas apenas para quem está metido no negócio, os vendilhões da política, os vigaristas da linguística, os espetadores de “espetáculos”, os pedagogos especializados no neurónio esquerdo.

Uma longa e penosa luta espera-nos ali adiante, já na próxima esquina do tempo. Não vai ser fácil a reconstrução, apanhar e colar os cacos, recuperar os destroços e retomar o rumo da Língua Portuguesa que os traidores persistem em demolir.

Nintendo Portugal fala sobre pedidos de tradução e cita o Brasil

“Tecmundo” (Brasil), 11.03.22

 

Assim como os brasileiros, que recentemente fizeram uma grande campanha para que Pokémon Scarlet e Pokémon Violet fossem localizados para PT-BR, os portugueses também estão empenhados para que os títulos da Nintendo sejam localizados para PT-PT. Jorge Vieira, líder da Nintendo Portugal, falou sobre o assunto em uma entrevista para a Eurogamer nesta sexta-feira (11).

Ele citou que a retomada dos negócios da empresa japonesa no Brasil, que voltou a ter representação oficial em 2020, tem ajudado nesse trabalho de convencer a gigante a traduzir os games. Vieira citou o MarioParty Superstars como exemplo de que é possível atuar nesse sentido.

“Também ajuda muito a questão no mercado brasileiro a Nintendo estar paulatinamente novamente recuperando um espaço que já teve no passado e obviamente começa a ser uma aposta”, argumentou.

Além de Superstars, o primeiro jogo a ter texto em PT-BR no Switch, recentemente a marca revelou que MarioStrikers: BattleLeague e Nintendo SwitchSports também terão essas opções de legendas na nossa língua.

Apesar disso, o executivo explicou que trazer a representação de um título para uma língua não é uma decisão tomada rapidamente e que depende de um tempo. Segundo o representante da Nintendo, a localização é um processo complexo que precisa cumprir certo padrão de qualidade não somente na tradução, mas também na revisão, por exemplo.

“A localização é um tema que não passa somente por cada país. Obviamente, se a decisão dependesse de nós em Portugal, teríamos os jogos localizados, mas é um processo que tem seguramente muita gente a intervir na decisão. Não é tão fácil como às vezes leio, com alguma ingenuidade, que é pegar em três ou quatro pessoas, traduzimos e isto fica bem”.

Vieira comentou que lê bastante os fóruns na internet e sempre se depara com as pessoas pedindo um trabalho da Nintendo mais forte em relação à língua portuguesa. Ele disse que entende a paixão dos fãs e garantiu que está sempre conversando com os “chefões” lá do Japão para que a questão seja considerada por eles.

“Quanto mais opções tivermos, melhor. Se tivermos a opção de ter o jogo em português, mesmo o português do Brasil […], é uma ajuda imensa especialmente com as crianças. Mas também temos questões muito nossas, já tive de explicar internamente sobre o acordo ortográfico, das diferenças do português [de Portugal] para o português do Brasil e obviamente é um tema”, ele pontuou.

O líder da Nintendo Portugal prometeu ainda, pelo menos para os portugueses, que seguirá fazendo um lobby para que a gigante japonesa enxergue o português como uma língua estratégica para os jogos.

“Prometemos que a questão não está esquecida, continuamos a trabalhar nisso e vamos ver. O nosso objetivo é no futuro ter cada vez mais jogos localizados”, finalizou Vieira.

Chefe da Nintendo Portugal se pronuncia sobre localização de jogos de Switch em português

O portal Eurogamer publicou, nesta sexta-feira (11), trechos de uma conversa com Jorge Vieira, chefe da Nintendo de Portugal, em que o executivo comenta sobre os pedidos que se intensificaram neste começo de ano por mais jogos da empresa localizados em português.

No início de março, fãs brasileiros iniciaram uma campanha nas redes sociais pedindo que Pokémon Scarlet/Violet (Switch) fosse localizado em português, gerando engajamento não só da própria comunidade, mas também de influenciadores e celebridades. O movimento chegou a liderar os assuntos mais comentados do Twitter do Brasil.

Ao ser perguntado se há possibilidade de franquias como Pokémon e SuperMario serem lançadas com suporte ao idioma, Vieira disse que, se a decisão partisse da filial portuguesa, todos os games estariam localizados, mas esse é um processo que envolve muitas pessoas. No entanto, segundo ele, o objetivo é ter cada vez mais jogos localizados no futuro.

Confira todas as suas afirmações publicadas pela Eurogamer:

“A localização é um tema que não passa somente por cada país. Obviamente, se a decisão dependesse de nós aqui em Portugal, teríamos os jogos localizados, mas é um processo que tem seguramente muita gente intervindo na decisão. Não é tão fácil como às vezes leio, com alguma ingenuidade, que é pegar em três ou quatro pessoas, traduzimos e isto fica bem.
É um processo sistemático que terá de cumprir com um certo padrão de qualidade a nível não só da tradução como da revisão, algo que envolve muitas pessoas e é um processo que leva o seu tempo.
Eu compreendo especialmente aquela observação que normalmente fazem, especialmente aqui em Portugal, em que as pessoas não percebem um bocadinho porque é que no tempo do 3DS e Wii U a Nintendo teve tantos jogos first-party localizados em Português e gostaram muito. Ainda me lembro do PaperMario: Color Splash no Wii U, ainda hoje as pessoas me dizem que a tradução estava fantástica, ‘conseguiram mesmo capturar o espírito do jogo’ e obviamente que depois perdemos isso com o Nintendo Switch e aqui no fundo acaba por ser uma decisão de negócio, uma questão de volume de vendas que na prática justifica ou não a localização.
Agora retomou-se isso um bocadinho recentemente, com o MarioParty Superstars no ano passado, localizado para Português do Brasil. Também ajuda muito a questão no mercado brasileiro a Nintendo estar paulatinamente novamente a recuperar um espaço que já teve no passado e obviamente começa a ser uma aposta. Na prática, são peças que lentamente se vão conjugando umas com as outras e não é uma decisão no momento. É um processo que demora o seu tempo.
“O que posso prometer à comunidade de fãs da Nintendo aqui em Portugal é que fazemos sempre o nosso lobbying, ou seja, todos os anos a questão da localização é muito importante para nós. Mesmo sabendo que muita gente, mesmo tendo a opção da localização, prefere jogar o jogo em Inglês ou Japonês ou na sua língua original, obviamente compreendo que para pais ou tios com crianças mais pequenas e a questão da língua ainda é uma barreira, é algo importante.
Quantas mais opções tivermos, melhor. Se tivermos a opção de ter o jogo em Português, mesmo a questão do Português do Brasil, MarioParty Superstars no ano passado foi um caso exemplar disso, mesmo sendo Português do Brasil ajuda muito, especialmente com as crianças. Mas também temos questões muito nossas, já tive de explicar internamente sobre o acordo ortográfico, das diferenças do Português para o Português do Brasil e obviamente é um tema.
Mas prometemos que a questão não está esquecida, continuamos a trabalhar nisso e vamos ver. O nosso objetivo é no futuro ter cada vez mais jogos localizados.”

Especificamente sobre Pokémon Scarlet/Violet, Vieira disse que localizar os games em português não é uma questão que a Nintendo pode decidir sozinha, já que a The Pokémon Company e a Game Freak também estão envolvidas nesse projeto.

Em 2021, a BigN lançou seu primeiro game first-party para Switch com localização em português: MarioParty Superstars. Para este ano, a empresa já confirmou que Nintendo SwitchSports e MarioStrikers: BattleLeague também chegarão ao console em nosso idioma.

[Artigos transcritos em língua brasileira, conforme os originais brasileiros de autores brasileiros publicados em “media” brasileiros. Sublinhados e destaques meus. Os “links” internos também são (d)os originais. Imagem de berlindes de: agrupamento de Freguesias de Pataias. Imagem de consola de: “El Corte Inglés“.]