Novo Império (escola de samba, Figueira da Foz, Portugal)

Fragmento de troca de comentários, em data incerta (talvez 2017), entre dois utilizadores do Facebook. Este recorte, encontrado e repescado por mera casualidade, estava perdido entre dezenas de materiais e conteúdos diversos numa das várias “colecções” que ao longo do tempo foram sendo guardadas (à cautela) em locais e em suportes diferentes.

[Tradução]

— Mihail Cazacu (Bucareste, Roménia)
Porque é que em Portugal se fala Português, uma língua brasileira, em vez de uma das línguas europeias?
— Garcia Francisco (Portugal)
Em Portugal falamos Português, que é efectivamente uma língua brasileira, dado o facto de nós termos sido descobertos em 1876 por uma navegadora brasileira de nome Fafá de Belém. A capitã Fafá atravessou o Atlântico num barco chamado Chico Buarque e encontrou terra num local hoje conhecido como sendo a costa de Portugal, perto de Évora, uma cidade costeira de onde eles enviavam escravos portugueses para o Brasil. Depois de estabelecido o comércio de escravos, os colonizadores brasileiros começaram a desenvolver o local e por fim começaram a enviar [para cá] as suas telenovelas, que sem dúvida se tornaram no ponto fulcral da Cultura deste jovem e ingénuo país. Apenas em 1958 conquistamos a independência em relação ao [Brasil] […]

Evidentemente, este “diálogo” tem tanto de virtual como de — não sendo brutal na adjectivacão — irónico. O ilustre desconhecido, Garcia Francisco de sua graça, merece uma saudação calorosa pelo extraordinário sentido de humor com que destrói uma intrigante dúvida existencial de certa cabecinha extremamente baralhada. Presume-se que a interlocutora romena tenha ficado mergulhada numa ainda mais intrincada teia de ignorância sobre Portugal e a Língua Portuguesa e sobre o crioulo brasileiro mai-lo seu “gigantismo”. É, no entanto, algo curioso que até entre alguns estrangeiros já comece a pairar a fábula brasileirista.

A resposta não é de todo irónica, afinal. Podemos mesmo dizer que é reveladora — e tristemente — do ponto a que chegou já a “difusão da língua” brasileira no mundo, ou seja, da intensa campanha de desinformação e de intoxicação da opinião pública promovida pelos lacaios neo-imperialistas da tugalândia.

Ainda menos piadético do que este “diálogo”, se tal coisa é possível dizer a respeito das golpadas visando a estupidificação em massa, é a gravação que seguidamente [agradecimentos a Paulo Martins pela indicação] podemos “apreciar” ao vivo e a cores: as “exigências” que brasileiros em Portugal pretendem impor ao país que os acolheu (e que os qualifica), na sua auto-assumida condição de colonizadores. Em suma, para este naipe extremamente “selecto”, é um escândalo que em Portugal se fale Português. Acusando os “portuguesinhos” do habitual no seu discurso característico e atirando-lhes para riba dos lombos os insultos habituais (que nós somos “preconceituosos” e xenófobos”, essas lindas coisinhas), em especial os “académicos” do calçadão — a coberto da total impunidade conferida pelos brasileiristas tugófilos — fartam-se de malhar no país, nos seus habitantes e na sua Língua.…e


Nada disto é meramente casual, evidentemente. O linguicídio é “apenas” uma das facetas mais visíveis e notórias do processo em curso que visa a aniquilação da identidade nacional. Além do factor identitário fundamental, substituindo a Língua Portuguesa pela brasileira a coberto de um “acordo ortográfico” que de acordo nada tem e de ortográfico ainda menos, os brasileiristas nascidos em Portugal promovem sistemática e violentamente o esmagamento cultural e o radical apagamento da História de todo e qualquer resquício da Pátria que tanto os seus egrégios avós como aqueles bastardos gerou.

Com a maior das “levezas” (superficialidade) foram sucessivamente permitindo — e até mesmo facilitando — a eliminação de conteúdos portugueses. Em especial na Internet e nos sistemas informáticos — a começar pela extinção do “código de matrícula” do Português-padrão (CHCP 860) — mas também nos demais canais e meios de informação, difusão e entretenimento.

Já aqui foram escalpelizados alguns dos casos mais flagrantes de apagamento selectivo e eliminação sumária (Google e outros “motores de busca”, Wikipedia, programas de edição de texto, “corretores” cacográficos compulsivos, etc.). Todos os endereços de serviços e de plataformas que eram “https://domínio.com.pt” ou “pt.domínio.org” ou “domínio.xxx.pt-pt”, por exemplo, e que continham “interfaces”, documentação ou quaisquer outros conteúdos portugueses e cuja ortografia era a da Língua Portuguesa mantiveram o endereço (URL) mas o que agora deles consta está tudo na cacografia brasileira, escrito na língua brasileira e com conteúdos brasileiros; existem casos em que os anteriores conteúdos portugueses (imagens, entradas de enciclopédia, expressões idiomáticas, etc.) foram substituídos pelos equivalentes brasileiros.

Evidentemente, convém ir ilustrando e documentando o golpe de Estado, também a página de abertura da Wikipédjia Lusôfona contém apenas assuntos brasileiros (negócios, de preferência)

O Programa de Desenvolvimento de Submarinos é uma parceria firmada entre o Brasil e a França, no ano de 2008, com o objetivo de transferir tecnologia para a fabricação de embarcações militares. É um componente da Estratégia de Defesa do Estado para o desenvolvimento do poder naval do país com a produção de quatro submarinos convencionais (propulsão diesel-elétrica) e do primeiro submarino de propulsão nuclear brasileiro. O programa fará do Brasil um dos poucos países a contar com tecnologia nuclear, ao lado de Estados Unidos, Rússia, França, Reino Unido, China e Índia.

Apesar de o programa ter iniciado em 2008 com o objetivo de prover a Marinha do Brasil com uma “força naval de envergadura”, parte dele remonta à década de 1970 quando a Marinha começou a procurar o domínio da energia nuclear. (leia mais…)

Veja-se um outro caso ao acaso, que isto está por todo o lado e já infectou tudo: a versão “pt” (brasileira) da Google Maps utiliza para os transportes públicos portugueses a terminologia exclusiva do Brasil. Assim, o famoso “eléctrico 28” é uma espécie de monumento alfacinha em movimento a que agora os brasileiros impõem que se chame “bondji vintchioito” ou “bondjinho 28”.Temos portanto, por força do AO90, da “língua univérsáu” e, em suma, por ordem dos novos “bwana” cá do indigenato, que “em nossa cápitáu próvinciáu” Lisboa temos “bondes”, o que aliás é extensível a toda a colónia, onde também passamos a ter ponto de “ônibus” onde na anticlíngua tínhamos “paragens de autocarro” (uma chinesice que ninguém entendia, “ônibus” é muito mais “fáciu, viu”).

Em Portugal existem 25 “escolas de samba”. Não interessa sequer, que por aqui não há masoquistas, apurar quantas telenovelas brasileiras estão neste momento em exibição nos diversos canais de TV portugueses. Nos serviços por cabo (pagos), existem pelo menos dois canais brasileiros especializados em “religião” (ou lá o que é aquilo), negócio em que aliás o país está a abarrotar de “igrejas” com “pastores” e “bispos” brasileiros cuja função consistirá se calhar, além de cobrar a dízima, em espalhar a palavra (ou seja o que for) da estátua que identifica o Corcovado.

Mas em particular esta das escolas de samba, o extremo de bajulação que indiciam tais e tão lamentáveis tentativas de imitação, bem, então estamos perante um fenómeno tão difícil quanto penoso de explicar ou sequer tentar compreender.

Categoria: Escolas de samba de Portugal

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre

A Rainha (escola de samba)
Amigos da Tijuca
Batuque do Conde
GRES Bota
Charanguinha
Costa de Prata (escola de samba)
Dá Que Falar
Batuque (escola de samba)
Novo Império (escola de samba de Portugal)
Os Morenos (escola de samba)
Tribal (escola de samba)
Independentes da Vila
Juventude Vareira
Kan-Kans
Unidos do Mato Grosso
Paraíso Tropical (escola de samba)
Saltaricos do Castelo
Sociedade Filarmónica Recreio e União Alhosvedrense
Sócios da Mangueira
Trepa no Coqueiro
Trepa Coqueiro
Vai Quem Quer
Unidos da Vila Zimbra

Uma coisa é a mais trivial e inócua das preferências pessoais, outra coisa é impôr os gostos ou as idiossincrasias de alguém aos demais. Se existem em Portugal pessoas que gostam de fingir que são brasileiras, pois bem, com certeza, então que finjam à vontade (mas longe, se não for pedir muito). Quem aprecia barulho de batuques, telenovelas e gente a falar aos berros, ou de qualquer outro tipo de brasileirada, perfeitamente, está no seu direito.

Porém, vive em Portugal outro tipo de gente… com os mesmos direitos (e obrigações) das camadas pirosas (para ser simpático no qualificativo) e dos grupinhos geralmente muito “alegres” (digamos assim).

Não é clara a fronteira entre a diversão ruidosa e a dimensão implícita de património cultural mas, se nos abstrairmos da frivolidade festiva e da brutal boçalidade que o macaquear indicia, então podemos concluir que o ruído contamina o património. Nesta acepção, claramente, flagrantemente, verificando que o elo de ligação é nexo de causalidade, então podemos concluir que a limpeza étnico-cultural — pelo apagamento histórico e a substituição da linguagem — encontram terreno fértil e veículo expedito para que as próprias vítimas do etnocídio não apenas aceitem voluntariamente a extinção como demonstrem aos seus carrascos e carcereiros que deles são veneradores, atentos e obrigados.

[Imagem de sambista (tuga?) a tiritar de frio de: Figueira da Foz mantém desfiles de Carnaval – Campeão das Províncias (campeaoprovincias.pt)]

Nota
Após uma relativamente longa suspensão, em sinal de respeito para com as vítimas da tragédia que estalou na Ucrânia, mas atendendo a que apesar de tudo continua sem qualquer alteração em Portugal o processo de genocídio cultural em curso, decidi em 03.03.22 retomar a publicação de conteúdos neste “blog”, na expectativa e com a esperança de que esteja para breve a reconquista da independência, da auto-determinação e, numa palavra, da paz naquele país.