Dia: 5 de Maio, 2022

“The truth? You can’t handle the truth!”

No dia de hoje, 5 de Maio, os acordistas militantes celebram a “expansão e difusão” da língua brasileira tau, a univerrssau, cara, viu), um solícito e insólito evento lançado por certo ex-primeiro-ministro português nos jardins da Organização das Nações Unidas (o que certamente terá feito à má-fila, que a ONU não é a da Joana). Curiosamente, este sucedâneo de, por exemplo, Pérez de Cuéllar ou Boutros Boutros-Ghali, é internacionalmente conhecido pelo seu atávico horror a pântanos mas não teve o menor pejo em enterrar-se até ao pescoço num imenso lamaçal, a maior vigarice político-linguística da História universal, isto é, a liquidação da Língua Portuguesa e sua substituição pela brasileira para assim, usando o AO90 como pretexto, justificar a invenção da CPLB e a coberto desta “difundir e expandir” os interesses económicos do Brasil pelas ex-colónias portuguesas.

Lula da Silva "Doutor" Honoris Causa pela Universidade de Coimbra, Março 2011

Lula da Silva “Doutor” Honoris Causa pela Universidade de Coimbra, Março 2011

Tudo pago pelos contribuintes portugueses, bem entendido, comes&bebes incluídos e com extras no cardápio (viagens, estadias, “turismo linguístico“, palestras de sueca e dominó, etc.), resta aos 10 milhões de pagantes liquidar as contas e continuar como têm estado — é aliás o estado natural do tuga –, caladinhos. Ou seja, é a velha “norma” de uso e costume em Portugal, o “paga e não bufes”. Isto sem contar com os sorvedouros, as máquinas de triturar o erário público que estão especificamente ao serviço dos interesses brasileiros, com o Instituto Camões (que deveria mudar o nome para Instituto Tiririca – pió qui tá numfica) e o IILP à cabeça, fora os colaboracionistas de vários galhos e os media de intoxicação social.

Torre da Univ. Coimbra ("o Cabrão")

Torre da Univ. Coimbra (“o Cabrão”)

A logística gigantesca necessária para olear a máquina de propaganda (e também, com precisão cirúrgica, algumas mãos) envolve imensos assalariados, comissionistas e tarefeiros, o que acarreta para uns poucos deles, os mais ou menos “notáveis”, necessariamente manobras e números vários, desde a mais ridícula choraminguice pelo tacho, pela prebenda, pela benesse, pela condecoraçãozinha, até à vitimização ritual e viscosa da tugalhada envolvida com cuspidelas de racismo, xenofobia ou preconceito linguístico… a ver se intimidam, por exemplo, o Batatinha ou, em extremo, o Companhia.

O artigo seguidamente transcrito veio de longe, a treze fusos horários de distância, mas bem poderia ter sido escrito no Bairro do Restelo ou na escadaria do “Cabrão” da Universidade de Coimbra.

O que lá diz o entrevistado é “tipo” ah, e tal, o Brasil é que é coiso e tal, ai ai, o Brasil. Enfim, o habitual estendal de lugares-comuns e lamechices asquerosas enaltecendo — como sempre, cá estão outra vez os rituais — o “gigantismo” do Brasil e a sua “superioridade” contável, isto é, ah, e tal outra vez, váláver, eles são 210 milhões (ou lá o que é) e nós não passamos de uma caganitazinha (bem, o “académico” não fala em caganitas, que “parece mal” num “académico” usar termos escatológicos, ou calão, vá, essas coisas horrorosas que diz o povo das tascas, ui, mas que mal parece).

Um festival de pedantismo; é o que lá está. Esta gente é tão previsível — pudera, limitam-se a repetir infinitamente meia dúzia de chavões — quanto os idiotas e tão dedicada aos negócios como os agiotas.

"registros"

Mesmo com todo os sistemas nos originais em Inglês, na Internet a onomástica e a toponímia estão na Língua local. Note-se, por exemplo, “Registros” (em Lisboa, Portugal)

Todos os dias vamos vendo por todo o lado as consequências da mais ridícula subserviência e da mais aberrante bajulação que alguns portadores de passaporte português dedicam ao país-irmão deles.

Nas ruas, em cartazes, anúncios, letreiros (incluindo já alguma onomástica) e até indicações de trânsito; nos canais de TV, cujas miseráveis “traduções” e legendagens de filmes ou documentários são feitas ou por brasileiros em brasileiro ou por tradutores tugas que fingem conhecer a língua brasileira para não perder o emprego.

Nas dobragens (“dublagens”, em brasileiro) e nas entrevistas de rua dos canais de “informação”, em que dão sempre preferência ao sutáki duiss prêsêntchiss.

Em tudo quanto é sistema informático, desde programas a jogos, em todas as plataformas e serviços virtuais (se bem que seja possível ler seja o que for na Internet com a ortografia correcta), temos de levar com as insuportáveis bacoradas brasileiras — como escarros que o ecrã do aparelho nos atira à cara — e com a sua língua univerrssau.

Tenhamos sempre presente, porém, este facto insofismável: os principais culpados por este crime de lesa-pátria foram e continuam a ser uns tipos de nacionalidade portuguesa. Foram meia dúzia deles expressamente ao Brasil vender a ideia, perante a estupefacção e a incredulidade dos anfitriões. Existem testemunhos insuspeitos do que ocorreu, em especial entre 1976 e 1986.

Os resultados do sinistro plano urdido (daí em diante também por brasileiros, é claro, não aparecem muitas oportunidades assim em cada milénio) estão agora à vista. E são esses os resultados que hoje, dia 5 de Maio, os descendentes de Miguel de Vasconcelos celebram. Esta é que é a verdade.

O problema, parafraseando o Coronel Jessup, é que nem toda a gente consegue lidar com a verdade. Aliás, “nem toda” é manifesto exagero; talvez “quase ninguém” seja mais adequado. Se bem que a frase esteja truncada no filme; no original de Sorkin, a “deixa” completa é “You can’t handle the truth. You can’t handle the sad but historic reality.”

Pois. Lidar — no sentido de aguentar, suportar — com a verdade é muito, muito, muito difícil para a maioria. Com a triste realidade histórica é impossível.

Carlos Ascenso André, académico e linguista: “Língua portuguesa tem a dimensão do mundo”

“Hoje Macau”,

 

Celebra-se hoje o Dia Mundial da Língua Portuguesa e, para Carlos Ascenso André, tradutor, académico e linguista, é fundamental chamar a atenção para a grandeza de um dos idiomas mais falados do mundo. O especialista em literatura clássica defende que a língua portuguesa é apenas uma e que o papel de Macau é agora outro na difusão e ensino do idioma, bem como na formação de professores

Este dia significa o quê, na prática?

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