De facto, como é que uma criança de 6-7 anos pode compreender que em palavras como concepção, excepção, recepção, a consoante não articulada é um p, ao passo que em vocábulos como correcção, direcção, objecção, tal consoante é um c?
Só à custa de um enorme esforço de memorização que poderá ser vantajosamente canalizado para outras áreas da aprendizagem da língua.
Tais divergências levantam dificuldades à memorização da norma gráfica, na aprendizagem destas línguas, mas não é com certeza a manutenção de consoantes não articuladas em português que vai facilitar aquela tarefa.
É indiscutível que a supressão deste tipo de consoantes vem facilitar a aprendizagem da grafia das palavras em que elas ocorriam.
Bem, ao que “parece”, afinal o AO90 não “facilita” coisa nenhuma…
Muito pelo contrário, aliás.
De entre o imenso arsenal de mentiras descaradas (e descabeladas) que apregoam acordistas desde os primórdios, esta é a mais glosada (e gozada). A real finalidade da alucinação palavrosa, que os vendidos em geral e os brasileiristas em particular tentam silenciar inventando mais uns “argumentos” para compôr o ramalhete de patranhas, é disfarçar o fedor nauseabundo que para seu grande embaraço se desprende da triste realidade: o AO90 “adota” exclusivamente o falar brasileiro, a prosódia brasileira, e, portanto, a cacografia brasileira — uma espécie de transcrição fonética da forma como por lá se fala –, com o objectivo de tornar obrigatória e exclusiva a sua (deles) “língua universau” em Portugal e nas suas ex-colónias africanas.
Qualquer pessoa, sem o menor esforço e dispensando a priori conhecimentos especializados na matéria, pode facilmente constatar que o aparelho fonador característico dos 210 milhões de brasileiros, apesar de todos os “grupos articulatórios” em que se sub-dividem (não circunscritos pelos sotaques respectivos), é radicalmente diferente do que em Portugal (e no essencial também nos PALOP) representa e materializa a nossa fala.
Basta confrontar ou comparar as tabelas alfabéticas dos símbolos de transcrição fonética do brasileiro com qualquer uma das que representam o “falar” (do) Português; para qualquer brasileiro é extremamente difícil — se não absolutamente impossível — articular “vogais surdas” (por exemplo, o “e” final em “pente, lentamente, doente”, etc.) e portanto a transcrição fonética até de letras do alfabeto como o “f” [′ɛfi], “l” [′ɛli] ou “s” [′ɛsi], que terminam invariavelmente em “i”: éfi, éli, éssi. Mais bizarro ainda se a vogal “surda” (para nós) for antecedida por “t” ou “d”; nesse caso temos algo como pêntchi, dêntchi, vontadji, vêlôcidadji, etc. Outra impossibilidade característica do brasileiro é a articulação do “l” (L) em posição final: a começar pelo nome do seu próprio país (Brásiu, não Brasil), vai tudo a eito: Pórrtugau, mau (mal), légau, fáciu e assim por diante. Não é preciso qualquer conversor, toda a gente sabe que isto é mesmo assim, se bem que alguns finjam que não, que é tudo “igual” (iguau) e viva a língua universau e tau (tal).
Mesmo sabendo que as diferenças fonológicas são abissais, esse seria o menor dos problemas — portugueses e brasileiros sempre conviveram bem com os diversos sotaques/sôtáquiss — porque o AO90 pretende ter a ver (mas não tem) “apenas” com a ortografia, sem atender à representação dos sons; “não afecta a pronúncia”, garantem os próprios acordistas e assegura o próprio “acordo”. O problema, na verdade, é que o AO90 pretende impor, além da transcrição fonética do falar brasileiro, o léxico, a sintaxe, a morfologia, a (aniquilação da) etimologia, a construção frásica e até as expressões idiomáticas que em São Paulo uns tipos consideram ser algo a que chamam “pronúncia culta”. A deles, bem entendido, pela singela “razão” de que são “21 vezes maiores”.Todos os fonemas, por grosso e por atacado, todas as diferenças radicais não valem nem representam e nem mesmo simbolizam, por conseguinte, o cAOs instalado em Portugal ( o Brasil continua a escrever na sua própria língua, e bem, conforme dá na real gana aos brasileiros) à conta da cáfila de tugas a quem devem ser assacadas com urgência responsabilidades… em especial pelas desastrosas consequências da ganância dos mafiosos no Ensino público.
O artigo seguidamente transcrito, do pasquim ultra-acordista “Observador”, demonstra com números e factos a relação de causa e efeito que é em simultâneo a imposição da língua brasileira às crianças portuguesas e a inerente decadência daquilo que ainda há poucos anos era o sistema de ensino no nosso país. O contraste flagrante e chocante da realidade com a propaganda política — exposta no quadro (em baixo) de uma das centrais governamentais de desinformação — exibe com estrondo a diferença abissal entre conteúdos que são informação e outros que não passam de intoxicação e embotamento da opinião pública.
Alunos de oito anos têm dificuldade em analisar textos, distinguir verbos e palavras no plural, revela estudo sobre provas de aferição
“Observador”, 31.05.22
Ana KotowiczA gramática é o calcanhar de Aquiles dos alunos portugueses. Pelo menos, quando se olha para as provas de aferição de Português do 2.º e do 5.º ano, feitas em 2021 por uma amostra de alunos. Nelas, salta à vista o mau resultado nas perguntas desta categoria em comparação com as restantes. Os alunos mais novos, de 8 anos, tiveram de responder a duas perguntas de gramática. A percentagem de acerto, ou seja, de alunos que responderam de forma totalmente correcta, foi de 35,1% numa e de 11,8% na outra. Assim, a maioria dos alunos (65%) do 2.º ano não conseguiu distinguir todos os verbos que era necessário assinalar e não foi capaz (90%) de identificar todos os nomes que estavam no plural.
No 5.º ano, o problema mantém-se. Avaliados os conhecimentos de gramática através de quatro perguntas, “a média de 35,2% [de acertos] obtida na globalidade dos quatro itens é reveladora da existência de dificuldades significativas neste domínio”. As conclusões são do volume II do Estudo de Aferição Amostral do Ensino Básico 2021, publicado pelo IAVE, o Instituto de Avaliação Educativa.
Em 2021, as provas de aferição foram suspensas por causa da pandemia. No entanto, uma amostra de cerca de 49 mil alunos fez os exames: os do 2.º ano foram avaliados a Português, Matemática e Estudo do Meio, os estudantes do 5.º ano a Português e a Inglês. Os mais velhos, a frequentar o 8.º ano, fizeram provas de Inglês e Matemática.
Outra conclusão do estudo do IAVE, e que mantém o sentido de relatórios anteriores, é que os alunos têm maior dificuldade em responder a perguntas complexas, que obrigam a usar o raciocínio. Este é um problema comum aos estudantes dos três anos de escolaridade.
A Inglês, os alunos do 5.º ano e os do 8.º têm uma coisa em comum: falam melhor do que escrevem na língua estrangeira. A Matemática, os resultados dos mais velhos evidenciam dificuldades em todas as áreas analisadas. Por exemplo, a maioria dos alunos (65%) não conseguiu aplicar o Teorema de Pitágoras para calcular um comprimento (num triângulo rectângulo, a soma dos quadrados dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa).
O actual estudo do IAVE analisa as respostas dos alunos a cada uma das perguntas feitas, com diferentes graus de complexidade cognitiva e diferentes graus de dificuldade. No final, deixa recomendações às escolas sobre como resolver os problemas.Primeiro Ciclo do Ensino Básico
Alunos do 2.º ano (com 7 e 8 anos de idade)
Respondem com facilidade quando é preciso usar a informação que ouviram, mas têm dificuldade em identificar emoções a partir da entoação da voz. Têm problemas em preencher esquemas, mas conseguem escrever uma história (ainda que a pertinência não seja das melhores). Também sabem o que é a hibernação, mas não conseguem relacioná-la com o inverno. Distinguem poliedros de não poliedros, mas têm dificuldade a desenhar hexágonos com uma régua.
Português
O que é avaliado? Oralidade, leitura, gramática e escrita
É na oralidade que os alunos do 2.º ano têm melhores resultados a Português. A pergunta em que mais crianças acertaram (88,6%) pertence a este domínio e tem um nível de complexidade cognitiva média — significa que têm de aplicar conhecimentos, interpretar, resolver e compreender. “Os alunos revelam facilidade em responder a itens que requerem a mobilização de informação ouvida”, apesar de “revelarem desempenhos mais modestos quando têm de identificar as emoções de uma personagem, de acordo com padrões de entoação e ritmo”, lê-se no documento.
Na leitura, conclui-se que os estudantes têm maior facilidade em localizar informação num texto se esta for explícita e estiver concentrada num parágrafo. Se, além de encontrar a informação, for necessário usar conhecimentos de Estudo do Meio, os alunos têm maior dificuldade.
Outro ponto fraco é quando é preciso reorganizar informações e registá-la em esquemas. “A elevada percentagem de respostas nulas” — 37,1% e 52% nas duas perguntas que testam esta capacidade — “sugerem que os alunos apresentam dificuldades no preenchimento de esquemas.” Ainda no domínio da leitura, um dos piores resultados dos alunos é quando têm de analisar e avaliar conteúdo e elementos textuais (média de acerto de 19%). “Quando se exige uma análise e avaliação de conteúdo do texto, os resultados revelam que apenas 7,8% dos alunos respondem de forma completamente correcta, isto é, apresentam uma explicação fundamentada, analisando as ideias e construindo um raciocínio.”
Uma das conclusões é que “a leitura de textos carece de trabalho explícito em sala de aula, de forma a ajudar os alunos a interpretar contextos, a relacionar ideias e informações”, e a elaborar um raciocínio de compreensão que ultrapasse referências explícitas.
Na gramática — era preciso identificar verbos e nomes no plural — a elevada percentagem de respostas nulas (60,9% e 86,8%) mostra que os alunos têm dificuldade em reconhecer as classes de palavras. Na pergunta, apenas um terço (32,2%) dos alunos identifica as duas situações em que a palavra “planta” é um verbo. No item 13, só 10,5% dos alunos rodeia os três nomes no plural. “Atente-se ainda na percentagem significativa de alunos (10%) que assinala todas as palavras no plural; este dado indicia que os alunos identificam palavras no plural, não conseguindo categorizar e seleccionar, de entre essas, apenas nomes.”
Para avaliar a escrita foi pedido aos alunos que escrevessem um texto — uma aventura vivida por um gafanhoto num lugar desconhecido. A conclusão? 22% dos alunos não dão um final à sua história e menos de metade (40,5%) escreve uma história com princípio, meio e fim. Além disso, “os alunos têm dificuldade em mobilizar informação pertinente”, diz o IAVE — só um quinto (21,6%) o faz — e “uma grande percentagem de alunos que redige um texto pouco organizado, com repetições e lacunas geradoras de rupturas de coesão (23%)”. A maioria dos alunos revela dificuldade na organização e coesão textuais, conclui o estudo.
Estudo do Meio
O que é avaliado? Natureza (características e modo de vida dos animais, ambiente próximo) e tecnologia (prática experimental)
Sabem identificar animais que têm asas e mobilizar conhecimentos sobre o que é a hibernação, com taxa de acerto de 90,4% e de 74,2%, mas não percebem que é no inverno que os animais fazem esse longo sono. O IAVE conclui que “os alunos reconhecem a hibernação como um estado de adormecimento”, mas “não relacionam este conhecimento com os meses mais frios do ano, no nosso país, em que tal acontece”.
Já quando têm imagens de animais, e têm de as relacionar com a sua classe, tudo se torna mais complicado. No exercício em questão, os alunos têm dificuldade em reconhecer três seres vivos, de entre cinco, que correspondem às características dadas (corpo dividido em três partes e a existência de seis patas), com mais de um terço a ter classificação nula (34,7%). “Verifica-se que uma elevada percentagem de alunos consegue identificar o conjunto dos animais que têm asas, mas não consegue identificar todas as imagens de animais que, de acordo com as características físicas dadas, representam insectos.”
Quando foi pedido aos alunos de 8 anos para apresentar duas propostas de intervenção que contribuam para a sustentabilidade do Planeta, só um quinto (21,9%) conseguiu fazê-lo. “Estas percentagens levam a concluir que os alunos revelam dificuldades acrescidas quando têm de elaborar um raciocínio para construir a resposta.”
Na perguntas que avaliam conhecimentos de tecnologia, a maioria acerta (64,1%).
Matemática
O que é avaliado? Números e operações, geometria e medida, organização e tratamento de dados
Genericamente, as taxas de acerto nas perguntas de Matemática são mais baixas do que nas de Português ou de Estudo do Meio. Quando se avalia números e operações, há sempre mais de metade dos alunos que não consegue acertar na resposta. “Os alunos revelam melhores desempenhos quando se solicita a resolução de uma situação com um contexto que lhes é próximo (identificar a posição de um andar num edifício), utilizando os números ordinais (45%), do que quando é necessário identificar o valor posicional de um algarismo num número (38%).”
Exemplo: no número 908, o 9 equivale a 9 unidades, 90 dezenas ou 900 centenas? Nesta pergunta, em que era necessário identificar o valor posicional de um algarismo num número, os alunos tiveram muitas dificuldades e a esmagadora maioria (62%) respondeu de forma nula (errada ou não respondeu).
Já em geometria e medida, os alunos revelam melhores resultados quando têm de identificar cones (74%), poliedros (51%) do que ao ler e escrever a medida de tempo apresentada num relógio de ponteiros (31%). Neste caso, era preciso perceber que uma volta completa do ponteiro dos minutos equivale a uma hora. Quando lhes é pedido para desenharem um hexágono com a régua, usando como lados dois segmentos de recta já representados, menos de metade acerta (42%).
Em organização e tratamento de dados, as percentagens de acerto variaram entre 20% e 51%, com maiores dificuldades na pergunta em que era necessário interpretar os dados apresentados num gráfico de barras.
Segundo Ciclo do Ensino Básico
Alunos do 5.º ano (com 10 e 11 anos de idade)
Têm dificuldades nos vários domínios do Português, mas é nas perguntas de gramática que se encontram mais respostas erradas. Apenas uma pequena minoria redigiu um texto organizado e coeso e aplicou as regras dos sinais de pontuação. A Inglês têm dificuldades com o verbo to be, mas têm bons resultados quando é preciso interpretar o sentimento do autor de um texto (85,9%).
Português
O que é avaliado? Oralidade, leitura, gramática e escrita
O que parece ser uma notícia mais ou menos boa, acaba por não ser. Embora os alunos do 5.º ano só tenham uma taxa de acerto inferior a 40% a gramática, os restantes domínios do Português não estão em excelentes condições. “Se a análise incidir sobre as percentagens de classificação máxima (percentagem de alunos que obteve a classificação máxima em todos os itens de um domínio), é possível reconhecer dificuldades significativas em todos os domínios”, conclui o IAVE.
Na oralidade, por exemplo, só uma fatia muito fina dos alunos (14,71%) teve desempenho máximo quando se avaliava a capacidade de reconhecer ideias do texto ouvido. Já quando está em causa a capacidade de relacionar ideias do texto com a sua intencionalidade, menos de um terço dos estudantes (26,8%) conseguiu acertar em tudo.
Pior resultado encontra-se quando é avaliada a leitura e a educação literária. Quando se olha para a capacidade de reorganizar as ideias dos textos, nestes dois indicadores em conjunto, apenas 3,65% dos alunos conseguiram resolver correctamente ambos — um resultado que merece reflexão, considera o IAVE.
A capacidade de síntese da ideia desenvolvida ao longo de um texto também não obteve desempenhos brilhantes. Na pergunta em causa era necessário escolher um título para um texto. Menos de metade (42,6%) obteve respostas com a classificação máxima. Reconhecer ideias presentes nos textos, não literário e literário, foi algo que só 18,09% dos alunos conseguiram resolver em ambos os casos.
Na gramática, a média de 35,2% obtida na globalidade das perguntas “é reveladora da existência de dificuldades significativas neste domínio”. Por exemplo, numa pergunta de escolha múltipla, em que era preciso identificar todas as palavras da mesma família — processo cognitivo de nível elementar — foi onde o maior número de alunos conseguiu acertar, com 73,7% de respostas totalmente correctas.
Quando foi preciso relacionar o uso de modos e tempos verbais com a narração de acontecimentos, só 5,5% dos alunos conseguiram obter a classificação máxima no item. Apenas 7,7% dos alunos conseguiram associar correctamente o uso do pretérito perfeito e do pretérito imperfeito.
Na escrita, os alunos conseguiram escrever um texto do tamanho adequado (66%) e acertar no formato pedido (54,9 %). Tal como os colegas mais novos, os alunos do 5.º ano falham na pertinência — “apenas 17,6% dos alunos redigiram um texto em que cumpriu integralmente a instrução quanto ao tema e em que, de um modo geral, recorreu a informação pertinente, usou vocabulário adequado e assegurou a progressão da informação”. Por outro lado, uma pequena minoria (13,8%) redigiu um texto organizado e coeso e aplicou (12,1%) de forma correcta as regras dos sinais de pontuação.
Quanto à ortografia, só pouco mais de um quinto (23,1%) dos alunos escreveu sem erros ou com um máximo de três. Em contrapartida, 9,5% apresentou 16 erros ou mais.
(Ao contrário do que fez para o 2.º ano, o IAVE não disponibilizou perguntas das provas de aferição do 5.º e do 8.º ano no seu relatório.)
Inglês
O que é avaliado? Oralidade e escrita
Falam melhor, escrevem pior. É assim que os alunos do 5.º ano estão a Inglês, segundo as provas de aferição. “Globalmente, há a salientar a diferença entre as médias obtidas na parte escrita da prova (compreensão do oral, da leitura e uso da língua e interacção e produção escritas) e a parte oral da prova (produção e interacção orais), respectivamente 48,4% e 67,8%”, lê-se no relatório do IAVE.
Na oralidade, os alunos têm maior dificuldade nos itens que testam a compreensão de ideias mais complexas do que quando se testa informação específica sob a forma de palavras ou de um número. A maior dificuldade é a compreensão de informação implícita, com uma percentagem média de acerto de 16,9%, quando em causa estava uma pergunta em que os alunos tinham de identificar uma informação verdadeira por oposição a uma falsa.
Na leitura, os alunos tiveram maior facilidade em usar conhecimentos a nível lexical (com acertos, nessas perguntas, de 82,5% e 73,7%), embora os valores desçam quando é preciso haver inferência, ou seja, usar um nível cognitivo superior. Em termos práticos, a utilização do verbo to be como resposta a uma pergunta sobre idade teve 21,2% de respostas erradas. Com o uso do mesmo verbo, houve maior dificuldade a nível da sua aplicação no singular do que no plural (acertos de 43,5% e de 57,9%). “Tendo em conta de que se trata de um verbo elementar, estas percentagens médias de acerto refletem algumas dificuldades que poderão vir a ser impeditivas de aprendizagem”, considera o IAVE.
Já usar pronomes interrogativos adequados teve um nível de dificuldade média (50,3% de acertos), enquanto que usar verbos corretos em perguntas de sim ou não foi considerado muito difícil (19,3%). Em contrapartida, a maioria dos alunos teve bons resultados quando foi preciso interpretar a ideia principal de um texto (acerto de 78,6%) ou o sentimento do autor do texto (85,9%).
No 5.º e no 8.º ano, os alunos sabem falar inglês melhor do escrever GETTYIMAGES
Terceiro Ciclo do Ensino Básico
Alunos do 8.º ano (com 13 e 14 anos de idade)
Matemática
A maioria não consegue aplicar o Teorema de Pitágoras para calcular um comprimento e quase metade nem tenta resolver equações do 1.º grau com uma incógnita. A Inglês, tal como acontece com os alunos do 5.º ano, os resultados são melhores na oralidade do que na escrita, embora a diferença seja mais subtil.
O que é avaliado? Números e operações, geometria e medida, organização e tratamento de dados
Na disciplina de Matemática, “quando o nível do domínio cognitivo é mais elevado, o desempenho dos alunos é menor”. Ou seja, mais uma vez o problema dos alunos é quando é preciso raciocinar. Por exemplo, só 19% dos alunos identificaram a escrita correcta de um número em notação científica (representado como uma potência de 10).
Avaliados os conhecimentos em geometria e medida, o IAVE conclui que 65% dos alunos não conseguiram aplicar o Teorema de Pitágoras para calcular um comprimento numa pergunta que avaliava o domínio cognitivo raciocinar/criar. Num outro problema, em que era necessário interpretar a situação e delinear uma estratégia de resolução, 41% dos alunos não apresentaram qualquer evidência de tentar encontrar uma resposta.
Já nas duas perguntas que implicava resolver equações do 1.º grau com uma incógnita, 46% e 40% dos alunos não apresentaram qualquer evidência de tentativa de resposta. Em contrapartida, avaliado o conhecimento sobre sequências, “no qual era necessário determinar quantos quadrados formavam um termo de uma sequência pictórica”, 83% das respostas estavam correctas.
As respostas sobre organização e tratamento de dados não correram bem. “Neste item, apenas 15% dos alunos apresentaram uma resposta correcta. É de salientar que 6,5% dos alunos não ordenaram os dados estatísticos, tendo considerado a média aritmética dos dados que ocupavam a posição central na ordenação apresentada no enunciado.”
Inglês
O que é avaliado? Oralidade e escrita
A Inglês, em termos gerais, “o resultado final obtido foi positivo, com uma média de 58,8%” de acertos, considera o IAVE. Tal como acontece com os alunos do 5.º ano, os resultados são melhores na oralidade do que na escrita, embora a diferença seja mais subtil. Os melhores desempenhos são na compreensão do oral e na interacção e produção escritas (67% e 61,9%), enquanto que no domínio da leitura e uso da língua o acerto seja de 53,3%.
Tal como noutras disciplinas, as dificuldades surgem quando aumenta o nível cognitivo necessário. Nas perguntas em que era preciso o aluno realizar inferências ou deduções a partir do discurso ouvido foi onde se sentiram maiores dificuldades. “É importante referir que, de todos os domínios testados na amostra, a compreensão do oral foi aquela em que os alunos registaram um melhor desempenho, com uma percentagem de média de acerto de 67%.”
Quando se avalia a leitura, “a análise global dos resultados obtidos, nomeadamente a média de acerto de 53,3%, permite concluir que os alunos demonstraram maiores dificuldades na resolução desta parte da prova”. E, exactamente como tinha acontecido com a oralidade, também neste domínio os alunos mostraram ter maiores dificuldades “na identificação/interpretação de informação que surge de forma indirecta, ou seja, na interpretação de informação subentendida”.
Numa das perguntas que obrigava a um processo cognitivo superior — analisar um texto e associar informação a parágrafos —, menos de metade dos alunos (40,2%) conseguiu responder. “A percentagem de respostas com classificação máxima (31,3%), bem como a percentagem de respostas com classificação nula (51%) reforçam a dificuldade demonstrada pelos alunos na resolução. Os resultados obtidos sugerem que os alunos manifestam fragilidades ao nível da localização de informação num texto, bem como em sintetizar informação e estabelecer relações de sentido entre a informação recolhida”, salienta o IAVE.
O IAVE destaca ainda que, quando se fala do tempo dos verbos, os estudantes do 8.º ano conseguiram aplicar com facilidade o PresentSimple, mas tiveram dificuldade a usar o PresentContinuous e, sobretudo, o PresentPerfect.
Resultados elevados foram obtidos quando era necessário “saudar e despedir”, com acertos de 81,2% e 79,1%, “o que se pode facilmente explicar pelo facto de serem expressões com as quais os alunos se encontram familiarizados, quer a nível da oralidade quer a nível da escrita”.
[Transcrição integral de artigo, da autoria de Ana Kotowicz, publicado no jornal online “Observador” em 31.05.22. Ortografia corrigida automaticamente. Destaques meus. Gráfico (em baixo) de DGEEC. ]